domingo, 31 de julho de 2016

Alcateia

Vejo gente em movimento, por um momento fico a observar, quieto e calado, achando-me até superior, que sem sorte sou eu que não sabe de nada que passa em cada coroação.
Não vejo você em meu caminho, não sinto tuas promessas contemplar as lágrimas que outro dia derramei, sem nem saber o porquê.
Olha essa angústia que estraga teu dia, que te aperta o coração e te faz travar em amargura nas tardes mais solitárias de agosto. Presta atenção na solidão, que não sabe onde ir sem levar consigo toda essa inquietação. São dias difíceis não é? Quando tudo que vem na cabeça é seguir em frente, mas está sentado, cansado demais para se decidir, buscando a mudança, que te estende a mão para caminhar, só que não é tão fácil assim.
Ainda que se engane, que por segundos pense nada de ruim irá acontecer daqui pra frente, você sabe que o tempo é inimigo, que as oportunidades e as incertezas são hostis, e quando toda calmaria trouxer lembranças, ai sim farão-te mal de novo e de novo...
Não há como se resguardar, se trancar dentro de si ou tentar -fingir- esquecer, toda dor tem sua própria decepção para se preocupar.
Cada dia que passa é um dia que passou, sendo certo que a certeza que consome nossos peitos, não fará esquecer por um segundo os erros que podem durar uma vida...  . E aquelas promessas, nunca cumpridas, era tudo que eu tinha, e hoje, nelas não me apego, porque sei que a vida é muito mais que esperar das outras pessoas, é, sobretudo, esperar de nós.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Crimeia.

Sem distinguir a distância e o sono, o até logo ou o abandono, eu me desamarro fio de cobre, dessa saudade que me cobre da cabeça aos pecados.

Eu infantil e sofredor de minhas angustias, arredio e mal agradecido quando posso, me esforço para viver em dias e ruas esquecidas, para que ao andar de cabeça baixa não reconheça ninguém, tratando minha rotina como mulher amada, e cada passo dado como certeza de que não há o que esperar.
Não estou dizendo que me falta esperança, temia que dissesse isso, mas é que nos olhos dos que me viram as costas arde o indiferença. Errado nessa minha crença de acreditar no passar das horas, apressado em rimas fáceis para acabar o poema, me esqueço do que grita dentro do peito, feito sujeito fácil e de sorrisos comprados, me inclino a dizer tudo que queres ouvir, quando na verdade, de verdade, não queria dizer uma palavra sequer.
Se quer me ouvir depois das seis, me encontre no fim de tarde qualquer, lá estarei eu, por-do-sol, firme e sem propósito, lá serei eu, marinheiro de minhas próprias águas mansas, porque no mundo que eu criei para mim, tudo deu certo, só que de repente, nesse meu mundo- e foi quando tudo começou a desandar- muita gente começou a chegar...

domingo, 24 de julho de 2016

Ao ar livre.

Segredos do coração.

Quantos segredos trazem um coração... Quantos angustias escondemos dos outros e de nós mesmos. E tantas vezes sozinho(a) você sem saber o que fazer, para onde ir, quem ligar, quem chamar, desesperou demais para ter a solução. Nunca te disseram como arranca do coração a dor, nem como esquecer. Te disseram para sair com amigos, beber, orar, assistir TV, mas tudo que encontra pela frente te lembra o que sequer pode esquecer.

Mesmo que o coração esteja sem ritmo, apertado e ferido, o pensamento sabe que é melhor desviar, seguir em frente, mas é o próprio pensamento que nos leva de volta ao cinza, que nos coloca em cada palavra e poesia um corte profundo no coração. Se é verdade o que dize; que o coração não emite sentimentos, então por que a gente se apertar, apequenar e doer? O coração pode até não emitir sentimento, mas recebem muito, e na maioria das vezes não sabe o que fazer com ele.

Mas olha, quando não cabe mais nada no coração, e o pensamento não consegue fazer a gente esquecer, tudo transborda nos olhos, as lágrimas são todas as coisas do coração, que o pensamento não soube administrar, desta forma, temos a certeza que o orgulho pode nos levar para um lugar seguro ou levar quem é importante para longe.

