quarta-feira, 28 de agosto de 2024

A família que se mudou para casa da frente.

 Houve um sonho que me tirou o dia e me afastou da realidade. Houve placas e promessas que encontraram meus  medos, tortos, tontos e com vertigem: eles sobraram à mesa.

Se o desejo da dor faz aliviar meus anseios, se tua personalidade ainda é o que mantem meu olhar perdido, fiz dessa imaginação repouso... É o mesmo clima cinza que paira sobre o ar, é o mesmo tom pastel que cobre a neblina... É a mesma rua, a mesma casa e o mesmo quarteirão... é a mesma vez que me perdi.

Prontos, armados e feridos, três vezes nesta capital. No som das nuvens e das lágrimas eu repito a pergunta que nunca tinha me feito: Quando foi a última vez? De tudo... do que eu posso contar nos dedos e do que eu posso só imaginar; quando foi a maldita última vez?

Alguém no fim desse corredor sorri, alguém que tem e se banha em rios negros, alguém que está se torturando e tortura. 

Temos nós chance de viver adultos? 

Quando o acaso e o imprevisto vão ser exatamente do jeito que queremos?

Estes estímulos testemunham que a fé é vontade de esquecer tudo que nos atormenta, é o desejo forte (e tão forte) de ter tudo ao redor e sob controle, mas também é a certeza que não adianta grito, choro ou desespero, por isso essa vontade...

E você morava em uma casa que eu não gostava de entrar... E você se mudou pra muito longe, pra onde não posso te visitar, mora do outro lado da rua, mas em uma casa que jamais posso te encontrar... ficou a lembrança de quem foi, você foi, mas não precisava ir, a casa era boa, não precisava mudar.

E pendurado por ai, ursos de pelúcia, pequenos sapos verdes e todas as lembranças de infância que perdemos, nas árvores e nos arbustos, pequenos saltos e pequenas crianças que um dia já fomos.