domingo, 30 de agosto de 2015

Anjos e animais domésticos

Quero dedicar essa poesia ao rapaz que me ligou restrito se declarando para mim, tenho minha opção sexual definida, sou heterossexual, mas isso não me impede de respeitar e perceber as formas de amor ao redor. Apesar de não poder retribuir o carinho, da forma que ele gostaria, achei o gesto dele algo muito sublime, que vai além do preconceito humano ou de gênero.

O amor em si não destrói ou cria muros, não quer ver sorrir, não quer ver chorar, quer existir, simples puro e sem contradição.
Alguns, aleatórios e desenfreados têm em suas mãos o destino, mas preferem trocar palavras com momentos oportunistas, preferem sentir prazer desuno em vãos momentos orgásmicos, como se isso fosse preencher um vazio chamado: solidão.
Outros poucos, que poderiam desculpar-se, voltar-se a si e procurar o seu interior, o meu interior, o nosso interior, se resguardam a ter razão, e afastam em vão o perdão que poderia vir na presença, na madrugada, no abraço de despedida, na neblina da embriaguez, poderia ter vindo em continuidade, em brilhos verdes dos espelhos da alma.
Mas não te fez esforço, torceu o pescoço e organizou a bagunça- tudo debaixo do tapete-  e agora vive, ou deve viver, sem lembrar do que sentiu, e mais vezes errará, sem saber que seu destino já estava traçado, seria, então, que não era... só.

Ela nem veio me ver.

Poderia dizer que está tudo bem, que você não me esqueceu, mas não há mais maravilhas neste país, por isso vamos entender os seres humanos como poucos esquecidos, como loucos condenados, sem sequer se dar conta do quão pequena é a vida, que nem cabe na frase 'estava morrendo de saudade'

sábado, 29 de agosto de 2015

Falta o banquete.

Vejo os teus olhos, reflexos no espelho, teu corpo nu que agora só me esforça na memória.
Queria tua presença todos os segundos, queria fazer parte do teu mundo, falta tanto tempo para o passado sumir.
Podendo te ver hoje me sorria o infinito, mas era desventura, teu bem querer está distante, e teu corpo, outrora nu e meu, agora se encolhe no frio do seu próprio ser, como um feto, sem afeto, mas poderia ter mais que nuvens no céu.

Seu sol e som, me diz o tom que canta tua voz, que qualquer lugar no mundo não é tão bom quanto nós...
E se ouvir Belchior é minha única saída, eu prefiro ficar preso nas lembranças que ele me traz de você.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Pelos amores perdidos.

Os que vão te perguntar o que não se deve, verão os versos feridos da falta de coragem.
Procuras dentro dos outros o que te falta, e se agarra aos sorrisos falsos e palavras soltas.
E amargurado, um abraço, seja qual e de quem for, para ver se a dor é dividida.

Faltam poucas horas para que o dia se acabe, mas alguns têm seu dia acabado nas primeiras horas da manhã.
E o poeta antigo, que canta sem sentido, fugiu.
E quem tem culpa, se esquiva para ter razão, quem tem pressa finge não contar o tempo e a distância, quem quis, atravessou oceanos, quiçá quilômetros, e cada ato inconsequente poderia ter seu minuto de glória.

Desde aquele domingo não houve abraços, e os dias foram ensaiados, mas nada de real aconteceu.
Parece que, às vezes, as coisas param no passado e o que se passa depois disso são aparências de dias e futuro, parece que nossa vida estagna em qualquer cosmos de tempo, e o envelhecimento é só maldade do destino.

Ah! O tempo,  menino travesso que atravessa nosso corpo, nossa alma, que lhes dão todos os deméritos.
Já paramos para pensar que as coisas ruins acontecem, porque tem que acontecer, mas as coisas boas só acontecem quando voltamos nossos faróis para a certeza do sorriso.
Tudo é queda e fracasso, sempre há e sempre faltará, algo a dizer, pois por mais que a gente diga todas as palavras do mundo, sempre restará algo a ser dito.

A noite

Suas letras e canções e despedidas, falhas e omissões, são poesias, ainda que veladas que fazem de você, incógnita e prejuízo para você mesma.
Talvez esse final de semana faltou você nesse frio, na sexta a noite, nos bares da cidade, aguardo sua chegada, que não acontecerá, aguardo você nos braços, como guardo as mágoas que tua presença podem fazer desaparecer.
Mas nós desaparecemos na neblina, na ires verde da retina embaçada de lágrimas.
Não que eu tenha medo de sofrer ou que precise de ajuda, mas o tempo não tem maldade, maldade é deixar ele passar sem se sentir.
Só que agora só há lembranças, e essa é a verdadeira maldade, deixar as lembranças infectadas pela dor, fazendo com que o amor seja apenas incômodo.
Por isso, de longe, ouça meu recado, se deite em meus braços, abertos no meu interior ou se preferir, me ligue qualquer madrugada dessas.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Sem voz.