Só que a gente sente, sabe e quer, porque nossos erros a gente sabe exatamente dizer o porquê, mas quando alguém erra com a gente, bom, o pior de tudo, muitas vezes não é o erro em si, mas a pergunta sem resposta: MAS POR QUE?.

E isso leva dias, leva tempo, talvez nem esqueçamos, o certo é que a gente vai sempre acumulando, mais e mais, segredos no coração.


quarta-feira, 20 de julho de 2016

Ar rogando por seu semelhante

Me procure no meu silêncio, irá encontrar calma e tranquilidade, olhos fixos e sem foco, direcionados para a incompreensão de todo esse nada.
Espero o sono vir como quem espera o dia passar, faço preces e aqueço meus pés semelhante a um andarilho sem fé.
Você me desconcentrou no meio da música, mas o dourado dessa luz não ilumina o caminho, pois das línguas saem palavras leões, dos corações saem amarguras e demônios.
Não se precisa saber quantas mentiras destruíram a sua vida, pois se a primeira já pôde fazer isso, todas as demais eram sinceridade em forma de arrependimento.
Não te obrigaram a se abrir, silhuetas e enfeites de paredes, ruas certas e apartamentos desalojados, seu caminho errante e sem escrúpulos, suas bebidas e devaneios, tudo isso é pedra e perdão, que atirou naquele que nunca errou.
Fim de noite os desesperados e solitários gritam por alguém para derramarem seus lamentos, mas nem todos os bosques com flores são seguros, nem todos os caminhos são sinceros e corretos.
No mais, Deus (o tempo) dirá os meios necessários para se amenizar os pensamentos que nos levam para lugares sombrios de nossa alma, mas se tua alma está em paz e tranquila, se tudo que fez foi de todo o coração, não tema, não se preocupe, ainda que falem e bradem aos quatro ventos ou entre quatro paredes, teu espírito é forte, e se nada disso der certo, sorria,  você fez o melhor que podia.



"Não há perdão ou culpa
  Não há chance ou desculpa
   Há um pouco de solidão
   Em todo e qualquer coração
  Mas teu corpo, sujo, não merece
  minha alma, por isso, que se vá,
para onde quiser, que se vá, para onde
puder, mas por favor, que se vá,
para qualquer lugar onde eu não esteja"




A pior poesia

Minha poesia me matou, me deixou sem o destino, mas me tirou a vida em tarde boa de quase novembro.
Vai dia e vem dia a gente acaba se encontrando com nossos medos,  ou tendo certeza que nada encontrará. Será a vida um grande vazio? 
Diz indeciso, egoísta ganhando ornamentos, acanhado de si mesmo, retorcendo seu sofrimento.  Frase feita e desfeita pelo teu olhar inquisidor e falso.
Seu abraço e as marcas de dor deixas no corpo não garantem um futuro perfeito, mas um presente cheio de tempestades.
E o que pesa na tua consciência aterroriza meu coração; a certeza das incertezas das coisas e que nada nunca mais será como era antes.
Sentiu entrando em seu corpo, sentiu carinho e plenitude, não fingiu estar fora de si, em um transe, apensa estava... queria... Mas se sua mente acompanhava seu corpo, suas mãos tocavam tudo que não via, e sentia, entrava profundo, e todos os olhares e vozes que tinha se transferia para outro.
E suas mentiras, monstros invisíveis que destroem tudo, que congela a par de todo esse fogo, que queima e paralisa toda nossa carne, não, não é a mentira e a verdade, sendo descoberta e despida, e mais envolta em mentiras, pois toda promessa de um novo remeço era um novo começo de coisas que nunca mudaram.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

