domingo, 19 de dezembro de 2021

Do fogo à pedra

 Não se dorme fácil ao som de always on my mind.

Não se dorme fácil ao som do silêncio.

Quando sua mente está inquieta qualquer coisa lhe inquieta.

Não há lembrança ou esperança que não se esbarre em um passado imodificável ou um futuro imodificável.

É profundo, o sonho dos atormentados. Dos que acordam cedo e põe pão na mesa, dos que tem cavalo alado e moram em rios.

A vitória sob as circunstâncias e o pior: essa serra que tapa minha visão - há, do outro lado, algo inesperado… meu timbre, meu penar e meu pecado.

Do fogo ao monumento na estrada, eu teria muito mais chances, se fosse velho ou desavisado, sou peregrino amordaçado e sem pretensões, sabe se lá quando, como e porque… 

Outra noite no seu canto,  o vazio e no espanto, na fila do Tempo, no reino e na vila, pois partiram os animais e nós ficamos para trás… sem qualquer remorso.

domingo, 21 de novembro de 2021

Imenso vazio

 

Se vem na lembrança aquilo que meus olhos nunca viram, se expiram a desesperança.

Fascinado pelo futuro, no peito um furo, só havia pregado o passado.

No meio das fotografias, teu sorriso amarelo, fazendo flagelo das poses que outrora seguiram.

O bocado de pensamentos, os mais impiedosos lentos, difíceis de acostumar.

Teu infinito  de vida, uma contra partida, de contas divididas.

O ouro agreste azulado, perfume doce dourado, dos manequins que te vestem.

Se dá memória se apaga, um grito rasga, o que nunca se desfaz. Primeiro tenho meu medo e meu orgulho, se ouço ou faço barulho pra mim tanto faz.

O mundo já acabou, vivemos apenas nos escombros, se tudo isso te faz assombro, por mim mesmo nunca o sol raiou. 

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Está na recepção

 É bom quando contigo estou... bem, ainda que a distância, a saudade o tempo e todas as falhas nos façam mal. Tenho certeza que os sonhos e os pássaros estão no ar e que as surpresas do por vir, por ventura nos faz sorrir.

O doce da tua lembrança, nossas brincadeiras de criança, recebo no meu dia, ainda que tardia: pedido de desculpas.

Por outro motivo eu não tenho que sorrir... Mas há um cadeado fechado na praça abandonada, chave não se encontra e meu coração não sabe, mas a vida ainda não está pronta.

domingo, 14 de novembro de 2021

Aperto

 É por nada, por sonhos e espíritos. Pelo aperto no peito e o desejo, de só, continuar assim. De espertar uma vida sem espera e ter sorriso não cortado, abreviar as esperas e confirmar na solidão.

E o que seria melhor, entre noites mal dormidas e manhãs calmas… todos calmos, calados e até tristes, mas sem nada esperar.

Já não sei se, sóbrio e são, suporto o futuro, quão retido eu tinha meus olhos e podia estar tranquilo. Se já estou assim, posso continuar, já que não faz diferença.

É do nada, que a noite apodrece, e tua paz é preço cara… pois ainda existem os sorriem enquanto uns choram.

Como conseguem dormir sabendo que longe dali, alguém não dorme. 

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Quando fugimos do bar.

 De repente troveja e escurece na floresta, sob a mesa: bebida doce e intragável. O prato vazio não inspira ou decepciona... trovões na floresta... Pelo jeito o defeito dos que não prestam atenção serão ou são os peixes nos aquário dessa mata fechada.

O salto que dá teus pés alcança a rua, a corrida é necessária para que saiamos das vistas do senhor da floresta, que nos cobraria o preço de usar sua terra e seus mantimentos. Não que não pagamos, mas o preço baixo era descontento, mesmo assim nos escondemos e fomos embora: Já a salvo, na cidade e nas luzes: rimos, rimos sem preocupação; deu tudo certo... ao passo que deu tudo errado.



segunda-feira, 8 de novembro de 2021

O que perdi com a mentira

 Num sussurro e num silêncio, alguém não entende e de forma calada vai adiante.

