sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Astros, lampadas e planices.

Não venha me dizer que sentirá saudade, sendo que você quem quis partir.
Dizes, ainda que sem dizer, que todos estes dias estive ausente, que todos estes dias
teu presente era passado.
Mas mesmo o sol que também nasce todas as manhãs, não é tesouro de todos.
Sei que a qualquer momento desses pode me esquecer, como fez tantas outras vezes.
Mas se dessa partida, sumir dos teus olhos o horizonte que me encontro, nem as lembranças
farão a memória recobrar. Vez que amacia o tempo para ver quais nuvens darão certo,
 se o sol e a chuva irão finalmente se encontrar, e reapareço mágica.
Pois é, velha amiga, nunca fomos feitos de infância, nem daria certo tentar as brincadeiras de
acreditar e fingir. Mas valorize o que tem, ou toda essa falta do que teria, valorize o tempo que
não volta, a sobra do que faltou, valorize o pouco amor restante, os atos e errantes, pois se agora
guarda no baú apenas areia, é que esqueceu de fechar antes que tirassem a força os diamantes.
Não guardes nada de ruim e sinta saudades, mesmo sem escolha. Já que tudo decides só, paremos essa conversa por aqui, pode ir embora, e por favor, assim que puder... sinta saudades.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Cleopatra.

Você deixou a porta aberta, mas não me deixou entrar, não me convidou pra sentar e falar da vida com palavras soltas e lembranças arredias.
Tomando um café preto, no final de semana que escolheu pra ser solidão, quando liga desesperado e não atende desencantado, são os sonhos que ficaram mais difíceis de se realizar ou a gente que tem parado, aos poucos, de sonhar?
Cada dia que passa a gente menos se entende, mas como um silêncio que nos grita verdades, insistimos e tentamos tentar, mas sem coragem.
Quando éramos crianças tínhamos a vida inteira pela frente, hoje, passamos da vida apressados e outros cantam nossas canções, outros escrevem nossos poemas, outros deixam o cabelo crescer, outros tocam nossas guitarras, outros caras legais estão com nossas garotas, outros viajam para shows e acampamentos, outros transam a vida em Danúbio azul, outros cospem no capitalismo e lutam pela anarquia, e acredite, os outros somos nós.