quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Mario, cantava mais

E se a primavera não chegar?
Se o amor é imenso há mais do que dar:

"Dias de céu azul
Sem as tranças a mesma não é mais.
Chove silêncio entre nós
Gostaria de te falar, mas você vai embora.
Somente ao final do dia de ontem
Me tinhas como amor
Mas nos seus pensmentos
Hoje não existo mais.


Classe segundo B
O nosso amor começou lá.
Dias de céu azul
Sem as tranças não é mais você.

Dias de céu azul
busco nos seus olhos o carinho que não tem mais
Mas nos seus pensamentos hoje não existo mais

Classe segundo B, quem teria dito que depois terminava aqui? Chove silêncio entre nós, gostaria de te falar, mas você foi embora.

A primavera é finda, mas talvez a vida começa assim.
O amor feito de vento, o primeiro lamento foi você
A primavera é finda, mas tavelz a vida começa assim.
O amor é feito de vento, o primeiro lamento foi você"

 Dagli Occhi Blù

Quando o inverno dura o ano todo.

Qual sorriso te veste melhor e te inspira mais calmamente.
Quantas rosas que te expira, seus sons e odores que respira, nas noites quentes que machucam teu corpo frio.
Seu pior calafrio esbarra no no som do opaco silêncio, dando guarda-chuvas nos teus incêndios, calando e contornando qualquer tempestade dessa tua vida curta e comedida.


As músicas me fazem lembrar do teu sorriso e quando não as ouço, vejo teu olhar no silêncio.

Ainda espero tua ligação no fim do dia.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Quase meia noite.

Ela anda por ai e não retorna aqui, finge que esqueceu e que não deveria sorrir.
As insanidades de suas mãos tropeçam na sua voz, nenhum de nós é capaz de dizer o que ela sentiu.
Sobrevoando plantações e rios de águas rasas, nosso navio parte esse mês, para alguns tanto fez que tempo fará.
Estava olhando os botões de rosa do jardim, fragilidade e tempo, só isso me vem na mente, enquanto contemplo a natureza, me sinto parte dela, para que ela se sinta parte de mim.
Pequenas coisas, como batente de madeiras nas portas, chão gelado e sofá inabitado.
Como correr do chuveiro direto para o cobertor, aqui nunca faz calor, nesse frio que corta os lábios e os labirintos mais perdidos de nossas lembranças.

Eu ainda era criança quando tudo isso aconteceu, por sorte não tomava conhecimento das verdades do mundo, pior, sequer concebia mundo, aliás, quis mesmo me deixar em paz, para a vida fosse mais importante que o dia de amanhã.

Vou desligar agora, meu filho acordou e está chorando desesperado. Até outro dia.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Aquarela démodé

Eu vou fazer deserto da minha espera, como um comboio sombrio de minha alma, ofuscando qualquer papel rasgado, jogado no emaranhando de tantas cartas, não tão vazias, não tão inúteis; faz um tempo que as palavras perderam todo o sentido.

Não me importa o passado, desde que ele não se faça presente, é como a gente poder olhar o sol sem perder o foco da visão, é a tranquilidade de saber que você me conhece por inteiro, interior do meu coração, sabe quando vem sincera a saudade, no ritmo louca dessa rua de domingo e sua tranquilidade- aqui dentro nada acompanha essa tarde tardia e tormentosa, lenta...


Vai que a gente não se recupera, e que a vida estúpida e insensata congela a dor e nos promete dias melhores, por mais que a gente entenda que tudo vem a passo lento, meu olhar é raiz de toda imediatez, centro crítico do meu problema: te quero agora, se demora, pois lá fora a eternidade dura bem menos que uma hora.

domingo, 19 de novembro de 2017

Plano cartesiano

E o que te impede de dizer o que teu coração grita alto aos teus próprios ouvidos?
Vai esperar a dor tomar conta de teu corpo para ver florir no rosto sorriso sincero.

Ontem à noite vi ervas daninhas e pequenos pontos de luz branca no céu; teimei que era você me mandando um sinal, ou acreditei que seria eu te mandando um boa noite.

Acredite, se fosse por mim eu já teria estado em teus braços por todo o verão, mas durante o passar dos dias acontecem coisas tão insanas e sem explicação, que a última oração da noite a gente deixa pra outro dia.

Olha o retrato na parede e os movimentos curtos, a vida ou um cigarro- ou o que acabar primeiro-. Quando a pele que toca é áspera e cratera, não me contento e talvez repita isso, infortúnio, por resto da vida.
Sim, talvez tenha perguntando de ti apenas por curiosidade, ironia ou silêncio, costume e despretensão, mas eu não queria ter que me preocupar com o tempo ou o dia dez de cada mês, outra vez, prefiro ficar quieto e orgulhoso, solitário e infeliz.

Garanto que a resposta pode ser aquela que nosso coração implora, porém não posso prever o futuro e o silêncio, quiçá como única solução e alento.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Desembarque "A"

Faz tempo que não vejo o tempo virar, via a chuva fria e o sol que volta a brilhar.
No escuro dos teus olhos não via a nuvem que acompanhava o voo dos pássaros fugindo do inverno.
De tão longe e tão desconcentrado vi num vulto- e coisa rápida- passar a juventude por aquela esquina que dava na tua rua, e as estações- frio, frutas, flores e calor- de trem tinha destino e distância certa.
-Ora, claro que sim, arruma meu cachecol, esse vento gelado é insuportável-

Vem como a leveza de uma carta, um bilhete ou uma lembrança, fazendo valer os cabelos brancos e a mudanças da árvore da minha rua, que hoje, vai saber, nem é mais minha.

