quinta-feira, 22 de abril de 2021

Seu rosto no carro

 

É  a vida que segue, sem dor e desvio, a vida que tem por um fio as explicações  sem sentido.  É  o andar dos bêbados e das crianças, na vertente cega de quem tem o mundo pela frente e não pode, no de repente, estagnar a espera. Está escrito no rascunho amassado, que nunca ligamos, o plano  torto e  razoável. É  que alguns se apaixonam pelas circunstâncias  e momentos, pintores de um retrato do tempo, que passa, mas acha que a pintura deve ser sempre a realidade. Loucos melancólicos e nostálgicos, odiados principalmente  e profundamente  por si mesmos. Meus parabéns, o irmão do teu coração agora tem vida própria, autoconfiança e solidão... um surto desistente de rostos distorcidos, amargos e gemidos,imagino: dúvida que nos devora, por agora, eu só não tenho a direção... E vem de longe um carro desgovernado, que muito me assusta e preocupa, vendo contra luz; é  a vida que segue.



*poesia já escrita*

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Eu disse adeus...

 Meu caros amigos e amigas, muitas vezes somente leitores, por diversas vezes anônimos, ou mesmo números que visitaram, por anos a fio neste espaço de sentimentos e não sentimentos.

Hoje não é um dia especial, nem um dia como outro qualquer... Apenas um dia que eu escolhi como um fim para esse blog...

A poesia vai viver, a poesia vai sobreviver, nós humanos não... tudo passará (corpo, alma, amor, dor sofrimento, saudade, arrependimento... tudo) mas a poesia ficará...

Mas a poesia não é sentimento. Ai é que está o GRANDE mistério da poesia e até desse blog. Aqui não é o meu sentimento, mas o SEU sentimento, ISSO MEU AMIGO(a) leitor, não é sobre o que você acha que eu estou sentindo ao escrever, mas o que você sente, seu sentimento, seu sentir.

Eu em alguns anos deixarei de existe, com tudo que represento e claro que você também, mas todas estas palavras não. E se um dia eu escrevi sobre saudade (sentindo ou não) isso não importará, quem ler pode rir, chorar ou sentir saudade também... o que estará vivo não será o que eu senti, mas aquilo que esse alguém leu.

Por isso a poesia, depois de escrita, deixa de ser reflexo do que o escritor sente e passa ser "domínio" do coração de outrem. Até mesmo eu, já escrevi coisa sentindo algo e anos após, lendo novamente, senti outras emoções.

Ah! sei que vai me perguntar se o que escrevo é sobre mim (autobiografia sentimental). SIM, tudo é sobre o que eu sinto, mas nem sempre de dentro para fora, as vezes o que sinto de fora para dentro, o que meus olhos me dizem e meu coração traduz. 

Em muitas vezes as pessoas chegavam e perguntavam "Foi pra mim? Porque você falou coisas que tem tudo a ver comigo"

E em outras vezes eu dizia: É pra você em tal situação ou aspecto e a pessoa "nossa nunca ia saber"

Entendeu?

Acho que POUQUISSIMAS vezes eu cheguei a explicar as poesias, rara vezes, mesmo porque ODEIO fazer isso, afinal as entrelinhas das frases eram meus refúgios para dizer o que penso, sem realmente dizer.

Sim, claro que muitas vezes senti algo forte e precisava escrever, outras me obriguei a escrever, outras (juro que é verdade) simplesmente escrevi a primeira palavra que vinha na cabeça.

No começo do blog eu passava por uma desilusão amorosa, que só foi desilusão por culpa minha (infantilidade e erros imperdoáveis) então escrevia de forma direta, direta até demais. Criava marcadores para tentar mandar indiretas. Tudo bobagem, hoje vejo que nada disso era relevante (como MUITA coisa nesse blog)

Então usei o blog, por algum tempo, como carta para um correio sem endereço, achando e esperando que os destinatários viessem aqui para ler (nunca vou saber se o fizeram) provavelmente nunca vieram e pouco ligam para o que escrevi. E isso não me deixa frustrado ou triste; é natural, coisas da vida.

Com o passar do tempo vieram outras sensações, decepções, medos desejos e o blog se manteve ativo... SEGREDO: em alguns anos criei uma "obrigação" de ter pelo menos UMA poesia a cada mês (toque para ter um ano completo). 

Teve mês que eu escrevi MUITO, teve dia que escrevi mais de uma vez e já teve mês que esqueci de publicar.

