sexta-feira, 5 de março de 2021

Pobre coitado de uma sorte filho da puta.

 Hoje a certeza dos dias me afetam, as músicas certas e as poesias fora de hora me desconcertam e prometem que o dia cinza não vai acabar.

Não acreditei nas diferenças e nas distâncias, essa gramática farta que explica tudo, essa falta de algo.. "como se nós, dentro de nós, houvessem nós, desatinos e desatados; querendo de uma forma louca e visceral explicar algo, ou tocar com as mãos os sentimentos que temos, mas é como se alguém estivesse caindo de um precipício e faltasse pouco, bem pouco para se salvar... no galho de árvore".

Não dá a sensação o que antes era medo. Se povoado os sonhos do sol a sola, esse choro e sorriso que assola meu chão... Ando desgovernado, o solo cede, eu tenho sede e o sopro do vento árido do sertão faz meus olhos lacrimejarem "é chegada hora da partida do poeta, ou de abandonar a vontade de ser feliz, isso nunca te fez bem".

E se fosse como voltar no tempo, tendo essa sorte e consciência, riqueza e gratidão, claro que teria revés, pois o azar e as desventuras divertem e moldam a alma, mas não vejo problema, no demais, seria alívio e quietude. Das lembranças e dos livros, ficam os cartazes de aniversários, desenhos animados e uma mochila repleta de CD's velhos, que não vendo, não troco ou não existem.

Sereno é o meu penar, cativei os absurdos e cavei minha própria cova: sozinho não posso me jogar areia, estou deixado no túmulo raso de minhas próprias razões (campo aberto e feliz, grama verde e cerejeira no alto do pequeno morro) mas como dito, se cavo o bendito mausoléu, preciso que alguém me afunde na areia fofa, pois nem sozinho há de se morrer em paz.

Muitos repreenderão a morbidez das palavras, poucos entenderam a metáfora que ficaria de fora dos ornamentos das palavras prontas, rimadas e premeditadas: Ah! A vida é insana e imprevisível "conheceu seus medos, erros e defeitos, achou que isso era suficiente e pensou viver em paz, nada mais, hoje vive tão mal quanto antes, mas consciente de tudo que lhe dilacera... pobre coitado"

E com essas palavras vermes, tesas e malucas, eu peço licença para ter um dia de infelicidade, penitência e descontentamento, ainda que me olhe e veja só sorrisos...Pobre coitado de uma sorte filho da puta.

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