3:00AM

Palavras soltas que saem da tua boca, tua presença e teu espírito tudo isso é sem explicação.
Estava aqui diante a porta, toda semana, após dia e após semanas, quando o primeiro trovão bateu na tua casa e eu fui o abraço em dia de tempestade, mas vejo que os sons que fazem minha voz não são os mesmos sons que chegam aos teus ouvidos.
E a poesia é a única forma de dizer toda a verdade, sem dizer exatamente desse jeito assim.
Mas o silêncio é a melhor poesia, o tempo é o melhor lição, pois cedo ou tarde os pássaros retornam do inverno.
Não é lamentação nem orgulho ferido, não é sequer arrependimento ou alegação, só consternação e falta de palavra pra definir.
Quantas vezes se perguntou que rumo tomou? E quais destas vezes soube que rumo tomar?
Não se preocupe, todos nós nos sentimos assim um dia.
Duro é achar que nada vai mudar, duro é seguir em frente sabendo que deixou tudo para trás, difícil é reconhecer que as coisas estão convergindo para infinitos e você nada pode fazer.
Mas não se lamente, nem encare tudo com tanta tristeza, contemple a vida passar, pessoas crescerem, saiba que para todo mundo é assim, aliás, você sabe, mas assim como eu, prefere -em noites que te acordas de madrugada com o coração acelerado de medo- fingir que está tudo bem.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Sério isso?

Matias era daquele tipo de pessoa que fazia o bem pra todo mundo, mas nem todo mundo queria o bem dele tanto assim.
Ângela era do tipo que preferia ficar meio chateada e deixar alguém sorrir em seu lugar, mesmo que a outra pessoa não fizesse isso por ela.
Dionísio, pobre Dionísio, tinha a coragem de pedir desculpas mesmo estando certo, tudo isso pra não magoar Patrícia, que de vez em quando torturava o coitado.
Mas Ataíde, era gente fina, morria e matava por Sabrina, que muitas das vezes preferia fingir que ele não existia.
Coisa era o Thiago, que sempre que a Marta ia contar pra ele de seus problemas, procurar um ombro amigo, ele contava os seus problemas, mesmo que fossem coisas ínfimas, porque parecia que o mundo girava em torno dele.
Já contei do Simão? Simão era daqueles que por orgulho afastava as pessoas, dava adeus querendo dizer "vem aqui", um incompreendido, frustrado e mau humorado.
Vitória, essa era uma das piores, dizia amar e na primeira oportunidade pegava um ônibus para 'distancolândia'.
E Mônica? Puts! Apontava erros como ninguém, julgava como poucos, mas quando errava, Ops! Apenas um deslize que se deveria relevar.
A Joana, era tão meiga, nada estava ruim pra ela, até que percebeu que todos a usavam para ter seu dia melhor.

Bom, e você? Quem desses você é hoje?

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Mais que um obrigado.

Não está faltando amor no mundo, está faltando gente disposta a amar.
A porta aberta e a calma de saber e poder viver sozinho, daqui pra frente.
Quero a fonte e a clareza dos pensamentos soltos, quero as fotos e velhice de teus dizeres.
Estou vendo pela luz que entra pela janela, naquele retrato está descrito: Teu sumiço em dias de neblina, não é mais abril, não tem sentido viver com esse aperto no peito.
As vitórias e as derrotas estão sentadas no mesmo banco de rodoviária, esperando calmas e ecléticas quem primeiro vai embora.
São contadas nos dedos todas as noites que dormem tranquilos e acompanhados, são loucos desvairados que costumam conversar sozinhos, mas os piores são os que mesmo em sua presença, continuam calados.
Não vou procurar abrir as paredes com socos, não vou procurar romper asfalto e granizo, pois se outrora me permito flutuar sobre montanhas, não há sorriso e flores que sustentem tal desilusão.
Quando em fim de tarde se despende para te dizer que tudo pode mudar, não, não era bem isso que queria falar:
Respeitou a mudança difícil ou se jogou em outros braços assim que a noite caiu?
Disse que dava pra ser feliz com o passar dos anos ou escondeu a verdade?
Queria por perto quem mandou para longe?
E quando longe pediu para que ficasse meio que por perto?

Então não és nuvem! Não pode ser a mudança que queria, não pode jogar para o alto as páginas em branco do teu esquecimento, pois como podes dizer que queres o céu limpo se insiste em fumar seu cigarro... Não basta dizer, precisa sentir...