Como um sopro um gosto ruim na boca, lembranças e pensamentos futuros, quase todos inesperados.

Por onde anda nossas promessas e desejos ? Alguém passa o dia inteiro sem sequer lembrar ?

Quais sinais de nossa vida são apontamentos do divino ?

E alguns de nós não se conforma, não aceita, mas mesmo assim segue adiante sem nada fazer.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Um Velho no canto.

 Olhei bem as marcas que deixem no corpo, senti o bem que fiz as pessoas e o que fiz para mim mesmo.

Daqui pra frente nada voltará atrás e os desejos de cristais e as culpas dos cristãos são só lembrança de crianças. Há um quadro na janela, há uma casa no caminho, onde cresce um pé de manga que ultrapassa o muro, há um quintal na frente que alguém invadiu, há um carro que parou no meio do caminho… logo agora… Os pássaros voam e pousam, as pessoas andam e descansam.

Em meio há crises quando tudo está bem, nós seguimos, com dor ou saudade, amor profundo e felicidade, é só isso… a gente vive 

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Pintaram o céu

Esse farol que ilumina a vida, essa vista linda… todas as rimas do teu sorriso.

O curto espaço de tempo, todos os fios e modelos, o corte do te cabelo e a posição do sol. 

Já que com a noite teus lábios combina, na cidade do ouro reluz o que dispersa na minha retina.

Onde está a força que detinha? Oremos implacável o tempo, nos leva a pele e clareia a cabeça.

Quando se acabam as linhas, o que brilha no céu, no frio e nas partículas de água, tudo isso sem ter nos faz falta.

E hoje, por que mora longe dos teus? Se ainda tens que reparar o sangue… Me falta compressão e rimas.

Mas a saudade tem peso e propósito e saudade, na verdade, é só vontade de ter de novo. 

Por pouco e por fim, sei que a vida não tem fim, mas nunca para, seja um abraço ou um adeus, a gente sempre tem algo pra lembrar.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

O que está ao meu lado?

 Há um peso nas costas e nos corais, os ventos, as sombras e os animais... a terra a natureza e os prefixos superficiais.

Sonhos de vida e futuro, sonhos pacatos e parados. Onde a menina dos teus olhos, bailarina, se aproxima e se apaixona pelo soldado de chumbo que sente a dor e o peso do mundo de dentro da caixinha de brinquedos.

Um corpo solto no ar, um tempo frio que explica, por pouco a passagem do tempo - um sorriso sincero e uma lágrima confusa... Quantos passos até a porta? Qual desses poemas realmente importa?

Alegrei-me com a rua quente e parada, o movimento involuntário dos que se movem, das pessoas que como eu, têm medo de ser feliz e assim se esconde.

Tua beleza em um palco posta à prova, e as músicas que te fazem lembrar da dor, são aquelas que te afastam dela. Preocupação de não ser e parecer: um bloco de cimento sem sentido, que muitos chamam de escultura, uma visão turva do que a gente compreende.

Quem me deu sua certeza? Quem me dará esperança de encontrar o erro? Eu percebo que somos corpos carregados de sentimentos vagando por uma compreensão ou esquecimento.

Tudo é real, meu bem... até mesmo a ilusão. No final estamos em nós, amarrados em nós, presos e sós... E a rua quente se distorce com o sol, eu me desconcerto e me incomodo para ir embora...

Outro dia comum na vida de uma pessoa comum - crendo verdadeiramente que tudo isso, todo mundo, nada faz sentido.

sábado, 4 de setembro de 2021

Menininho

 Você sob os telhados, como um gato livre, em que a dona insiste em procurar: menininho levado de cidade do interior, some de dia e a noite volta como se nada tivesse acontecido.

Em troca do teu olhar reprimido, afago e compaixão. Nos olhos de sua mãe um lágrima corre silenciosa, mágoa exposta de quem de longe só pode chorar.

Aventureiro e impaciente, sobrevivente ao brilho das estrelas e do luar, filho ideal de ideias e carícias, de plumas, penas e pelos, vivendo pelos becos.

