domingo, 25 de agosto de 2019

Entre a côrte e o corte

Sempre confie no tempo, mas agora ele quem desconfia de mim.
Olha eu quem tinha receio das palavras, parei de escolher, logo eu, que me cercava  de luzes na madrugada; já  estou acostumado  com o silêncio  que faz minha voz.

Eu quero  acordar mais cedo, perder o medo e as medidas das minhas fraquezas.
Não  tem memória  que  resista, sentimento  que desista de ler minhas miragens, tão  forte e tão  indefeso, somos  nós, plenos e pasmos... vida inteira  e uma morte  pela metade, ao mais feroz e o menos  covarde, ninguém  tem a carta natal do universo.
Se soubéssemos  o que vem hora  após  hora... tu ficaria aqui ou iria embora?

terça-feira, 20 de agosto de 2019

O nome do teu apartamento

Não se apaga da memória um amor que só foi canção, esse céu é tão lindo, pesado e visível ao chão. Não tenho vergonha de ser poeta, nem de cometer erros.
Não consigo andar por sobre águas profundas, e não confunda medo com falta de fé.
Sim, assim eu tinha a verdade nos meus olhos e meu medo no olhar. Mas há tanto tempo que o silêncio é quieto, há intermináveis dias os dias insistem em não terminar.

Agora, nesse mesmo instante, um grito ecoa dentro do vazio de nossas almas, por mais que minhas palavras não atinjam o céu do sul ou claridade do norte; conheço teu peito, sei do que sente, se é o mesmo que sinto.


Não se agarra na hipótese, de esperar a morte rogando que a sorte nos encontre por ai.
Não quero ter palavras prontas pra situações que eu jamais esperava.
Não  sou simetria e coerência, mas a minha crença é que se tudo deixar de existir eu ainda estarei aqui, e a isso se dá o nome de fé.
Sim, somos nós pecadores e medíocres, jogados no chão com bebida e cigarro, com sua dor no peito no passo, olhando pro céu no refrão e quando a música termina, pro chão.


Agora, por um instante, eu ouço tua voz, tão longe, tão fraca... justo agora que eu não tinha forças pra levantar, mas sei que já sente o infinito chegar, porque eu sei que exatamente o que sinto.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Colibri

Olha os barcos fugindo da costa, tantas coisas soltas; teu vestido branco na areia, teu pé descalço. O mar está pedindo perdão por não ter tanta beleza.

Não há saudade que te apavore, nem medo da morte que te estime, teu sorriso sublime tem meios próprios de sobreviver.
Vai ter por-do-sol vermelho, pegadas e canções, quem -bem e muito ao longe- abaixa a cabeça não tem certeza se sofre e chora teu coração, vai só imaginar onde estará teu céu e teu olhar.
Não é sobre dor esse poema, nem sobre saudade esse dilema. A gente vai sorrindo pouco a pouco, dia a dia, pra ver se um dia admite que esqueceu, das manhãs de sábado e das noites de domingo.

Ainda vejo o som que faz tua sombra, o mar está como sempre esteve, as ondas como se ruminassem à falta que faz teu balanço. Quanto tempo passa entre uma lembrança e outra, quem faz ideia das coisas que passam -milhões e milhões- na cabeça de qualquer pessoa, que onde esteja, estará presa em si mesma; e que agonia é estar-se preso em si todos os dias.

Vem ver o fim do dia, na cabana de praia, na sacada fria de tua janela, vem ver ela; a lua em sua falta de habilidade, encantar a noite.


domingo, 4 de agosto de 2019

Você vem me ver?


Não há espaço para essa saudade, nem essa distância, não há como saber se as palavras são reais ou blefes, nem eu sei quanto tempo perdi sendo alguém perdido.
Quando o relógio apontar para tristeza, veremos as horas de solidão fazer sentido, no meio da noite quem está calado pode ver com mais clareza, mesmo eu com o rumo perdido ainda tenho agora vontade de saber a direção.
Por mim meu peito não ardia, meus braços não pendiam para o meu lado mais fraco: medo e tua ausência.
As flores do jardim estão dançando ao sol, todo dia de manhã os pássaros cantam e nos deixam calados: a vida segue seu rumo normal, tudo acontece em cada canto, querendo a gente o não. Pois se toda folha cai no chão, seja aqui ou no japão, acredito que vou te ver, um dia vou te ver.
Já é meia noite na minha alma, hora dos passos e precipícios deixarem de fazer sentido, meu azul turquesa roubado dos meus olhos colorem as curvas de um qualquer caminho.
Meu bem, quando posso te encontrar? Pra falar de tudo que fiz... pra dizer que ainda quis rever meus erros... Meu amor, qual teu maior desejo? será que ainda vejo, ou posso ver, meu rosto em teu futuro.
O quarto escuro ainda te abria? ainda briga com os demônios de tua alma? A morte, nada calma, te acalma ou faz chorar? Não se preocupa, me abraça e finge esquecer, que eu faço o mesmo.