quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Pra(AMOR)ser

(explicando o título: PRA AMOR SER, tentando ter no meio a palavra PRAZER, como som "s" ao invés de "z")

Vejo voar a liberdade em cânticos morenos, corpo solto de bailarina, riso fácil de menina, cabelo negro e suado pintando o rosto feliz. Escultura viva que petrifica os olhares mais atentos, curvas de montanhas e delicadas nuvens, sensual como o dançar das serpentes, e alivia quente a dor de não poder tocar.
Pássaro voando no céu da boca, delicia louca, corpo abandonado no ar, girando em sentidos inversos nunca vistos, inalando prazer sem igual... Fixa olhar com olhar como se fogo saísse, e num deslise a mão se põe no lugar... E o gosto da carne por cima da flor da pele é inexplicável, e de tanta vontade faz gritar amor...E DECAI rápido demais, quando os olhos novamente se abrem,doce imagem, de toda volúpia me arrependo, e meu alento é tudo continuar, teus toques agora sem malicia, caricia de não ter onde desaguar, dores e desatinos, vejo tudo apaziguar... Sombras e pinceis fazem teu rosto azulado, cor viva do meu sorriso, espelho que reflete vermelho, a qualquer coisa, qualquer laiá-laiá.

São fáceis teus gestos, teus medos e lágrimas, avista ao longe, e nunca se esconde do que pode enfrentar, é amor pacato, amor manso e verdadeiro, simples chega dar agonia, que onde quer que vá arde, e como arde, e por mais que tente, que tanto, que tinta, que tudo, procura demonstrar, não há como, não há razão , amor é a eterna busca de explicar com palavras o que só da pra sentir com o coração.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O velho e a moça

Meu verão acabou cedo, nem teve cara de estação, fecundou os teus olhos sombrios o arredio do medo de esquecer. Vi efêmero o resto do rosto, que mudou  ao tempo que perdemos, me tornei estranho e sem esperança, mas é a vida que segue, é o bonde que segue... Agora reconheço pouca coisa nesse teu olhar tão familiar e faminto, sinto, que este recinto é abrigo hostil, quem sabe ainda essa semana eu volte a te procurar, ou daqui há alguns anos quando tudo de novo mudar.


Moça que queria amar, ter filhos e quem sabe ser feliz, aliás, poderia ser uma pergunta. Quem sabe ser feliz?

AH! Moça, quanto tempo nos dará a vida pra aprender esse pouco. E amarga o aperto no peito, moça, de sentar aqui, debaixo da árvore, apreciar o vento de fim de tarde, e ver teu rosto em todos que passam, no canto dos pássaros... Me sinto velho, moça, e você? Debandou pro lado da vida, fez da partida sua morada, e foi embora do interior, voou sonhadora, deve ter no papel escrito doutora, nas bandas do sul, onde faz frio, ou, não sei, sou daqui mesmo, das pessoas conhecidas, que me conhecem, e você? Do mundo, daquele aperto no fundo do peito meu, que se senta comigo na calçada, estação após verão, vendo o que da pra enxergar, mas não vendo o que realmente queria olhar. 
AH! moça, e hoje? Quantos filhos tem? Quantos arrependimentos? Quantos pôde realmente amar? A vida ganhou desta vez, por isso, moça, arrumo meu velho quepe, desarmo minha velha cadeira, retiro meu velho do corpo dessa velha árvore, tão velha quando a cidade, e no pensamento, aquela velha lembrança... E a vida segue, com ou sem mim, e o bonde segue, com ou sem mim...

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

"E lendo teus bilhetes, eu lembro do que fiz"

Olá, atentendo a alguns pedidos, principalmente o do meu coração, resolvi postar algo...

Mesmo sem inspiração, lá vai:


Como é comum dos homens as dores que apertam o peito, e os velhos e seus defeitos, felizes por terem vivido demais... Gente que foi embora, há tanto tempo atrás, deixo de pisar nestas ruas, de ver a vida nua, cegos esquecidos ao tempo... Como eu me desconcentro, de saber que posso chegar no centro e não chegar a lugar algum... O passado passou rápido por mim, tomou a minha frente, e eu descontente o vi desaparecer nas vistas.
Olha como a gente era... Não te dá uma tristeza ao ver que a vida endureceu a gente?
Me diz a verdade: Do que mais você sente saudade?
Sei que assim falando, você me acha um nostalgico, meio trágico, mas vejo o caminho que fazia antigamente pra ir pro colégio, vejo as pedras que pisem no chão quente, vejo os muros e montes que nunca mudarão, e eu aqui, com barba na cara, preocupado com o fim do mês. E você? sei lá, longe, talvez, perto do mar, do ar.  Ainda se lembra desse tempo? Do vento que apaga a luz? Da chuva que tomei? do Medo que senti?
Das mancadas? Das risadas? Da escada da biblioteca? Do colégio e das canções, dos professores e dos sermões, dos aniversários, dos horários, apertados e bagunçados... Lembra da varanda? Do salão e da garagem? Do quartinho dos fundos e do fundo do coração? Lembra dos dias tristes, quando sentei na calçada, quando varei a madrugada, quando perdi e nem senti, o gosto do sorvete do domingo... Daquele, inesquecível bolo e PEPSI que tomei no chão... Do sofá e da televisão... Da viagem sem graça, da viagem pra longe, das lutas perdidas, desistidas... Do que não lembra, acho que não sei, de quando chorei, ouvindo música triste, cego na direção do carro, na estrada que bem conhecia, que ela mesma me guia, pra voltar ao que nunca foi esquecido.
Não joguei nada fora, mesmo não me servindo mais, meu peito arde outra vez, quando me repito mais e mais... Meu maior medo é não ter vivo tudo que vivi...
 E você? De como se lembra da sua vida?



Singelissima homenagem a pessoas que perderam as outras pra sempre ou não...

Deus conforma SANTA MARIA...

Adoro esse texto, e fico feliz por ter feito

São sentidos...

Os medos mudaram as cores do quadro, rabiscaram na pintura a íris dos teus olhos, e o desejo de que tudo fosse como sempre foi. E cada quadro é um quadro diferente a depender de quem olhar, e as cores vivas, ficam mais vivas com lágrimas por cair, borra toda a tela, saltam e invadem, borrando toda maquiagem, cuspindo vertigem de saudade nos que passam sem nem notar.

Se desconcerta sentada no banco do ônibus, faltando espaço no campo aberto, não cabe dentro de si, e eu atrasado, reclamo do relógio, e os dias me sufocam, me apavoram, pois a saudade é maligna, aparece quando você some, e de vez em quando, se esconde no pano, do teu vestido, quando sinto que é chegada a hora de partir.

Perdemos um pouco de nós, e fomos catando qualquer coisa, preenchendo essa falta, e agora a sujeira que puxamos, damos por ser parte própria, mas quem era eu, senão um completo vazio de ti, e me contentava assim, reclama nada ou quase nada, hoje amargado, amarguramos a soma do que completamos, dessa enorme falta de ser a gente...



Quando o beijo, vi tua face cair, teu queixo tremer e olhou pra mim, procurou abrigo, era aquele amigo, sem poder acreditar, fica bem, eu sei que viu, mas seja lá o que for lá, aqui sou eu, prometendo que jamais encontrará brisa ou vento quando quiser apertar minha mão... E quando quiser chorar, vai dividir o caminho da lágrima comigo, quando ela sair do seus olhos, percorrerá também metade do meu rosto..