terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Mais um mês

Ainda estamos aqui, mas parece que você já foi, perdida nos sonhos e nas miragens de me olhar sem futuro. Acho que você tem um sorriso lindo e sincero, mas penso e espero que isso não seja motivo para não ver nos anos que se passaram os passarinhos do céu.
Talvez fale e ouça coisas estranhas, ou sinta em suas entranhas forte amargor, de se procurar em ruas desertas a presença e tua alma.
Não se conforte com o pouco tempo de frente ao espelho, nem com seu vestido vermelho, afinal as manhãs cinzas que me fazem falar mal deste dia que finda, me fazem, igualmente, esperar qualquer marca de carinho em tuas palavras, porém; eu prefiro fazer um trato, dou tudo de mim para você, tudo aquilo que me sobra, enquanto você se despede sem me olhar nos olhos, antes que todos os anos se passem e eu respire outro aroma, depois e quando você retoma, toda essa coisa que é só sua: IMPERFEITA PERFEIÇÃO.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Orminadi

Me incomoda... Sem rodeios, frases prontas, egoísmo ou medo de parecer ranzinza, apenas me incomoda.
Não há solidão nas letras dos poetas, não há esperança nos que sentam beira estrada em sextas de chuva fina, esperando passar o primeiro ônibus que lhe leve direto para qualquer lugar.
O capim fino e molhado, rasteiro corre...corre... depressa lá fora, enquanto eu parado vejo descer no vidro a chuva que me transporta de volta para não sei onde.

Me incomoda, mesmo que seja por pouco tempo, mesmo que me irrite, as insistências e os toques renitentes, quase sem perceber os gestos desnecessários. E o mundo continua desajeitado, eu continuo seguindo em frente, seguindo em frente... e de tanto seguir em frente já me encontrei pelas costas.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Roupa de dormir

Você repete minhas palavras, as que não pude dizer, se deita em meu silêncio, se fecha em suas lágrimas. Mas sei que me visita poesia, toda noite. Agora deitada ao meu lado só pensa na distância, e não tem importância a insônia e o arco íris.
Faltam jarros para tantas flores, cartas rainhas e marcadas, um exército imenso de amargura, e nós, campos de batalha, somos todos ridículos, pois, quanta falta você faz agora, mesmo estando aqui.