Foi nada não, senhor, só estou
perdido, ferido, sentido e sentado, na porta da sua casa implorando, explorando
esperando ela abrir. Não sei o que foi senhor, só ela que não entende descontente
não atende, não quer conversar. Sei que faz anos, e todos esses dias foram como
uma tortura, pena de morte que se prolonga por toda vida! Sei que é exagero,
veio desse desespero, vê só, já to querendo chorar. A vista ta embaçada, a
garganta inflamada, não tem jeito pra não desabar. Estou desgostoso da vida,
sem animo ou coisa parecida, ela não quer ler minhas poesias, foi embora da
noite pro dia e hoje vim aqui me declarar, demorei pra achar o endereço dela “lê
aqui. É isso mesmo? Rua do magoa, bairro do desprezo, sem número?” Não precisa
confirmar diz só que ela vai ouvir o que eu vou falar. Se for, então vou dizer.
“Amor, vim de tão longe pra te dizer, esquece o tempo que se esqueceu da gente,
eu não sei porque nos separamos, mas minha serenata hoje é sem canção, sem
poesias, melodias ou apelação, prometo não falar mais disso assim, mas me
responde... Quer voltar pra mim?”
Sempre com esse jeito suntuoso de manusear as palavras e fazê-las em labirinto,onde já não é possivel, achar uma saida segura...
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