domingo, 23 de abril de 2017

Rindo ao telefone

Meu sonho encantado e distante, quanto tempo eu me perdi...
'Quando eu era sem ninguém e não tinha amor nenhum, meu coração batia...tum, tum, tum'
Como vou ouvir a rótula do céu, fazendo sombra no arco seco das pontes esqueléticas e coloridas.

Você vai rir de mim, mas um dia cada sorriso seu será uma lágrima, na tela desse computador irá transbordar meu silêncio sem poesia, para quem dia você veja que esteve na sua mão a espada e o escudo, e você preferiu não lutar. Não lutou, e eu, tanto que fiz por você...

Essa semana não vai chover, vai ter muito relatório e eu não vou poder te ver, mas domingo vai ter circo, e eu vou me perder por ai.

Vários tons e timbres, nos planos cartesianos da mesa de jantar, onde demora de engolir engasgado, travado com amargura e comida, vários vinhos tintos e tontos nos derrubam para fora da porta de casa, como fruta desconhecida que vem de longe, como folha que adormece a boca, como o frio do maio que te deixa rouca.

Roupa, louça, tudo isso te deixa louca ter que terminar o estudo do corpo, do rosto e ter coragem para levantar, arrumar a casa e a vida, esperando que cada partida seja regada com menos um adeus. A propósito deixei a lista dos codinomes que enfraqueceram teu armário, como se nada fizesse sentido nas mais longas tardes de outono, por onde começava as flores frias que te entregam com buque.

No dia do teu ano, um belo presente "eu te amo" e escondia outro poema deselegante, no pedaço de papel pouca rima e coerência, métrica nem se fala, mas mesmo assim a cama partilhava desconserto e nojo e virar a noite com ânsia de vomitar.

Quando de repente surge e irrompe manhã de setembro, e eu relembro que a vida (como ela for) não pode parar, que o novo vem e que assim virá, que o passado ficou perdido no meio de junho, e eu cerrando o punho (seja lá por que for) grito: HOJE, SÓ HOJE, NÃO VOU CHORAR.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Na vida, Na caSINHA.

Quando a tarde parece tão vazia quando a casa, quando o sol entra manso pela metade da porta aberta e eu tenho essa descoberta que aqui dentro o vazio é cheio de alguma coisa.
E esse aperto que incomoda me faz perder o gosto da comida, me faz sentir que a vida está andando pelo rumo contrário, sentido que falta alguma coisa.
E todas as palavras sem sentido que sentem que desperdiço tempo e poesia, com bobagens e distâncias incompreensíveis, dilatando escritas e cartas pueris, querendo dizer sabe-se-lá o que. 
Só assim então para eu me aliviar, desde que teu cheiro não encontre meu paladar e que teu retrato não amarele com o tempo, quando eu me engano pouco e estranho do sorriso fraco fingindo chorar.
Fazendo gestos de longe dizendo "não", se esconde, ele está prestes a chegar, fechando os olhos com a dor profunda, orando e só dizendo "quero te abraçar".
Talvez isso porque é tudo muito estranho e impiedoso. Quando começamos a nos perder? e não fosse todo esse chão poderíamos discutir melhor o que aconteceu, quem sabe até nada resolver, mas ainda assim fim de lua na beira da cancela sabia que o sentimento era verdadeiro, por mais que no derradeiro dia do mês de maio eu me atraso e me atraio por bebida de beira de estrada.
Por mais que seja pouco, a gente canta rouco o melhor timbre para despedida, um sol qualquer, desafinado e fora do tempo, e você perdida no pensamento, onde eu estaria...
E eu cheio de palavras prontas te deixei tonta, com a certeza que tudo isso é passageiro, ou sei lá, ninguém me disse o jeito certo de viver, pior que isso, nunca me disse o jeito certo de errar.

Falta eu explicar o que não te expliquei, mas sei que TUDO ISSO é concreto, não sabendo o que é digo, deve ser alguma coisa.

sábado, 15 de abril de 2017

Chuva na praça.

