“Ela
tinha olhos indecisos, e pra sua indecisão escolhia coca-cola no fim de tarde e
quando decidida, cerveja era boa pedida, que parecia dessa vez ter o mesmo
gosto de qualquer desilusão. Tinha lá seus defeitos, e quando eles geravam
efeitos, relaxava do jeito que podia, a fumaça subia e ninguém percebeu? Até
que então dizia “ok destino você venceu”. Ela dizia que a preguiça era maior
que a distância, mas não media esforços pra dar carinho a sua cria, podia ter
pouca idade, mas já sentia o peso da responsabilidade de ser mulher quando
queria ser menina. “Que vida ingrata, podia agora estar enchendo a cara no show
de uma bandinha de rock qualquer” Tinha que tomar conta da filha, que acabou de
adoecer, o jeito então é se contentar com MPB.
Achava
tudo tão lindo e o tempo corria, ela corria também, mãe sem pai por opção, mãe
aos vinte dois por acidente, e quando lembrava que não queria lembrar nem um
pouquinho; se embriagava com vinho. E assim levando a leveza de viver, com todo
o peso nas costas no fim do expediente se via indecisa do que fazer da vida,
enfim, então bebia coca-cola em mais um final de tarde sem fim.”
“Vou
alugar meus olhos ao infinito e dormir.
Dar
margem aos meus heróis existirem e sonhar...”
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