segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
Das horas que estão longe
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
O dia da estrada
Um dia no presente eu penso no amanhã do futuro, bobo com o sol e a lua, tua face nua, sem flores ou fingimentos. O andar do dia te engole, teu livro não abre, tua cria não parte, você ainda faz parte dos sonhos e solidões que tive.
Por volta do meio dia eu descubro o cansaço de uma vida toda, com sono por ter dormido mal a adolescência inteira e o medo de uma vida quase inteira pela frente.
Entre as coisas que pus sobre a mesa, estão meus tratos, meus trapos e meus lamentos. Todos organizados de modo a não ocupar espaço, a não fazer barulho. Estou preparado para deixar esta casa e viver escondido nas entranhas do universo.
Amanhã, quando o futuro descobre que não existe, eu recordo de meus sonhos de meninos ( eu e eles tivemos que crescer). Meus olhos escuros viram coisas e cosias que já não lembro.
Lembro do caminha da escola, da primeira namorada, com ideias na cabeça, do tamanho do que eu achava o que era o mundo.
Estrada da vida, da morte e do mais for ou será.
( parte inspirada na música "Estrada da vida" de Ronnie Von)
terça-feira, 15 de dezembro de 2020
Das dívidas que perdoei.
Sou muito apegado aos laços e despedidas. Perdão por algo que tenha feito no calor dos meus erros.
Não haverá valor nos dedos tremidos de minha mão. Não tem contato ou contas a pagar, não quando há coisas mais importantes em jogo, essa dor, esse fogo, essa mágoa profunda e esse sensação estranha, acariciada com a vontade de chorar.
Como sei que não estarás para sempre nas folhas e papel, como tenho certeza que a fonte de todo sofrimento é o pensamento.
Uma insistência e um assunto encerrado, olhos e mãos que não se tocam há muito; na mente uma sensação de que tudo não valeu a pena, que era uma cena: Somados os sonhos, o que restou foi uma desilusão.
Um primeiro poema que desbancou o dia, gritou desesperado:
"PORRA, NÃO ME DEIXE IR, sou fraco e estou cansado, tenho medo e estou apavorado. Tenho andando errado e todos notam, eu percebo, porém ninguém pegou minha mão no momento mais difícil. Os julgados, inválidos e imperfeitos não são estúpidos, são e sabem disso."
Mas não te aguarda e te liberta, o rio tem correnteza forte e não há um adeus sem lembranças, não há um dia sequer de paz e sossego. Ora, me julgue, se me falta calor e companhia, me condene se à luz do dia eu descumpro minhas promessas: O ato de ser falho não é virtude, nem se acovarda na sinceridade, não faço dela única virtude, tampouco escudo e desculpa.
Eu já prefiro, de fato, não ter razão e andar sem rumo, já não quero acertar e reviver meus erros. Se chorar sempre foi opção, tudo bem, desmaio em lágrimas e você as julga.
Eu tenho medo de morrer, meu bem, e isso é sério.
Eu tenho medo de viver, meu amor, e isso me destrói.
Quantas vezes as flores e as frases acabaram com teu dia?
Já não sei quem eu sou e nunca duvidei de quem você é. Acredite, se eu pudesse escolher, teria errado bem menos, teria sofrido e feito sofrer ainda menos. Mas olha a vida: nos presenteia com dias e momentos de soltar sorriso, nos brinda com domingos em família, com festas e fantasias, mas algo (que não é a vida) dentro de nós, nos consome, pouco a pouco, dia após dia...
Mas e daí? Estamos todos vivos até que...
Hoje o dia amanheceu cinza, a comida não tem gosto, setembro não vem depois de agosto, domingo é o dia menos melancólico, e os seres humanos, mais preocupados com suas dores, convivem...
Hoje a noite não tem estrelas e o céu é furta-cor, eu, idiota e arrependido, finjo ser feliz acreditando da merda do amor.
domingo, 6 de dezembro de 2020
Um ponto
sábado, 5 de dezembro de 2020
Uma hora depois
Não dispute com a prole e o etil, não sou sutil e sumo nos arredores.
Sou facilmente reconhecido pelo sorriso bobo e as ideias sem sentido, pelo sorriso fácil e a palavra fora de hora.
Se estou bêbado surrado no canto, tenho valor para o dono do bar, se não pago a conta, fico por conta dos que entendem meu penar, não me admira que ninguém sinta pena, pois entre uma dose e outra perco minha humildade, pois sei que nenhuma bebida no mundo alivia minha saudade
quinta-feira, 3 de dezembro de 2020
Futuro do meu passado
É comum ser incapaz, porque se para alguns tanto faz, para mim ainda mais.
Se estou vivendo e tua lembrança persiste, em cada um de nós existe, certeza e sombra de não ter.
Olhando ao redor, conto nos dedos as cidades e as pessoas, onze e quando me perco, apenas um.
Qualquer um de nós tem no peito escombros escondidos de algo que passou, de algo que desmoronou, não é preciso, provável ou possível reconstruir, jogamos uma cortina, fingimos que nunca existiu ou que sempre esteve ali, sempre foi assim... nada aconteceu, isso não é meu...olho pro lado, acendo um cigarro: mais um dia que virá no futuro do meu passado.