Sua voz não quis me ouvir e eu quis chorar silencioso, meu óculos escuro e a chuva me faziam 'desambientar' e o que molha meu rosto, seja desgosto ou lágrimas de chuva.
Olha como floresceu, lírios e flores do campo, alecrins e tantos outros que não sei o nome.
Em planície aberta, muitas rosas ao alcance da mão que quer tocar o passado, já que havia chorado por não conseguir ter voltado e quando tudo muda, a vida fica muda e a gente não se resolve.

Quando puder te encontrar e dizer em todo esse silêncio; que o mundo tem andando louco, tem me deixado dormir pouco e me afastado do sorriso, por isso, quanto mais eu puder me calar e falar nos braços que trago esses traços de rancor e solidão, toda a poesia não foi em vão, mesmo que teu corpo esteja completo, repleto ao espelho das vivas águas marinhas do oceano pacífico.

Venho apanhando da vida, com a barba cumprida ou sempre por fazer, por falar nisso, quando passei por aquela praça, aquela que a gente ficava, eu senti o perito arder, apertar e doer, mas ninguém viu, baixei a cabeça e passei despercebido e desapercebido, caiu a chuva me molhando, preferi ficar sentando no velho banco, pouco me importa se gritam que estou louco, as flores não iriam murchar facilmente.

Não vai acreditar no meu poema, mesmo com esse dilema de solidão sozinho, eu vou fazendo fé no destino, apostando que qualquer menino vai te entregar essa carta, para que mais tarde eu possa saber, 'com a certeza ventilada de poesia' que você sorriu lendo, mas o dia não amanhece e quase que a gente se esquece de dizer boa noite.

E sempre que eu ver os teus, que eram meus, irei com gosto de saudade amarga na boca, sentir que a vida é louca, e você vai saber e por mais se não achar o que procura, toda essa loucura ainda vai nos enlouquecer. 

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Limão e lembranças.

Olha esse barulho e esse vento, algo de estranho e perturbador por dentro. Sinto minha solidão me fazer companhia e desejar ir embora.
E não virá na próxima semana, como não veio na semana que passou, o copo sob a mesa, sobre as coisas que eu jamais gostaria de conversar; a poesia me salvou nesse dia.
O lapso de loucura e liberdade e o nosso apego infantil ao passado e esse medo, bobo, do futuro disso tudo o que é menos real e coerente é sempre o próprio presente.

Vou continuar meus passos, talvez não no meu caminho, olhando o portão entreaberto esperando sua entrada, nesse sol forte, nesse calor intenso, que não explica esse frio que tenho por dentro, que em nenhum momento tem explicação; a poesia me salvou essa semana.
Como eu vou viver com esse aperto no peito pro resto da vida, se cada despedida minha é uma dor passiva, aquela que aparece no meio do sorriso de sábado a tarde,

Quando pensar em mim me avise que, olha o quanto é cruel toda essa situação, gente andando na rua de cabeça baixa, com o coração doendo sabe-se-lá o porquê, e eu tentando entender essa dificuldade de esquecer; esse mês a poesia me salvou.

Agora que eu desconheço descalço o sabor amargo dessa noite distante e calada.
As coisas não são tão simples, há um mundo lá fora e um universo aqui dentro, por isso prefiro o tempo passar, sei machuca enquanto puder, mas se é assim que deve ser, melhor seria como quisermos, mas que confusão essa de não saber como as coisas acontecerão, espero que dê tudo certo e que tudo de errado seja esquecido, daqui pra frente ou até essa distância se conformar. Esse ano a poesia me salvará.


Por essas e outras que eu prefiro não reagir no calor do frio da madrugada, quando a gente tem a certeza que tudo que diz pode criar uma mágoa enorme num coração frágil ou pior, fazer todos os bons momentos serem motivos para lágrimas, bom, a gente pensa duas vezes. Quanto mais a vida passa, e esse medo cresce, eu queria dizer, tudo bem que entre lágrimas e choro, que eu não tenho culpa de nada, queria ser diferente, mas agora, sou igual, a mim mesmo quando estou sozinho, e daqui pra frente, e em cada despedida, Espero que a poesia salve a minha vida