domingo, 30 de outubro de 2016

Nas minhas orações.

Eu não consigo me ouvir com tanto barulho lá fora.
Seus gritos e o domingo lento me deixam preso ás cinco da tarde.
Eu não quero e nem pretendo entender tudo ao meu redor, pouco me importa se a poeira baixar.
Essa semana foi muito confusa, todas as luzes da cidade estavam acesa, como se deixasse claro nosso medo do escuro.
É que tua ausência, cada vez mais presente, parece filme dos anos oitenta, quando se fecham as luzes e se apagam as cortinas, só vemos um acenar de mão ofuscado.
Quem nunca teve angústia e inquietude, ao se ver sem ter pra onde ir?
Qual de vocês não percebeu que qualquer rua que andava nunca dava em nenhum lugar e se sentou sozinho na praça vazia.
Essa semana vou buscar mais forças e quem saber me preocupar menos com meu estado de espírito, para que as tardes vazias de domingo sejam preocupação do tempo e não minhas.

Disse isso, terminou suas orações, prometeu para si mesma que nunca mais iria se sentir mal ou esperar por alguém que nada espera, pegou o cobertor e foi dormir às seis da tarde, de um domingo que teimava não terminar. E ela tinha, ainda, muito o que dizer.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Aurora e a cidade violenta.

Faltou tempo para gente viver tudo que podíamos.
Um segundo descarna e desnuda os meios fios das calçadas.
Temos sempre no sorriso uma pontada no coração, lapidado das horas mais sem sentido do dia.
É que a chuva não me deixou sair hoje!
Mas não somos crianças, mas temos medos, medos que só os adultos têm.
Abandonei as velhas lembranças e fui viver num presente mais meu.
Encarei minha realidade como quem encara um velho amigo, com sobriedade e elegância.
Fui convencendo meus defeitos que pior que tudo isso é a impaciência dos que nunca esperaram.
Acumulei meus desgostos do dia-a-dia e tomei tudo nas vertentes do entardecer.
Fiz do meu elo cerimônia de despedida, reencontrando o velho hábito de perder a esperança no primeiro soar dos sinos.
Porém, quanto afoito, calei-me primavera, sem receio ou sarcasmo, dando adeus aos lençóis vermelhos e apontando para o marasmo.
Afinal, todo ano tem um ano novo, para que eu, de novo, esqueça das promessa que fiz, de quem sabe, esse ano, me importe menos em tentar ser feliz.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Em mãos do Éden

O dia passou lento, eu vi as distâncias aos meus olhos, teus desconexos dizeres.
O coração da gente se aperta, sem motivo, outras vezes os motivos são tantos que nem queremos falar.
Já se sentiu assim? querendo vencer angústia num encontro premeditado pelo destino.
Quando o sorriso é só fachada, coisas dessa vida,duas portas de entrada, uma para norte outra para a saída.
Solidão que nada, somos insensatos demais para entender o que se passa em cada coração.
E quem se foi, ou pensou ter ido, está distante e arrependido, querendo decifrar poesias e saudades, pobres diabos, nós mesmos, reféns marcados dessas segundas, à noite, inesperadas, para que o resto da semana seja feita de filosofia barata.
E por fim, você não entende o que eu falo, afinal a vida é incerta, cada caso é um caso, e a gente pode ser feliz por um acaso?

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Brado

Quando a gente é obrigado a falar  o que pessoas querem ouvir, só vem da angústia que nos corrói por dentro, quantas e quantas vezes não destruímos os muros da nossa alma, só pra não desmoronar o sorriso alheio. Valeu a pena?.
Farei oração em forma de poesia para que tua noite fria não se transforme em solidão, que os ventos e as marés desaguem tuas lágrimas.
 Já que sei que você anda triste, sorrindo e apático, desconfio que te dói, assim como nos demais, saber da ingratidão e do abandono nas horas mais difíceis. Hey! Não existe hora certa para algo errado, cuidado, há sempre alguém esperando o momento de te fazer mal, mentindo e contemplando teu penar.
Vai com calma com a vida, vai com calma ao confiar nas pessoas, tem prudência quando depositar sentimentos e sonhos, todos nós temos defeitos, e os efeitos dessa imperfeição estão nos rostos tristes de todo dia.
Quando faltar força e animo se abriga em tua alma, pede refúgio para os teus pensamentos, e quando nada der jeito, fica quieto até a tempestade passar, pois o que não falta é gente que na falta de faz sentir a maior desilusão.
E como no final de qualquer oração, sabendo que são nossas dores também, agradeço ao infinito e digo... amém.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Pacto