Sua cabeça baixa, algo por dizer, sua fraqueza e medo, não nos fita nos olhos, não se alimenta. Não é mais um menininho, maltratado por mim, mas feliz enfim… é apenas um sem tempo… de viver, de sorrir e de te ver.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Quando for embora de sua casa

 Um deserto que te faz desistir - a distância do frio e dos que descansam as mãos: um carro em alta velocidade cruza pequenas distâncias e os olhos ainda continua, chorando.

A tua alma está presente e se você tem medo da morte, de toda sorte, saiba que não existir depois da vida causa a mesma ferida que não existir antes de nascer.

E você já acordou, em qualquer dia, e pensou "Que vontade de chorar"...

E às vezes seus olhos de lágrimas eram como chuvas...

E mais uma vez um sonho ou um surto... Eu não sumo, sempre estou perto de mim.

domingo, 11 de julho de 2021

Preocupado e contente

 Onde brilha o sol? Na praça  ou em nós? Ou no nó da nossa solidão?

Na chuva que não me deixa ir ou o domingo que me manda ficar ?

Na carne frita que ela preparou ou no samba que a vida teima em cantar?

No primo que veio, cama de esteio e o pai que não podia falar?

No contra tudo e contra todos, em outras palavras vamos nos encontrar.

Ora, cidades, nortes  e sertão, falta pouco pra imensidão, na dor da América - o sonho antigo, américo, um sábio e sua simplicidade.

Desse canto que nos abriga, do sono que nos obriga acordar no plano das águas quentes

Na ilha do santo, e em qualquer  partida, há  um jeito certo se viver a vida.


domingo, 23 de maio de 2021

Nascida

 E que se faça  justiça, e que nada se cobre, os joelhos dobrem e eu recorra aos céus.

Que teu peito arda na fria madrugada, ainda e  ainda mais, esteja feliz e contente, comemorando o sol e as coisas.

Já parte da meia noite, por isso os homens se calam, abraçam-se por causa do vinho  e consolam-se por conta da distância... está próximo o fim da primavera e tudo que tinha que ser dito já foi silenciado.

Mais um adeus para essa história, mais um ponto final que nunca acaba.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Seu rosto no carro

 

É  a vida que segue, sem dor e desvio, a vida que tem por um fio as explicações  sem sentido.  É  o andar dos bêbados e das crianças, na vertente cega de quem tem o mundo pela frente e não pode, no de repente, estagnar a espera. Está escrito no rascunho amassado, que nunca ligamos, o plano  torto e  razoável. É  que alguns se apaixonam pelas circunstâncias  e momentos, pintores de um retrato do tempo, que passa, mas acha que a pintura deve ser sempre a realidade. Loucos melancólicos e nostálgicos, odiados principalmente  e profundamente  por si mesmos. Meus parabéns, o irmão do teu coração agora tem vida própria, autoconfiança e solidão... um surto desistente de rostos distorcidos, amargos e gemidos,imagino: dúvida que nos devora, por agora, eu só não tenho a direção... E vem de longe um carro desgovernado, que muito me assusta e preocupa, vendo contra luz; é  a vida que segue.



*poesia já escrita*

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Eu disse adeus...

 Meu caros amigos e amigas, muitas vezes somente leitores, por diversas vezes anônimos, ou mesmo números que visitaram, por anos a fio neste espaço de sentimentos e não sentimentos.

Hoje não é um dia especial, nem um dia como outro qualquer... Apenas um dia que eu escolhi como um fim para esse blog...

A poesia vai viver, a poesia vai sobreviver, nós humanos não... tudo passará (corpo, alma, amor, dor sofrimento, saudade, arrependimento... tudo) mas a poesia ficará...

Mas a poesia não é sentimento. Ai é que está o GRANDE mistério da poesia e até desse blog. Aqui não é o meu sentimento, mas o SEU sentimento, ISSO MEU AMIGO(a) leitor, não é sobre o que você acha que eu estou sentindo ao escrever, mas o que você sente, seu sentimento, seu sentir.

