sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Desembarque "A"

Faz tempo que não vejo o tempo virar, via a chuva fria e o sol que volta a brilhar.
No escuro dos teus olhos não via a nuvem que acompanhava o voo dos pássaros fugindo do inverno.
De tão longe e tão desconcentrado vi num vulto- e coisa rápida- passar a juventude por aquela esquina que dava na tua rua, e as estações- frio, frutas, flores e calor- de trem tinha destino e distância certa.
-Ora, claro que sim, arruma meu cachecol, esse vento gelado é insuportável-

Vem como a leveza de uma carta, um bilhete ou uma lembrança, fazendo valer os cabelos brancos e a mudanças da árvore da minha rua, que hoje, vai saber, nem é mais minha.

Ela iria se despedir ao entardecer, tinha hora marcada, deixou marcas do compromisso pelas ruas de pedras da cidade. Vai partir na hora exata, partiu no caminho e meu coração, fez morada eterna no horizonte que faz desaparecer nos trilhos e na fumaça.

Ele ainda fala de saudade e de coisas do cotidiano, vez outra esquece, reconhece que a vida tem dessas coisas.. O velho desembarque "A" de passageiros, assim como toda a Estação de Trem, está desativado, não que isso lhe deixa preocupado, mas nunca conseguiu desativar as memórias daquele lugar.

Como faz todo fim de estação (saindo da estação, pois do nada o tempo virou- seu inimigo- trouxe tempestade) olhou mais uma vez pra a curva no fim do olhar-horizonte- deu tchau para ninguém e saiu correndo, protegendo-se da chuva, deixando outra vez, para trás mais um ano que não volta mais.

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