Não precisa ficar, não se teu desejo era ir embora e dar as costas. Quanto tempo tem que a gente não se vê?
Como queria te falar dos meus cadernos e sonhos secretos, dos bilhetes amassados no fundo da gaveta, mas me prometa que não fará mudar a cor dos olhos, da pele e do cheiro de coco.
Muitas vezes fiz o que achava certo, me achava esperto, mas não espero que isso vá mudar esse passado que passa dias e dias a me atormentar. Não imagine que meu coração não tem janela que dá direto para teu olhar, pudera eu esquecer esse passado ou quem sabe lá viver.
Mas lembro do teu nome, de todo detalhes desimportante, lembro da falta que faz dormir de madrugada.
Tua canção é colírio, mas agora o impasse é travessão que atravessa meu peito, agora o disfarce é que não sinto tudo que sinto, que agora posso te dar um abraço sincero, como se isso fosse a coisa mais simples do mundo. Nossos mundos se separaram, disso eu sei,  mas o universo é tão grande, meu coração tão pequeno, que amanhã o sol e a esperança me acordam.
Ouvi no rádio que você virou estrela, e eu, bobo, só esperando chegar a noite pra ver se te vejo no céu.

E o rádio:
"Na vida a gente tem que entender que um nasce pra sofrer, enquanto o outro ri"

domingo, 9 de outubro de 2016

Carta e chocolates.

Rosa torpeza e púrpura pintada de asfalto e melancolia. 
Credora dos tempos e das horas que demoram de passar.
Faminta de alqueires, comemorando o fim do dia.
Veneza viva de alguns vinténs, forçando a barra do vai e vem.
Quando mais alcança a graça, mais praças e pedágios a lamentar.
Por dentro dos tapetes e cosmos teu rótulo de não saber o ninguém.

Varreu o décimo dia dado aos anjos, seguidores da divindade.
Dizendo assim que acabar a velhice no mundo, eu me cubro de santidade.
Reunidos em estardalhaço, no propósito de pedir desculpa.
Pois se atrasou pra chegar mais cedo, esperando ter mais tempo.
Agradou aos aldeões e que dos males nada tinham culpa.
Caiu a lágrima no lenço, que aguardava desatento.

Agora sorrio atravessado, um amarelo meio amargurado.
Pensando altivo ser esse aperto no peito só alerta.
Querendo estar errado que teu erro foi só descuido.
Pois minha santa não tem andor, sequer e quiçá carregado.
Tendo uma ponta de arrependimento a gente até releva
Mas fazendo sofrer quem a gente gosta, ah, ai é demais... é muito.

sábado, 8 de outubro de 2016

Libélula.

Pra fechar esse dia com chave de ouro.


São de ouro teus olhos, mas sem conduzir energia, são de sinônimos teus sóis e sílabas. Vai dizer pelo resto da vida que meu sorriso e abraço é encontrado em qualquer esquina, mas eu receio que é verdade tudo que digo.
Você é ferida dos longos dias cansados, na certeza de que a existência não mais existirá, a angústia de acordar a noite sem nada que console.
Qualquer dia desses dias especiais, mas ninguém se importa, quem está lado a lado e faz do convívio só conversa fiada.
Talvez não seja o melhor momento para dizer a coisa certa, mas a gente sempre, sempre mesmo, tem algo pra reclamar.
O que você faz quando descobre que a pessoa que você ama não é te ama tanto assim?
E quando o mundo desaba e você se sente mais escombro que sobrevivente?
Ah, eu não sei disso, sou criança que vai pra escola, que não sabe de nada, não sabe da vida, sou menino incoerente que só te vê finais de semana, não tenho medo da morte, ainda não penso nisso, tenho muita sorte, que a noite só penso em acordar no outro dia.
Sou adulto que constrói futuro que não há, querendo, ou queria, só estar perto de você, mas que agora tem medo das noites longas, e ora pra acordar no outro dia, já tendo consciência que algo, algum dia, pode e vai dar errado.
Sou velho, receoso e contrariado, arrependido ou frustrado, de não ter te visto no parque ou na praça de bairro, que sabe que mais cedo ou mais tarde tudo se findará. Sou mesmo aquele enfermo que nada pode esperar, senão o fim da vida e a profunda mágoa de não ter realizado seu sonho.
Agora? Sou todo mundo, mas ainda quero, só por um segundo, teu abraço.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Achou que ia ter tristeza?