Veja bem, não me interprete mal, o que quero dizer é que...Olha, se bem que.. deixa pra lá, você não vai entender mesmo...

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Conseguiu outra vez, poesia.

Meu coração fechado não compreende os finais e os sinais.
Meu relógio atrasado viaja no tempo e nos teus carnavais.
Voa de longe a esfinge que me pergunta bobagens.
Merecido descanso e sono, depois de uma longa viagem.

Silêncio, se trancou no quarto, fingindo quieto, sem conseguir dormir.
Queria atenção e palavras de saudade, conseguiu outra poesia.

Minha intenção era entender o começo dos delírios.
Tua situação era pior, acredito,
Só que que o vento é maior que o mar, por isso não há.
Não há o que definir, o mundo na nossa cabeça gira anti-horário.

Mas você prefere o silêncio, se trancou no seu mundo diferente, sem conseguir sorrir.
Mesmo ansiando por atenção, prefere se fingir de amargurada, conseguiu, outra vez, porra nenhuma.

Duzia e doces.

Fico procurando o que inventar, na rua o que perder, nos pensamentos o que salvar.
Acordando assustado com a certeza dos pesos em minha consciência, tendo a certeza que não há certeza...
Não me atrai ver teu rosto, ainda que por pouco segundos eu consiga descansar, problemas e perolas retiradas desse silêncio.
Me fez passar o dia preocupado, com um peso no coração, mesmo com essa chuva fina que nada molha, mas que pesa uma sombra me fazendo piorar a sensação de que nada dará certo.

É começo de mês e tudo que a gente fez foi viver dias e ocasiões, quando nós perdemos a esperança e anda de cabeça baixa, cumprimentando por reflexo.

Vai sorrir, vai passar os anos, vai ter em você essa estranha lembrança...
E com essa vontade de chorar e de dizer tudo que sente em palavras e poemas, vem também a frustração de faltar inspiração e alfabeto correto, pois parece que, às vezes, quando nada faz sentido a gente se sente sozinho, a gente descobre que pior do que estar mal é tentar explicar o que se sente.

sábado, 9 de julho de 2016

Instagran e seus Atos

Quando os sentidos estão alterados:

VOCÊ É DESPREZÍVEL e quero longe de mim todos os pensamentos que fazendo me recordar de um passado nostálgico e lírico.
Você seguiu todas as imagens do olhos azuis, que vira nos dias de febre, que se escreve teu passado que agora será um presente sem futuro. TÃO SEM ESCRÚPULOS você e sua maquina de fazer e ver fotografias, tão repugnante você e como era antes.
E quando vier, vai se deitar e se pegar, abraços e toques que vomitam a carne.
Te segui nos calcanhares de Aquiles, em todas as fotos e olhos azuis, seu passado mesquinho e debruçado, por mais que não veja meus olhos de álcool e cerâmica de giz.
Mas você é uma messalina coberta de arrependimento e desprezo, sua vadia imunda e surpreendente.... SE RETIRE DAQUI, minhas poesias não são pendulo ou matriz para suas vinganças, pequenas e insolentes, se apodreça por perto e ignorante.  Que ouvir do outro "Agora não perdoarei, nem terei consideração, transarei meus vícios com ela a noite e assim que ela chegar, pois ela me seguiu onde os quadros dos dia-a-dia, das fotos se puderem ver".

Exatamente, anfitriã do amor meu perdido, quando em mesa de bar, bêbado e desconsolado, seu antigo e talvez novo amor, ou dilacerador da tua carne me disser "Ela me quer, pois retornou" e eu só poderei sorrir e fingir não me importar, farei piadas e tomarei um drink exagerado.

Sua boca beija anfíbios e tempestades, não me veja dormir, não quero tua presença, tua renascença. DE VOCÊ DESEJO DESPREZO E DISTÂNCIA.

TEM IDEIA DO QUE É OUVIR "COMEREI TEUS CABELOS E OMBROS LARGOS"?