Eu em alguns anos deixarei de existe, com tudo que represento e claro que você também, mas todas estas palavras não. E se um dia eu escrevi sobre saudade (sentindo ou não) isso não importará, quem ler pode rir, chorar ou sentir saudade também... o que estará vivo não será o que eu senti, mas aquilo que esse alguém leu.

Por isso a poesia, depois de escrita, deixa de ser reflexo do que o escritor sente e passa ser "domínio" do coração de outrem. Até mesmo eu, já escrevi coisa sentindo algo e anos após, lendo novamente, senti outras emoções.

Ah! sei que vai me perguntar se o que escrevo é sobre mim (autobiografia sentimental). SIM, tudo é sobre o que eu sinto, mas nem sempre de dentro para fora, as vezes o que sinto de fora para dentro, o que meus olhos me dizem e meu coração traduz. 

Em muitas vezes as pessoas chegavam e perguntavam "Foi pra mim? Porque você falou coisas que tem tudo a ver comigo"

E em outras vezes eu dizia: É pra você em tal situação ou aspecto e a pessoa "nossa nunca ia saber"

Entendeu?

Acho que POUQUISSIMAS vezes eu cheguei a explicar as poesias, rara vezes, mesmo porque ODEIO fazer isso, afinal as entrelinhas das frases eram meus refúgios para dizer o que penso, sem realmente dizer.

Sim, claro que muitas vezes senti algo forte e precisava escrever, outras me obriguei a escrever, outras (juro que é verdade) simplesmente escrevi a primeira palavra que vinha na cabeça.

No começo do blog eu passava por uma desilusão amorosa, que só foi desilusão por culpa minha (infantilidade e erros imperdoáveis) então escrevia de forma direta, direta até demais. Criava marcadores para tentar mandar indiretas. Tudo bobagem, hoje vejo que nada disso era relevante (como MUITA coisa nesse blog)

Então usei o blog, por algum tempo, como carta para um correio sem endereço, achando e esperando que os destinatários viessem aqui para ler (nunca vou saber se o fizeram) provavelmente nunca vieram e pouco ligam para o que escrevi. E isso não me deixa frustrado ou triste; é natural, coisas da vida.

Com o passar do tempo vieram outras sensações, decepções, medos desejos e o blog se manteve ativo... SEGREDO: em alguns anos criei uma "obrigação" de ter pelo menos UMA poesia a cada mês (toque para ter um ano completo). 

Teve mês que eu escrevi MUITO, teve dia que escrevi mais de uma vez e já teve mês que esqueci de publicar.

O blog nos meus relacionamentos também foram problemas e o motivo era sempre o mesmo:  Você parece sentir sempre uma saudade e uma nostalgia por um alguém que não está mais em sua vida. No começo sim, era para uma pessoa em específico, mas depois essa saudade virou a tônica do blog, escrever sobre isso me fascina! O blog criou vida própria, além de mim, além de qualquer saudade. Em resumo, era sobre algo ou alguém, mas por tanto aprender a escrever assim, continuei e o blog virou uma carta de saudade eterna... e não tinha mais como atrás.

Claro, vez ou outra a poesia destoava, mas sempre voltava a esse tema "negativo", pois eu gosto de escrever sobre e via que as pessoas também gostavam de ler.

AS PESSOAS ME PROCURAVAM AQUI E ACABAM SE ENCONTRANDO.

Com o passar do tempo as pessoas abandonaram a ideia que eu sempre estava passando por uma situação difícil, até chegaram a cogitar que eu estava à beira do suicídio (risos). 

Sobre a saudade, sim, sou apaixonado por essa palavra, por esse sentimento, busquei conceituar, delimitar, explicar, mas acho que fracassei... Perdi pessoas importantes na minha vida e a tentativa de colocar a saudade no papel era para dizer que eu a domino... ledo engano.