Pensei muito em postar ou não no dia do meu aniversário, mas achei que seria legal, postar. Vamos comigo?


Gostei muito de ter 25 anos: Pude cantar com verdade a música "tenho 25 anos de sonho, e de sangue e de américa do sul" conquistei e perdi muitas coisas, mas amadureci de uma forma sem igual. Fazer aniversário, para mim, é sempre um dia emblemático, mas eu gosto, esse ano quis retirar a notificação do face, não por querer ser o "dark" rsrrs, nada disso, mas pq eu tenho preguiça de agradecer a todos ou postar uma frase agradecendo, acho isso tão piegas! E claro, só os que se lembram vão lembrar (rssrrs dã)

Viram que esse texto não teve poesia até agora? 
Sobre ter mais um ano de vida, prefiro ser mórbido: na verdade é um ano a menos rsrrsrs.

Até agora recebi dois parabéns, um não é da conta de vocês e o outro foi da editora juspodivm que me deu 35% de desconto! Que legal!!!

Passei muitas coisas nesse blog, desde 2010, muita besteira, conversa fiada, de verdade, ele foi/é MUITO importante pra mim! Mas sinto que esse ano será o último dele! Tenho que encontrar outra coisa pra desaguar meus desenganos (oxalá Vander Lee). Por isso resolvi postar até dezembro, depois disso, Jah sabe!Como dizia, ele é uma ferramente de desabafar, brincar, brigar, sorrir e chorar, mas ele é, sobretudo, meu "querido diário", acho que pra selar esse "fim" vou reunir os textos mais legais e publicar, sei lá, pra ter de lembrança.... Quem sabe daqui a 50 anos alguém não entre aqui e veja...sei lá. 

Obrigado todos anônimos e descrentes, inimigos e amores que perdem seu tempo para ler, às vezes comentar, aqui! Obrigado por estarem ao meu lado todos estes anos.
Parabéns para mim e, principalmente, para me aguentou todo esse tempo, e um abraço de luz para quem ficou pelo caminho.



quarta-feira, 5 de outubro de 2016

As músicas dos pelegrinos

Cavernas e tormentas, são os dias e as dores dos homens.
Pois não se querem ver os terrores dos olhos e dos precipícios. O poder que tem um sorriso de acabar com a alegria.
Não vejo vultos ou virtudes, folhas na copa da cerejeira, março mal contado, abandona o som quando nada se ouve. A falácia de ferir-se feito um sem rumo que procura o que nem sequer sabe.
Se teu corpo com vento balança, se não se ergues em força própria... bobagem, tudo se limita e imita os males do esquecer.
É verdade, se tão próximo a felicidade o ardor, que fugia em rumo estreito, quando amparei estrelas pelo céu nublado, mas o azul profundo do mar nos envolve, mesmo que o sol brilhe solto lá em cima, onde de cá não podemos ver estrelas, sequer do mar.
Se sorri, sem sombra de dúvidas, se fingi penar, sem a alegria disfarçar, pode ser que sim, manobrar-se em euforia, com toda a insensatez que parece, te deixar com as preces e os aplausos, se vai quando nada de bom na mente te vem, mas tudo bem, de nada se espera dos que nada reconhecem.
Mas nos pequenos detalhes a mudança, há mudança, os ventos e as vertigens nos abraçam em campo aberto, nos despedaçam próprios e prontos. Você sempre comete os mesmo erros, buscando sempre os mesmos acertos, mas quando ignora seus arrependimentos, terá sempre um para deixar o barco seguir sozinho maré adentro.
Não são covardes nem aproveitadores, seguiram seu clico de pessoas pequenas, fizeram de tua lembrança, ancora e arena, lutaram seus medos em teu campo de batalham, venceram e fizeram sangrar em teu terreno, para que pudessem voar, para onde forem ou façam sentido, e te sobra, não entender o que se passou, mas imaginar o que virá.