terça-feira, 30 de março de 2021

Onde purificam aa aguas

 O sangue na face, dado num campo verde: o medo e  sua distância  segura. Em poucos instantes as mãos brancas refazem meu rosto, num posto e petrificado.

Se eu digo besteira  o homem não entende, se digo covarde minha mão treme. Mas lá estava, estava lá.

Que isso e muitas outras coisas sem importância, tenham, por si só, seu significado.

sexta-feira, 26 de março de 2021

Nas praias que sonhei.

 Eu não esqueço, da canção que cantou meu peito que dizia gostar de você é uma das coisas mais dolorosas e difíceis que já vi.

Era o que dizia o acorde final, num tom semi-poético, entre notas mortas e um instrumento monossilábico. Meus amigos se despediram de mim no sol nascente, tomaram beco e rumo ignorado, deram em minha casa e eu não estava, ou sempre estive, mas os meus não queriam.

Há um campo de terra seca que suporta a chuva e o marasmo, rodeado de árvores e trens, há um cemitério de lembranças por trás das construções abandonadas. Com versos e camisas rasgadas: VENCEMOS O MUNDO...

Lá depois das águas, contávamos no sol de meio dia coisas inúteis, distantes e solitários, andávamos sem destino, mas com um propósito: Vocês podem não se lembrar, mas era de madeira o estandarte e as ruas não eram tão perigosas, embora os domingos ainda doessem bastante.

Nas praias que sonhei eu não me molhei, dos dias que viveram a infância eu tive que fugir, nas praias que sonhei eu nunca mais irei, pois não te verei quando o sol se por, nas praias que sonhei, tudo era poesia.

E sem mágoa eu termino essa canção, passou sem rima e você não percebeu, sem mágoa, mas talvez um pouco cansado.


terça-feira, 23 de março de 2021

ARGOS

 O domingo tão triste quanto la  belle de jour, já que tens alguém agora a teu lado, já que agradeces  a Deus pela essência e minha ausência. O domingo igual como era conosco, já que meu coração  tosco e o fundo do poço tem a mesma escuridão. Já que te valorizas; o silêncio e o som, todos no mesmo lugar. 

Meu sonho inerte, tua face limpa - o latido que se cala e não avisa mais a chegada, se era carinho ou preocupação, não importa, já com a porta aberta o mundo era, então, o mundo enfim... Mas sempre que a noite vinha: ele vinha.

Vai um corpo e parte do meu, vai um ser e me indica como não ser, se a cama suja e cheia de roupas, um esquecimento ou para onde levar, pobre de mim que tomo conhecimento tarde do que já arde no peito seu.

Argumentei que teus olhos (todos eles) se fecharam, e dos que a lágrimas caíam - ora, pois, não sabiam que do meu também choraria. Se a tudo vê ou ouvia, como dormia, não teve pena seu algoz, se lhe tira a cabeça, herói sem pena só cumprindo seu dever.

Diante assim, não há como não sentir a vã sobriedade das coisas, tentar ver e sentir as tardes quentes de sábado e as manhãs comuns da segunda. Pois se acompanha uma nota qualquer no violão, com ou sem entonação, ficarão as frases ditas nas horas mais incertas... e toda hora, pelo menos agora, está incompleta.

sexta-feira, 5 de março de 2021

Pobre coitado de uma sorte filho da puta.

 Hoje a certeza dos dias me afetam, as músicas certas e as poesias fora de hora me desconcertam e prometem que o dia cinza não vai acabar.

Não acreditei nas diferenças e nas distâncias, essa gramática farta que explica tudo, essa falta de algo.. "como se nós, dentro de nós, houvessem nós, desatinos e desatados; querendo de uma forma louca e visceral explicar algo, ou tocar com as mãos os sentimentos que temos, mas é como se alguém estivesse caindo de um precipício e faltasse pouco, bem pouco para se salvar... no galho de árvore".

Não dá a sensação o que antes era medo. Se povoado os sonhos do sol a sola, esse choro e sorriso que assola meu chão... Ando desgovernado, o solo cede, eu tenho sede e o sopro do vento árido do sertão faz meus olhos lacrimejarem "é chegada hora da partida do poeta, ou de abandonar a vontade de ser feliz, isso nunca te fez bem".

E se fosse como voltar no tempo, tendo essa sorte e consciência, riqueza e gratidão, claro que teria revés, pois o azar e as desventuras divertem e moldam a alma, mas não vejo problema, no demais, seria alívio e quietude. Das lembranças e dos livros, ficam os cartazes de aniversários, desenhos animados e uma mochila repleta de CD's velhos, que não vendo, não troco ou não existem.

Sereno é o meu penar, cativei os absurdos e cavei minha própria cova: sozinho não posso me jogar areia, estou deixado no túmulo raso de minhas próprias razões (campo aberto e feliz, grama verde e cerejeira no alto do pequeno morro) mas como dito, se cavo o bendito mausoléu, preciso que alguém me afunde na areia fofa, pois nem sozinho há de se morrer em paz.

Muitos repreenderão a morbidez das palavras, poucos entenderam a metáfora que ficaria de fora dos ornamentos das palavras prontas, rimadas e premeditadas: Ah! A vida é insana e imprevisível "conheceu seus medos, erros e defeitos, achou que isso era suficiente e pensou viver em paz, nada mais, hoje vive tão mal quanto antes, mas consciente de tudo que lhe dilacera... pobre coitado"

E com essas palavras vermes, tesas e malucas, eu peço licença para ter um dia de infelicidade, penitência e descontentamento, ainda que me olhe e veja só sorrisos...Pobre coitado de uma sorte filho da puta.