sábado, 23 de maio de 2020

Nascida em...

Eu vou cantar os contos escondidos, mesmo que a parede seja um reboco noviço, são 23 do mês e mais uma vez eu esqueço da minha vida, de como poderia ser feliz.
Cada encanto ameno das mais vaidosas filosofias, quatro ou cinco crianças na água fria de um clube qualquer. Nessa rua onde passam os carros você espera por qualquer dos lados o sumir ou aparecer do bem querer que vem de longe, por assim dizer, eram sempre tardes e noites do melhor final de semana que existe.
Olha o sol que não queima o sal que não esquenta, a praça ornamento, uma cidade totalmente diferente. Jamais esquecerei do chão gelado e da janela fechada,  da calle junin que grita assim pra mim: volta o tempo ou nada presta, pois em inglês a gente conversa esperando tudo fazer sentido.
Aliás, de sobrancelhas tortas, na praça dos namorados alguém poderia ver o errado sendo feito, ou em outras praças noturnas com chuva e visão embaçada: olha pode ser ele naquele carro prata.
De conhecer a verdade e ser reconhecido por ela de viver em sítios e situações... Terras secas e sertões, um homem sério que se foi, mas logo hoje... De um lugar de águas quentes e pessoas fervendo de muitos sorrisos... Não tem uma ordem certa, mas o certo é que me perdi e isso muita falta faz.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Que não me falte oração.

O que fui eu; homem ou semi-deus? Quantas vezes crédulo disse ser ateu, pensando ser regente do meu destino? Pois  agora ocupo espaço no meu pensamento, fingindo solidão ou desatino.

Não amanheceu em flora e fauna, outro ponto focal, visando minha alma; tiro meus olhos da janela e sinalizo o teto, algo de anormal nas telhas, no borrões de barro, e nas velhas figuras que parecem ser aquilo que eu acabei de inventar...

Amarro meus dilúvios em pontas de talismã, as preces precoces me fizeram sonhar, e das manhãs de insônia me quis perder a atenção.

Ouço um chamado tardio, ainda que coberto de previsões, me desmancho em frases soltas, prontas ou apáticas, não que me falte verbo ou oração, mas o anjo que podia me ouvir estava em outra dimensão.

Atravesso o tempo como bolha de sabão, reproduzo o sol, canalizo as luzes pra minha retina, me lanço descompassado ao vento, sem  trajetória ou rumo e quando mais ou menos certo, aproximadamente previsível... invisível: sumo.

E por que as nuvens não param no lugar?
E por que a gente tem tanto medo de amar?
Vai saber... qualquer dia a gente pode se encontrar.
E vamos ser uma canção tão velha que acabaram de inventar.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Relatos de um dia qualquer

Hoje acordei atrasado, dei bom dia mecânico, lembrando que ontem fui ao médico, antes, claro, de ter me medicado sem sua autorização.
"Não vai passar de hoje essas minhas promessas, mas melhor esperar segunda feira ou ano que vem." É o que sempre penso.
Tomei um café pensando nessas coisas, deixei a toalha cair na pia molhada, escorreguei no banheiro e bati a cabeça na pia e morri.

Teria sido uma história e tanto, de tudo que deixei de fazer e etc,  mas não morri, tive um galo terrível e só com isso que preciso me preocupar agora. Amaldiçoei todas as tolhas e pias, ao mesmo tempo que tentava vestir a calça que não dava mais, mas juro que na mesma segunda feira das promessas, passo em qualquer loja e compro um número maior.
Onde merda está a porra do outro par da meia? Ah, achei, não precisava ter xingado... Mas quem botou aqui? Esqueci; EU MESMO, pois moro só. Então para quem dei o bom dia? Vai saber... ando com tanta pressa que me esqueço desses pequenos detalhes.

As coisas da vida acontecem de uma forma tão simples que a gente nem se dá conta da imensa poesia e mistério... e até agora me pergunto: Por que eu tava tomando café no banheiro?...