Esses tempos, difíceis, eu tenho me distanciado muito do blog, melhor dizendo, do que eu achava que ele era e não mais acho que devo fazer isso: escrever pensando no que as pessoas vão pensar... Funcionava bem quando EU ESCREVIA sem me importar com o julgamento.
Mas a verdade é que existem fatores a serem levados em conta: já estou com 30 anos (quando comecei aqui tinha 18 para 19 anos) hoje tenho uma profissão que me toma tempo e consciência. Já tenho outras prioridades (mas não deixei os sentimentos que sempre tive).

Caminho para a maturidade, sem deixar de ter uma pontada no coração de pensar no passar no tempo.

Sei que já me despedi milhões de vezes deste blog, mas dessa vez será definitivo.

Agradeço a todos vocês os bons e os ruins de coração, que vieram aqui, leram, escreveram, xingaram, disseram que nunca mais ia entrar, vocês me ajudaram em diversas oportunidades.
Ficarão as marcas, mágoas e pensamentos.

Aviso que deixarei o blog ATIVO por algum tempo (não sei quando tempo) mas que depois irei DESATIVAR e deixar o acesso apenas para mim (vai que um dia eu lance um livro com essas poesias)

E quero, claro, me desculpar, nunca quis magoar ninguém, mesmo fazendo, e sei que é erro do mesmo jeito. Esse texto eu fiz com a máxima sinceridade possível. 

Hoje sou um homem diferente e consciente, me chamaram de muitas coisas, até mesmo de poeta, mas eu sei que nunca fui um poeta, na verdade eu sou poesia.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

No morro do santo cristo eu chorei

 Os tropeços no trópico faria capricórnio ter pena. 

O mundo zen do zodíaco está no céu escuro que você queria.

Nem coragem, nem gratidão, apenas havia um fotógrafo a desenhar teu sorriso; não estava só, não  ali, não  naquele momento.

E há quem prefere  viver as dores no papel e os amores no próximo carrossel.

Sei que não se lembra, mas a tenda que falta, faz falta a esmeralda e a fortaleza, imensa certeza que as bruxas estão servindo comida, quando um artista  de rua pinta uma lua com o dedo.

Olha o frio no chão, os caroços espalhados, e um rastro líquido no chão.

O que não se cansa, na rima onde tudo se vende, máscaras e canetas.

O mesmo motorista que me guia, entrega o troco, as mulheres nas ruas não têm vergonha, os homens menos ainda...

E por tudo, por tanto, por infinita  mágoa... os remédios entregues no apartamento são os que não saem da minha cabeça, o motivo e o vetor de tanta dor, paradoxalmente, o doente nunca quis se curar

E será que sem ar, na serra ou no mar eu terei paz ? Que a vitória será dos desolados e onde deixou sua fala eu estava em presença?

Onde havia a maravilha eu era a verdade?

Se em nós habita animais, nada mais do pão e sangue...

E por fim e para sempre fim: dessa vez um homem vai montado em seu cavalo e, infelizmente, ele não está  sozinho.

sábado, 3 de abril de 2021

Chuva em Brasília

 Tá na janela a chuva, na rua a curva que dobra a cidade e o carro aberto.

Faz barulho e incomoda, na madrugada toda zoada faz nossa cabeça doer. Todo silêncio é  barulho que estraga o sono.

Ao ler minha poesia não decifre  minhas palavras, pois sentimentos são  mensagens  dos olhos.


Qual lembrança te faz  lembrar ?

terça-feira, 30 de março de 2021

Onde purificam aa aguas

 O sangue na face, dado num campo verde: o medo e  sua distância  segura. Em poucos instantes as mãos brancas refazem meu rosto, num posto e petrificado.

Se eu digo besteira  o homem não entende, se digo covarde minha mão treme. Mas lá estava, estava lá.

Que isso e muitas outras coisas sem importância, tenham, por si só, seu significado.

sexta-feira, 26 de março de 2021

Nas praias que sonhei.

 Eu não esqueço, da canção que cantou meu peito que dizia gostar de você é uma das coisas mais dolorosas e difíceis que já vi.