SE AFASTE DA MINHA POESIA, SUMA DAS MINHAS PALAVRA, AQUI, NÃO VENHA, NÃO LEIA, NÃO SE DELEITE, NÃO TENTE ENTENDER, PORQUE AGORA É ÓDIO E INQUIETAÇÃO, NÃO SE AMORTIZE COM MINHAS POESIAS, NÃO LEIAS MINHA DOÇURA, AQUI NÃO É SEU LUGAR.

Que eu irei em frente com porres e incoerências, se a sina do poeta é viver vivendo fora de si, eu não me importo, melhor do que ter dentro de mim pessoas- como você- que são piores que estrume, e se você esperou uma rima, sinto muito, não sou poeta, sou ser humano, e com tal, quero que me deixe em paz.


terça-feira, 5 de julho de 2016

Ande depressa

Ficou meu cheiro em teu cabelo, como se fosse de próposito o frio e a sinceridade.
Em mim ficou preenchido o vázio da noite passada, como se soubessem de nós toda a verdade.
Qual pontes que nos separam, aviões deslizando no céu anil, e os lábios sintiram sede e saudade de manhã de abril.
Como se teu perfume fosse de outra cidade, como se eu ainda fosse a válvula de escape, querendo eu mesmo escapar.
Como se nosso adeus fosse demorado e o reecontro inesperado, da mesma forma torta que você não imagina sua vida apartada dos meus braços.
Você só se diz calado, mas faz besteira como qualquer um de nós, vou escrever e depois tentar dormir, velar minha loucura e o barulho da minha cabeça, para não se esforçar em ser normal.
E temos em nós um labirinto chamado orgulho, um medo chamado saudade e uma vista para o mar das nossas solidões.
Certo que essa demora em ouvir tuas palavras são sentenças de precaução, em outros tempos choraria mágoas, mas o tempo é tão pequeno, o coração tão arredio, que eu me consolo das dores do peito e vou seguindo em frente, sem saber se estou no caminho certo ou voltando por onde vim.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Duas pedras na rede de peixe.

Há de ser a avenida dos teus olhos que irei passar, nem que haja pedras e tormentas, elas não irão fechar minha alma.
Mas é inconstante, redemoinhos e canções, o quanto passa tudo sem saber, no toque de teu corpo e teus.
Vai levar um tempo até as flores mudarem de estação, vai ser difícil encontrar a solução, para os problemas que inventamos de ultima hora.

E quando a gente quer só uma frase de efeito, não quer apontar os defeitos, mas não me importo, estou buscando me encontrar, antes que me encontre a solidão e o medo, pois mais cedo ou mais nos dirão que tudo passou, que chegou a hora de deitar e dormir tranquilo, que a tempestade já se foi, que o vento não balança mais as arvores lá fora.

Mas sendo muito sincero, tenho lá meus erros, que os acertos não podem apagar, mas abrindo o coração: Tudo na vida tem jeito. E eu ainda estou aqui, como no retrato e na frase "eu acredito em quem você é".

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Tonotomia.

Estou escondido por trás do meu óculos escuro, daqui ninguém me vê, ninguém me nota.
Fui ao banco, li um jornal, caminho calado, sem pressa e com determinação.
Apalpei meus bolsos, percebi que tinha esquecido a carteira, saí sem pagar o café, o filho do dono do café me olhou com a cara feia, pedi desculpas e voltei ao trajeto.
A chuva apertou meu passo, que agora era com pressa, molhou meu blazer, ensopou meus sapatos surrados, que há de se fazer? Por o jornal na cabeça, atravessar a rua corrento, rezando para que os carros parem.
Felizmente cheguei ao meu destino, trabalhei sem cansar, sem que me pudesse cansar, até meio dia, depois voltei para o ponto de ônibus (que não paguei, é claro, a carteira estava em casa), lá, agora, era hora da reflexão, agora podia filosofar e lamentar a vida, já que não iria trabalhar a tarde, teria a tarde livre para dormir, não iria me sobrar tempo para as angústias. Depois, lá pelas cinco da tarde, que acordei, liguei a TV nesses programas policiais e sem qualquer surpresa ou inquietação, vi a noticia de que um ladrão havia sido preso com várias carteiras roubadas, uma delas era a minha, e o ladrão, era o André, aquele, esse mesmo, o filho do dono do café.