sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Carta de poeta em crise

Olha meu bem, a gente não se faz bem, mas enquanto tudo durar; o tempo, a chuva e as canções, durará também o fogo que arde nossos corações.
Terminou seu poema falho e humano, embebedado por rosas e enlouquecidos por espinho, sussurrou qualquer bobagem, deu-se conta do horário: partiu a mil, para onde ninguém viu, acovardado, rasgando o vento com as lágrimas poucas que lhe restaram.

Quanto confusão nessa cabeça, que dia sim, dia não esquece e lembra. Quanto tempo perdido em fotos e filmagens. Tens amor, antes que seja tarde, noite e manhã, antes que seja hora de fechar os olhos abertos.
Visitei teu espaço sideral, manhã de novembro ou fim de outubro, encontrei fechadas as janelas de lua, estava nu em tua rua, plena luz do dia, sem saber como voltava pra casa.
Teria os anéis de saturno me feito uma surpresa, quando vi teu prédio aparecer na janela do avião, olhando pro lado segurei minha mão; eu sim me fazia companhia.


Olha meu bem, eu não estou sofrendo, mas quando sorrio fico sem saber o motivo, quando desvio do caminho me sinto menos emotivo, engraçado, ou a vida vem me endurecendo ou eu vou, aos poucos, perdendo a fé no amor.


Quando mais tarde ouvir minha voz, ainda que eu esteja calado, não se pergunte o que deu errado no passado, nem lamente o futuro, pois o meu maior presente são os pensamentos que cada dia mais voam longe para tão perto.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Como irmãos.

A vida separa as pessoas de tal forma que ambas nunca mais voltam a caber no mesmo mundo. E o carro embalado na estrada de um pensamento furtivo, quase noite e o sol ainda se espreme. Todas as canções fazem sentido e me sinto ressentido, não é como o destino se desenrolou, mas como nunca acreditamos nele.


E por isso suas visitas noturnas são corporais, além disso, para além disso; a chuva fina no chão de pedra e a mesma praça.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Eu acordei, essa manhã chovendo e o frio sem explicar as coisas mais simples.
Tive sono durante o dia,

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Uma vez por semana

O cansaço das tuas pernas ninguém precisa saber, ainda mais que aliviei meu corpo em tuas estatuas estáticas na moldura do que há escondido.

Tens me buscando onde não estou, tens ido muito perto de saber que nada faz sentido. Realmente não faz, mas se posso te dar um conselho; pare de olhar tanto para o espelho.

Quando se finda a vida alguém disse: Eu não sei o que é viver. Todos nós somos poeira e eu querendo ser deserto.


Antes que tudo se acabe aceite um café, sente-se perto de mim e sem pressa ou pudores arrancaremos nossa roupa e nossa vergonha, já que o medo da medonha solidão é mais fraca do que vontade de juntar nossa alma.



segunda-feira, 20 de agosto de 2018

No meio de agosto

Andei sem prestar atenção nas coisas, com certa pressa e sem saber direito o que queria.
Claro que havia essa confusão em mim, mas não é como antes, ainda tenho paz e certa alegria.
Não aproveitei muitas chances que tive, e a vida não tem piedade, e eu sempre quis que todo o mundo soubesse que dele nada queria e nem esperava.
Estive com o coração em pedaços, sem querer saber o real motivo, inventando as mais diversas mentiras para maquiar as frases de um anjo sem chão.
Eu ainda sou pequeno e sei que tudo é sem sentido.
Eu ainda não me vejo sozinho, tampouco perdido.
Quase vejo o infinito quando tudo acaba, quando acabam as palavras e a gente não tem o que dizer.
Soube que chorou e isso me fez chorar também.
Mas a vida tem dessas coisas, e é por isso que a gente precisa tomar cuidado com nossa alma, para que cedo ou tarde entendamos que a vida não é fácil de entender.
E se havia um céu,melhor eram dois céus - Ceceu - que recebem mais um anjo, que talvez nem fosse a hora, mas meio que sem demora fez morada em uma nuvem, enquanto o sobrenatural está em festa, aqui, a gente discute 'como isso pôde acontecer?'. Não há qualquer palavra que possa haver ou dar consolo, o tempo passa e é cruel, mas sei que teus amores verão, em cada pedaço do céu teu sorriso brilhando.


Essa poesia é dedicada a uma pessoa que se foi, qual eu não tinha muito intimidade, mas sei que alguns tinham e saber que pessoas que você gosta estão sofrendo nos faz sofrer também.

A morte algo tão sem explicação que eu não sei escrever sobre ela.


segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Inconsolável

Quanto tempo tem?
O peso que essa frase traz, aliás, perguntar "Iai, quanto tempo faz?" um mundo de motivos para sequer pensar quais momentos cabem essas perguntas.

Quanto tempo tem que a gente se viu?
Quanto tempo faz que a gente não se vê mais?
Quanto tempo falta pra gente se encontrar?

Se a gente passar da letra do papel e olhar para o fundo, vai perceber que é uma pergunta cruel, as ruas mudam, as pessoas passam, os prédios e barbearias se modificam ou envelhecem, e há quatro ou cinco anos a gente podia ter estado ali, falando de bobagem e delírios, e como se em câmera acelerada vimos dia após dia aquele lugar se movimentar e de repente nos vemos só no meio de tanta gente, só olhando o espaço vazio que deixamos.

Se possível, hoje, não se pergunte quanto tempo tem... Diga  enquanto eu tenho vou valorizar o tempo.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Quando você se foi pra sempre.

Ninguém mais entra aqui, mas mesmo assim vou postar:


Estou feliz pelo cansaço de minhas pernas, do branco das paredes e de tanta coisa que fingo nem lembrar.
Estaria inconsolável se fosse outra manhã agitada perdida, lá no meio de maio.
Já que não temos tempo o suficiente para olhar o sorriso das pedras, eu fico parado, totalmente atordoado e constrangido, até com medo... triste.
Por vezes me pergunto se viveria do mesmo jeito sem você, se saberia esquecer.
Se afinal, você poderia ser tudo.
E dizem que quanto mais não queremos deixar algo mais isso fica no nosso pensamento, mas também dizem tanta coisa.
Começo a ver-te nos olhos dos outros, e o que você faz lá?
Termino por te procurar onde não está, e porque não estaria lá?

Havia muito mais para ser dito, mas a vida é tão cruel que me calou quando mais eu queria falar.