segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Das horas que estão longe

As máquinas, as mentiras e os medos não me fazem companhia. Uma nuvem no céu trás seu rosto, do passado leve desgosto...
Eu estou sem chance, sem chão, os olhos lembranças de um futuro pequeno, pois todas as canções não são  suficientes.
Eu quero dizer o que o meu coração não diz, quero saber de tudo o que fiz ...
Há os presos nos seus orgulhos, ouvindo em silêncio seus barulhos, brados que eu canto calado, estendendo minhas vestes em sopros, afoitos e constrangidos. 
Eu estou angustiado, meu coração apertado, minha garganta  seca, já vejo meus dias assim, observo o passar das pessoas e recuo nas minhas convicções... já  não tenho a certeza  de estar certo, nem que fiz a coisa certa.
Se me arrependo? Não tenho tempo, teoria ou testemunho... 
Se todos os seres  humanos, rodeados de amor ou não, estão sozinhos, se de nós  buscam e querem  sempre o melhor, quem, então, vai nos deixar ser filhos, fracos e sem ânimo?

Por entre meus dedos suados e descalços, bordo poesia de libertação e por ironia, percebo que estou presos nas palavras.

Se teu sorriso falso ou feroz for sincero, se meu medo e  meus loucos pensamentos  são  só devaneios... deixo passar a hora, sem fome ou ficção..  pois hoje, só  hoje, para nada busco explicação 

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

O dia da estrada

Um dia no presente eu penso no  amanhã  do futuro, bobo com o sol  e a lua, tua face nua, sem flores ou fingimentos. O andar do dia te engole, teu livro não abre, tua cria não parte, você ainda faz parte dos sonhos e solidões que tive.


Por volta do meio dia eu descubro o cansaço de uma vida toda, com sono por ter dormido mal a adolescência  inteira e o medo de uma vida  quase inteira  pela frente.

Entre as coisas que pus sobre a mesa, estão  meus tratos, meus trapos  e meus lamentos. Todos organizados de modo a não ocupar espaço, a não fazer barulho. Estou preparado para deixar esta casa e viver escondido nas entranhas do universo. 


Amanhã, quando o futuro  descobre que não existe, eu recordo de meus sonhos de meninos ( eu e eles tivemos que crescer). Meus olhos escuros viram coisas e cosias que já  não lembro.

Lembro do caminha da escola, da primeira namorada, com ideias na cabeça, do tamanho do que eu achava o que era o mundo.

Estrada da vida, da morte e do mais for ou será.

( parte inspirada na música "Estrada da vida" de Ronnie Von)

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Das dívidas que perdoei.

 Sou muito apegado aos laços e despedidas. Perdão por algo que tenha feito no calor dos meus erros.

Não haverá valor nos dedos tremidos de minha mão. Não tem contato ou contas a pagar, não quando há coisas mais importantes em jogo, essa dor, esse fogo, essa mágoa profunda e esse sensação estranha, acariciada com a vontade de chorar.

Como sei que não estarás para sempre nas folhas e papel, como tenho certeza que a fonte de todo sofrimento é o pensamento.


Uma insistência e um assunto encerrado, olhos e mãos que não se tocam há muito; na mente uma sensação de que tudo não valeu a pena, que era uma cena: Somados os sonhos, o que restou foi uma desilusão.

Um primeiro poema que desbancou o dia, gritou desesperado: 

"PORRA, NÃO ME DEIXE IR, sou fraco e estou cansado, tenho medo e estou apavorado. Tenho andando errado e todos notam, eu percebo, porém ninguém pegou minha mão no momento mais difícil. Os julgados, inválidos e imperfeitos não são estúpidos, são e sabem disso."

Mas não te aguarda e te liberta, o rio tem correnteza forte e não há um adeus sem lembranças, não há um dia sequer de paz e sossego. Ora, me julgue, se me falta calor e companhia, me condene se à luz do dia eu descumpro minhas promessas: O ato de ser falho não é virtude, nem se acovarda na sinceridade, não faço dela única virtude, tampouco escudo e desculpa.