Ela iria se despedir ao entardecer, tinha hora marcada, deixou marcas do compromisso pelas ruas de pedras da cidade. Vai partir na hora exata, partiu no caminho e meu coração, fez morada eterna no horizonte que faz desaparecer nos trilhos e na fumaça.

Ele ainda fala de saudade e de coisas do cotidiano, vez outra esquece, reconhece que a vida tem dessas coisas.. O velho desembarque "A" de passageiros, assim como toda a Estação de Trem, está desativado, não que isso lhe deixa preocupado, mas nunca conseguiu desativar as memórias daquele lugar.

Como faz todo fim de estação (saindo da estação, pois do nada o tempo virou- seu inimigo- trouxe tempestade) olhou mais uma vez pra a curva no fim do olhar-horizonte- deu tchau para ninguém e saiu correndo, protegendo-se da chuva, deixando outra vez, para trás mais um ano que não volta mais.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Teorema de Pitágoras

O exagero me cabe o nu, retilíneo e descompassado, olhos azuis embaçados mirando a janela simétrica do qualquer amanhã.
Como pode o poema ser tão preciso, fazer tanto sentido se as palavras não traçam exatamente o que a gente tem dentro do coração?
Alvenaria e reboco, fazendo pouco com quase nada, de um tempo sortudo e ingrato, mancando os traços, sombreados e sem graça, sem regra e agrados. Correspondendo cantigas cômicas de uma rua que cheira e transpira infância "Que era só descer e dava no teu colégio, que era só dobrar a esquina e o prédio, no clube de piscina vazia que fazia a praça encher de gente... mesmo quando só tinha a nós".
Olha que bobagem comprar o terreno ali ao lado do céu preto, cinza e nublado, sem estrela dessa tua nova morada.
Serão, serias e sérias promessas, cada uma com sua própria corrente, fugindo da correnteza em pedra, qual não foi teu pior sorriso de primavera, a espera e no espanto de tanto e quanto, sem entender, temer a morte e os marinheiros.
Não se precipita no precipício, próprio dos fins de vida, ora corre desenfreado, ora se retraí esquecido e distraído. Sei que tem medo de deixar de existir e que se aguarda na vida, todos os pontos de luz da rua, como se fosse cada um lembrança e sorrisos.
 Teve um sonho de pousar e pausar os anos, continuou argumentando "por esse caminho daria certo"  mas como saber... se de lá ninguém jamais voltou.

domingo, 12 de novembro de 2017

O som da tua voz.

Eu esperei tua ligação, a luz e o sol do meu sorriso iluminar o teu caminho de volta.
Volta, já não há mais tempo para temperar essa distância com saudade.
Vai dizer que não pensou em mim quando pensei em ti, que não deu a menor vontade
De quando eu falei tudo que queria, me calei nas palavras e a na poesia... gritei horrores e contemplando painéis e portos, praças e aeroportos onde você passou, empurrando sua mala, fazendo cara feia para o calor.
E com minhas manias de coisas inacabadas, termino por aqui... inacabado.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Breve momento e relato

Se não for pelo barulho não quero ver as coisas mudarem.
Troco essa dose pelo teu abraço, essa ressaca pelo teu encontro.

Não deu certo nenhuma canção, por isso não daria certo poesia fora de hora.

sábado, 4 de novembro de 2017

Há mais um dia na cidade concreta.

Não vou dizer que os encontros não mereceram os sorrisos, mas já guardei tanta coisa por tanto tempo que viver assim, arredio e esquecendo, não vai valendo, cada centavo da tua presença.
Com meus medos e ignorância, eu amplio essa distância, que mede meu ser do teu olhar. Sei que podes me ver do outro lado do mundo ou do outro lado do quarto, mas cada vez que eu parto, partículas de solidão surgem dos blocos das paredes.

Fiz poesia do seu retorno, talvez você nunca tenha ido, fugido ou escapado, talvez meu coração apertado, sorrindo e amargurado, tenha vivido seu período barroco, talvez pouco que eu entendo de mim faz toda diferença quando contigo não me entendo - louco -.

Tenho certeza que as canções, cartas e poemas são esquemas montados num céu de estrelas, tenho convicção que em algum canto do planeta, descansa soberana a inspiração, chovendo mundo afora nas mentes e corações dos poetas desvirtuados, rima perfeita fora de época, pois na terra dos encantos quando o desvairado termina sua poesia, dança com alegria, os deuses do reencontro.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O retorno da primavera

Senti teu cheiro em alguém que passava, mas sei que está tão distante, longe do alcance dos meus sentidos.
Às vezes a gente se embriaga com sensações do mundo tentando lembrar ou esquecer, sendo fortes e espertos, porém só nós sabemos o que de noite acontece, ou mesmo de dia, quando a maior alegria - ou não - é sentir o cheiro de quem não se vê mais.