O blog nos meus relacionamentos também foram problemas e o motivo era sempre o mesmo:  Você parece sentir sempre uma saudade e uma nostalgia por um alguém que não está mais em sua vida. No começo sim, era para uma pessoa em específico, mas depois essa saudade virou a tônica do blog, escrever sobre isso me fascina! O blog criou vida própria, além de mim, além de qualquer saudade. Em resumo, era sobre algo ou alguém, mas por tanto aprender a escrever assim, continuei e o blog virou uma carta de saudade eterna... e não tinha mais como atrás.

Claro, vez ou outra a poesia destoava, mas sempre voltava a esse tema "negativo", pois eu gosto de escrever sobre e via que as pessoas também gostavam de ler.

AS PESSOAS ME PROCURAVAM AQUI E ACABAM SE ENCONTRANDO.

Com o passar do tempo as pessoas abandonaram a ideia que eu sempre estava passando por uma situação difícil, até chegaram a cogitar que eu estava à beira do suicídio (risos). 

Sobre a saudade, sim, sou apaixonado por essa palavra, por esse sentimento, busquei conceituar, delimitar, explicar, mas acho que fracassei... Perdi pessoas importantes na minha vida e a tentativa de colocar a saudade no papel era para dizer que eu a domino... ledo engano.

Esses tempos, difíceis, eu tenho me distanciado muito do blog, melhor dizendo, do que eu achava que ele era e não mais acho que devo fazer isso: escrever pensando no que as pessoas vão pensar... Funcionava bem quando EU ESCREVIA sem me importar com o julgamento.
Mas a verdade é que existem fatores a serem levados em conta: já estou com 30 anos (quando comecei aqui tinha 18 para 19 anos) hoje tenho uma profissão que me toma tempo e consciência. Já tenho outras prioridades (mas não deixei os sentimentos que sempre tive).

Caminho para a maturidade, sem deixar de ter uma pontada no coração de pensar no passar no tempo.

Sei que já me despedi milhões de vezes deste blog, mas dessa vez será definitivo.

Agradeço a todos vocês os bons e os ruins de coração, que vieram aqui, leram, escreveram, xingaram, disseram que nunca mais ia entrar, vocês me ajudaram em diversas oportunidades.
Ficarão as marcas, mágoas e pensamentos.

Aviso que deixarei o blog ATIVO por algum tempo (não sei quando tempo) mas que depois irei DESATIVAR e deixar o acesso apenas para mim (vai que um dia eu lance um livro com essas poesias)

E quero, claro, me desculpar, nunca quis magoar ninguém, mesmo fazendo, e sei que é erro do mesmo jeito. Esse texto eu fiz com a máxima sinceridade possível. 

Hoje sou um homem diferente e consciente, me chamaram de muitas coisas, até mesmo de poeta, mas eu sei que nunca fui um poeta, na verdade eu sou poesia.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

No morro do santo cristo eu chorei

 Os tropeços no trópico faria capricórnio ter pena. 

O mundo zen do zodíaco está no céu escuro que você queria.

Nem coragem, nem gratidão, apenas havia um fotógrafo a desenhar teu sorriso; não estava só, não  ali, não  naquele momento.

E há quem prefere  viver as dores no papel e os amores no próximo carrossel.

Sei que não se lembra, mas a tenda que falta, faz falta a esmeralda e a fortaleza, imensa certeza que as bruxas estão servindo comida, quando um artista  de rua pinta uma lua com o dedo.

Olha o frio no chão, os caroços espalhados, e um rastro líquido no chão.

O que não se cansa, na rima onde tudo se vende, máscaras e canetas.

O mesmo motorista que me guia, entrega o troco, as mulheres nas ruas não têm vergonha, os homens menos ainda...

E por tudo, por tanto, por infinita  mágoa... os remédios entregues no apartamento são os que não saem da minha cabeça, o motivo e o vetor de tanta dor, paradoxalmente, o doente nunca quis se curar

E será que sem ar, na serra ou no mar eu terei paz ? Que a vitória será dos desolados e onde deixou sua fala eu estava em presença?

Onde havia a maravilha eu era a verdade?

Se em nós habita animais, nada mais do pão e sangue...

E por fim e para sempre fim: dessa vez um homem vai montado em seu cavalo e, infelizmente, ele não está  sozinho.

sábado, 3 de abril de 2021

Chuva em Brasília

 Tá na janela a chuva, na rua a curva que dobra a cidade e o carro aberto.

Faz barulho e incomoda, na madrugada toda zoada faz nossa cabeça doer. Todo silêncio é  barulho que estraga o sono.

Ao ler minha poesia não decifre  minhas palavras, pois sentimentos são  mensagens  dos olhos.


Qual lembrança te faz  lembrar ?