Quando foi em casa, eu estava em outro plano, mal acabado, aeroplanos sem asa.
Sei que me buscou e eu procurava me perder. Já fora das portas e do tempo frio, você me viu...sorriu, e não pude acreditar, eu mesmo só pude chorar.
Tive sua pena em dias escuros, dias confusos. Hoje falo de sonhos e sinceridade, de escolhas e trajetos, mas que bom ter você por perto, quando eu, vago, peno por qualquer lugar.
É que o sorriso não me deixa de pé, é que nunca estive pronto para o que der e vier... A solidão faz morada em qualquer canto do país, onde você estiver.
Não vem me dizer o que fazer com meus sonhos e minhas dores, não venha dizer que a vida nos dá escolhas nem que o tempo pode esperar. Hoje não tenho paciência para infelicidade e principalmente a espera. Não espero melhorar o dia para sair na chuva, não quero fazer curvas enquanto o braço monstruoso do tempo me carrega solto.
Não quero saber de teus defeitos indecisões, pois está claro como o fio nobre da madrugada, que enquanto teus erros não foram julgados, ainda esteve sorrindo e sentindo o trono da falta de ilusão.
Mas o destino cobra, e mesmo porque ninguém diga, teus ouvidos ouvirão, ainda que todos se calem, tua lágrima gritará.
Oh! O que tens, se tudo se perdeu tão rápido? E ainda que o gosto amargo seja pela "pacatês" da vida que escolheu, você sabe que não tem o que temer... Quando o suspiro acaba e a realidade grita mais que as paredes da casa, quando o medo tomou conta da vizinhança e você se dobrou de joelhos apavorada, quando tudo isso não for e fizer sentido, talvez, aí sim, muito talvez, você encontre a resposta que nunca quis procurar:
Se eu não vivo o agora, o depois será vivido por outra pessoa. Se aqui ele se demora é porque queria ficar, por mais que isso doa.
Então, não há mistério, se da boca sai o desejo, se de lá te contam os segredos, NÃO importa o que seria da casa, das visitas e da realidade. Não e nunca, me preocupou o "como seria" nem o "já pensou se." nunca me acovardei às dores, delas fiz amigas e, principalmente, poesia. Mas se uns constroem pontes, outros, as derrubam e gritam "não posso passar".
Há quem carrega sua cruz, outros preferem pregar-se a elas.