Era o que dizia o acorde final, num tom semi-poético, entre notas mortas e um instrumento monossilábico. Meus amigos se despediram de mim no sol nascente, tomaram beco e rumo ignorado, deram em minha casa e eu não estava, ou sempre estive, mas os meus não queriam.

Há um campo de terra seca que suporta a chuva e o marasmo, rodeado de árvores e trens, há um cemitério de lembranças por trás das construções abandonadas. Com versos e camisas rasgadas: VENCEMOS O MUNDO...

Lá depois das águas, contávamos no sol de meio dia coisas inúteis, distantes e solitários, andávamos sem destino, mas com um propósito: Vocês podem não se lembrar, mas era de madeira o estandarte e as ruas não eram tão perigosas, embora os domingos ainda doessem bastante.

Nas praias que sonhei eu não me molhei, dos dias que viveram a infância eu tive que fugir, nas praias que sonhei eu nunca mais irei, pois não te verei quando o sol se por, nas praias que sonhei, tudo era poesia.

E sem mágoa eu termino essa canção, passou sem rima e você não percebeu, sem mágoa, mas talvez um pouco cansado.


terça-feira, 23 de março de 2021

ARGOS

 O domingo tão triste quanto la  belle de jour, já que tens alguém agora a teu lado, já que agradeces  a Deus pela essência e minha ausência. O domingo igual como era conosco, já que meu coração  tosco e o fundo do poço tem a mesma escuridão. Já que te valorizas; o silêncio e o som, todos no mesmo lugar. 

Meu sonho inerte, tua face limpa - o latido que se cala e não avisa mais a chegada, se era carinho ou preocupação, não importa, já com a porta aberta o mundo era, então, o mundo enfim... Mas sempre que a noite vinha: ele vinha.

Vai um corpo e parte do meu, vai um ser e me indica como não ser, se a cama suja e cheia de roupas, um esquecimento ou para onde levar, pobre de mim que tomo conhecimento tarde do que já arde no peito seu.

Argumentei que teus olhos (todos eles) se fecharam, e dos que a lágrimas caíam - ora, pois, não sabiam que do meu também choraria. Se a tudo vê ou ouvia, como dormia, não teve pena seu algoz, se lhe tira a cabeça, herói sem pena só cumprindo seu dever.

Diante assim, não há como não sentir a vã sobriedade das coisas, tentar ver e sentir as tardes quentes de sábado e as manhãs comuns da segunda. Pois se acompanha uma nota qualquer no violão, com ou sem entonação, ficarão as frases ditas nas horas mais incertas... e toda hora, pelo menos agora, está incompleta.

sexta-feira, 5 de março de 2021

Pobre coitado de uma sorte filho da puta.

 Hoje a certeza dos dias me afetam, as músicas certas e as poesias fora de hora me desconcertam e prometem que o dia cinza não vai acabar.

Não acreditei nas diferenças e nas distâncias, essa gramática farta que explica tudo, essa falta de algo.. "como se nós, dentro de nós, houvessem nós, desatinos e desatados; querendo de uma forma louca e visceral explicar algo, ou tocar com as mãos os sentimentos que temos, mas é como se alguém estivesse caindo de um precipício e faltasse pouco, bem pouco para se salvar... no galho de árvore".

Não dá a sensação o que antes era medo. Se povoado os sonhos do sol a sola, esse choro e sorriso que assola meu chão... Ando desgovernado, o solo cede, eu tenho sede e o sopro do vento árido do sertão faz meus olhos lacrimejarem "é chegada hora da partida do poeta, ou de abandonar a vontade de ser feliz, isso nunca te fez bem".

E se fosse como voltar no tempo, tendo essa sorte e consciência, riqueza e gratidão, claro que teria revés, pois o azar e as desventuras divertem e moldam a alma, mas não vejo problema, no demais, seria alívio e quietude. Das lembranças e dos livros, ficam os cartazes de aniversários, desenhos animados e uma mochila repleta de CD's velhos, que não vendo, não troco ou não existem.