Eu já prefiro, de fato, não ter razão e andar sem rumo, já não quero acertar e reviver meus erros. Se chorar sempre foi opção, tudo bem, desmaio em lágrimas e você as julga. 

Eu tenho medo de morrer, meu bem, e isso é sério.

Eu tenho medo de viver, meu amor, e isso me destrói.

Quantas vezes as flores e as frases acabaram com teu dia?

Já não sei quem eu sou e nunca duvidei de quem você é. Acredite, se eu pudesse escolher, teria errado bem menos, teria sofrido e feito sofrer ainda menos. Mas olha a vida: nos presenteia com dias e momentos de soltar sorriso, nos brinda com domingos em família, com festas e fantasias, mas algo (que não é a vida) dentro de nós, nos consome, pouco a pouco, dia após dia...

Mas e daí? Estamos todos vivos até que...


Hoje o dia amanheceu cinza, a comida não tem gosto, setembro não vem depois de agosto, domingo é o dia menos melancólico, e os seres humanos, mais preocupados com suas dores, convivem...

Hoje a noite não tem estrelas e o céu é furta-cor, eu, idiota e arrependido, finjo ser feliz acreditando da merda do amor.

domingo, 6 de dezembro de 2020

Um ponto

Há  uma flor invertida em teus braços, no seu sorriso, sarcasmo; a alma e as águas caindo ao teu redor.
Um anjo escondido no ventre, dentre os mais iluminados e especiais.
Não me contaram histórias, não herdaram meus propósitos, quem podia achou outro caminho  que ninguém esperava.
Eu já sei que já  nem quero, admito que o que me incomoda, me incomoda... Não  sou de explicar, prefiro ir embora, e claro que se não estou bem, não luto além, estando em casa os monstros lá fora não me enchem os medos.

O silêncio  solto e sacro é  só mais um modo  de dizer.

Orei ofendido aos cães da rua, o vinho seco e tua foto empoeirada renderam-se aos desolados da cidade.
Perfeita simetria entre o descaso e a sinceridade, num pacto pobre, podre, de igual, mútuo incomodo, se como todos ali soubessem do cheiro.

O sono é  o que me impede de dormir.
A felicidade de sorir.
A vontade de ficar de ir.
A certeza de volta de partir.
A mesma hora de me despedir.
O teu ser de ti.

Agora era hora de ter paz, mas eu ainda sou humano escravo: meus desejo, romances e certezas me impedem de ser racional.


sábado, 5 de dezembro de 2020

Uma hora depois

 Não  dispute com a prole e o etil, não sou sutil e sumo nos arredores. 

Sou facilmente  reconhecido  pelo sorriso bobo e as ideias sem sentido, pelo sorriso fácil  e a palavra fora de hora.

Se estou  bêbado surrado no canto, tenho valor para o dono do bar, se não pago a conta, fico por conta dos que entendem  meu penar, não me admira  que ninguém sinta pena, pois entre uma dose e outra perco minha humildade, pois sei que nenhuma bebida no mundo alivia minha saudade 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Futuro do meu passado

 É  comum ser incapaz, porque se para alguns tanto faz, para mim ainda mais.

Se estou vivendo e tua lembrança  persiste, em cada um de nós existe, certeza e sombra de não ter.

Olhando ao redor, conto nos dedos as cidades e as pessoas, onze e quando me perco, apenas um.

Qualquer  um de nós tem no peito escombros escondidos  de algo que passou, de algo que desmoronou, não é preciso, provável  ou possível  reconstruir, jogamos uma cortina, fingimos que nunca existiu  ou que sempre esteve ali, sempre foi assim... nada aconteceu, isso não é  meu...olho pro lado, acendo um cigarro: mais um dia que virá  no futuro do meu passado.