Quando teu passado me condena e a prisão do meu te liberta.
Quando pensei que em ti só havia desejos e vontades, estava certo, pois teu silêncio na madrugada era retorno das distâncias que não conheço.
Poderia haver um futuro, um descuido e algumas discussões banais.
Seu sorriso apenas abria quando a luz se apagava, por conta disso não me dei conta que não existia futuro nesse presente, mesmo tendo o passado atormentado minha presença.
 Você não via que a seu lado eu não sorria, pois tuas palavras displicentes condenavam minha agonia.
Até que entendo algo, e sua voz não não saindo, mas uma despedida em alto relevo, em alto mar.
Você se foi e não e não se despediu, ou até o que o fez, mas não era o que queríamos.
Quebraram o vidro, quebraram meu coração, quando tudo podia dar certo, algo deu errado.
Pois sei que tentei superar algumas coisas ruins, mas na primeira oportunidade... você foi embora.

É de Sonho e de Pó.

Alguns se encontram em um adeus, outros se despedem num abraço.
Se nunca fez sentido o sentir, assume em si a dor que nunca teve.
Acontece que as coisas poderiam não acontecer, e o fim, por várias vezes, vem no meio da frase.
Se da importância que sente a dor, dos penares que se desfaz. Em que passe o tempo, qual seus olhos, que fizeram tanto mal, mas que lacrimejaram como se de lá a dor partissem.
Mas demora de perceber, que desnuda de aparências, seria a alma o espelho dos olhos, porém não de lá que vem todo arrependimento.
Aperto os olhos ardendo, sem sono, e percebo que vem em vão esse destino.

Amor é como terra, mesmo que estranha, se bem cultivado, só faz crescer.

Cromas

A razão de ser da essência humana é viver em busca de sentimentos, seja ele qual for.
Quando o mundo desaba ao redor, mas só queremos dormir, quando dormir não é a solução para tudo, e, pior deveras, quando tudo está exatamente caminhando na sua perfeita ordem, porém nós, lá dentro, estamos em desordem, como se as coisas, ou nós, estivessem em câmera lenta.

E todas essas coisas cinzas, todos esses papeis, me fazem marejar os olhos.
Não é que nada esteja bem, nem que eu não consiga ver o lado bom das coisas, é que hoje, talvez só hoje, eu esteja predisposto a ficar sozinho.

Doentes da alma sem calmaria, que andam por ruas vazias, com o estômago embrulhado.
Catadores de esperanças que ficam parados esperando acontecer algo de ruim.


Mas madame, eu não estou aqui para discutir, talvez discuta, é que a dor domina e demonstra que as coisas não são tão simples, pois o errado já está feito, mas o que o erro fez, fará e está fazendo, cria em nós demônios, às vezes, impossíveis de expurgar.


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Grota.



Eu escutei atento as batidas do meu coração, ele disse 'cuidado pois vem vindo um furação'. Economizei nas palavras e exagerei no silêncio.  E o que eu queria de verdade? Que o ano passasse rápido como as boas lembranças.

Insista, não desista, pois o que queremos de toda vontade só acontece quando não abandonamos as metas.

Crês na retina do teu olhar, na cretina forma de se perdoa.
Grão vasto do pensamento, melodramas de inversão de culpa
A planície que rima com teu nome, dos loucos que somem
Não deveria contar as 29 notas da canção, segurar em sua mão.
Aludida dos teus sombreares irreais, nos tinteiros e fortes.
Calo-me, pois se fosse dizer algo, gritaria, mas não há ouvidos.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Quadro sinótico

Deitado em casa olho o teto, compro briga com o deserto, quisera apagar a fogueira no chão.
Você se esconde nas perguntas insensatas, nos teus planos mais endiabrados, nos cosmos de qualquer constelação.
Eu participo dos teus desencontros, pois sozinha você se perde mais e mais, e se afasta da beira da janela, e debruça no caos, olhando a vida torta, ouvi bater na porta, é medo que vai subir as escadas, abrir a porta do teu quarto e... Não te encontras mais lá...



segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Ametista

Pedra ametista que dos brilhos sombrios fez morada no peito alheio.
Falsas luzes que cegam os olhos e fazem dos poetas loucos e insanos.
Cravei na pedra de mármore as distâncias que percorri e hoje sentando,
cansado, me pergunto qual meu erro, quais meus defeitos, se no leito
ou no peito me desfizer o sono, enquanto nunca posso dormir.
Você tem lamina nas pontas dos dedos, e nas tuas mãos o mal que
não precisa.
Cultive o bem, de forma que nada te condene, pois se SERVE, PRESERVE,
não queira por tudo a perder por meras bobagens desse mundo sem sentimento.
Por quem disse que dava pra ser livre, sem prender alguém, sabia ser feliz sem machucar ninguém.
Sabia não machucar um coração que queria só pulsar no tom das notas musicais do norte, mas por sorte, hoje não é um dia bom, por isso, poesia acalma a alma, por isso, poesia, ainda é a melhor forma de chorar.

domingo, 16 de agosto de 2015

O despertar do sorriso falso

Perdido na estrada são os faróis do tempo e da memória que afetam os timbres vocais das consoantes, conforme se consta no vocabulário do silêncio.

Que adianta o poema sem amor, a fé sem fervor, confessar e professar o bem das religiões se no peito há mil ferrões.

Não há palavras que explicam os pesadelos matutinos, pois por mais que toda explicação tente traduzir as dores, serão rancores no peito que cortarão os sorrisos, o desapontamento repentino que dilacera qualquer bom momento.
 
São frases. fotos. caminhos, descaminhos, ou mais que isso, são destinos 'destraçados' quando não destruídos, pelo ruído simplório do não querer ser.

Era bem mais simples cantar meio tom abaixo, ser sincero nos arredores, calar-se quieto no calafrio da noite perdida, mas não, quisera por semideuses em rota de fuga, onde estava confusa a situação.

Estava inerte, não haveria o que fazer, mesmo com a chuva caindo do céu você dizia o que o sol ardia, que a culpa era minha e o que os dias são azuis normais. Não há como lutar contra a noite que chega, virá mesmo sem querermos, mas o tempo e o acaso lhe dirá mais que seu travesseiro, pois não acreditar nas pessoas não é o problema, o problema é acreditar apesar de...

Apesar de ser mentira, de ser vertigem, de ser verdade, acreditar apesar dos pesares, dos penares dos ditados populares e dos palavrões, pois, meu bem, quem nasce para desfrutar do mundo jamais saberá o encanto que tem cada pessoa, pois, meu anjo, por mais que ache normal se agarrar a libido, a esposa chama seu marido, enquanto a solidão agarra os que passam sem notar o correr das horas.

Acredite nos seus erros, eles são fonte de sono e calmaria, pois se falas do teu único bem, sejas ou falas do mal, que não és bem, se fala que o algo de ruim lhe sucederá, ou que ele não sabe sequer se deitar, se dizes que és normal, que te tiram o brilho dos olhos, de costas e lhe mandam devaneios, cuidado, quando a dor te apagar o fogo, poucos irão querer se debruçar nas cinzas
  Mas depois que gastarem toda sua pele, nos mais longos dos anos, você irá perceber que nada lhe sobrou, e com tudo isso que falta, talvez olhe para trás e se arrependerá com amargo na boca ou talvez não, irá passar o resto da vida mais fazendo os outros do feliz do que sendo, dando sorrisos com muitos, mas chorando sozinha...
 
Porque muitos são os que nos desejam, mas poucos são os que nos  querem.

sábado, 8 de agosto de 2015

Qualquer lugar

Sozinho não tenho solidão, as árvores dançam, os passaram voam e eu, como não poderia deixar de ser, morrendo de saudades de você, queria te ver, ter em vão momento teu olhar perdido, mas ando eu perdido, me encontro perdido, discutindo as teorias improdutivas do meu coração. Nao tem outono que suporte o frio intenso dessa ausência, não tem aparência o vulto frio doa teus passos que se vão sem olhar para trás e os metais de tua boca, as tatuagens e cicatrizes que marcam mais tua alma que teu corpo me fazem pensar no rumo que tomei. Por onde vou eu que nunca soube por andar, o que direi eu quando o engasgo me fez calar, o que pensar se tudo nota tem som de lá maior, o que sentir se no meu peito só cabe saudade, mas as ruas estão vazias de você, meu peito, o mesmo que sente, a cidade está mórbida, as paredes sentem a chuva, qualquer lugar, qualquer qualquer lugar não tem você, não importa onde eu vá te procurar, aqui nessa cidade não tem você,  de tanto procurar, encontrei sua falta.