Sereno é o meu penar, cativei os absurdos e cavei minha própria cova: sozinho não posso me jogar areia, estou deixado no túmulo raso de minhas próprias razões (campo aberto e feliz, grama verde e cerejeira no alto do pequeno morro) mas como dito, se cavo o bendito mausoléu, preciso que alguém me afunde na areia fofa, pois nem sozinho há de se morrer em paz.

Muitos repreenderão a morbidez das palavras, poucos entenderam a metáfora que ficaria de fora dos ornamentos das palavras prontas, rimadas e premeditadas: Ah! A vida é insana e imprevisível "conheceu seus medos, erros e defeitos, achou que isso era suficiente e pensou viver em paz, nada mais, hoje vive tão mal quanto antes, mas consciente de tudo que lhe dilacera... pobre coitado"

E com essas palavras vermes, tesas e malucas, eu peço licença para ter um dia de infelicidade, penitência e descontentamento, ainda que me olhe e veja só sorrisos...Pobre coitado de uma sorte filho da puta.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

No segundo dia

Não há parede ou escuridão se minha mente é refúgio, muito embora não haja luz e janelas também.

Se de tudo que eu fiz e planejei não é  argumento dos meus sentimentos; nenhuma palavra ou gesto o será.

Tenho teu perdão e uma saudade, um retrato exposto expondo solidão. 

Mal de quem ama e se cala, também de quem não tem explicação; se perde a fala ou afaga o coração, tua dor não é pra mim indiferente.

Talvez as coisas estejam fora de lugar, talvez eu esteja sufocado e sem ar, pois o suor e apatia me corroem como menino esperando a hora de chegar a hora.

Já fui errado, e tenho aceito meu destino, reconheço meu pesar e isso é suficiente, pois fico a cargo do destino fico sem medo do futuro, ainda que na dor haja desatino, de verdade ainda fico reticente. 

Na sentença malagouro de quem não quer aquilo, aceito e acato o ultimato das minhas próprias escusas. 

Guardei  as lágrimas para os dias de tristeza, e hoje não sei qual seria o dia.

domingo, 14 de fevereiro de 2021

De um dia que nos fomos

 Sei que serei lembrança, nas tardes em que a chuva bater na janela. Sei que  serei esperança  do encontro e das risadas inesperadas. 

Nas frases prontas e nas palavras não pensadas, no ímpeto e impiedade da saudade; vibrei e viverei no nosso pensamento, na canção que a gente insistiu em mudar a letra pra ser melhor pra cantar.

Não sei o que será de mim, o que será enfim, de quando a amargura se apresentar e não tiver um sorriso, um sotaque ou um "te vira". 

Se de escombros e conversar construímos essa ponte, fonte que não seca e fere agora que há  de partir.

O que será do tempo quando não mais pudermos reclamar? O que será deste lugar, quando não mais a gente aqui estiver.

Sei que serei lembrança, mas isso não quer dizer que não estarei sempre aqui.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Estrelas de um céu esquecido

 Fala Mais da saudade que tu sente, dessa falta que fazem os sorrisos nesses dias frios.

Corrige o tom do céu, de tão azul que é, não brilha igual em todo canto.

Me diz dessa louca ausência, que te aperta sem jeito, da tua casa e todas outras coisas mais.

Conta disso que parece ser lembrança, que quando assenta na memória faz até querer chorar.

Não pensa muito nisso, a maioria dos que passam sequer sabe o que passa em teu coração.

Em teus braços há um futuro e um escuro vazio, ronda e rodeia teu destino.

Puro desatino: contam estrelas e falam de infinito.

Se eu tivesse tempo, faria tudo que fiz quando nada tinha para fazer, sabendo dos erros que fiz.

Outro dia os pássaros silenciaram, aviso ou coincidência (não importa), só sei que deu a impressão.

Que você ouve meu canto, sente meu pranto, percebe minha dor, acredita em mim e no meu amor.

Mas tudo está tão quieto, nada faz barulho, e o barulho que se faz é quase nada.

Da batida do meu peito, eu ouço só minha respiração... ela falha, ela fala, ela falta.