segunda-feira, 10 de julho de 2017

Camareira de luz.

Debaixo de um teto segurando minha mão, conheço tua dor no peito como conheço essa solidão.
A verdade é que a gente vai mentindo e descobrindo que as pessoas que tanto nos cobraram lucidez são, de tudo uma vez, pessoas sem pudor ou sensatez. 

Migalhas de tempo, cronometrando um destino infiel, suportando o frio, mesmo com sol no céu, adormecendo no relento.

Para que entres na vida pela porta de frente, negando ser desse mundo, se contorcendo de medo de tristeza, vendo o tal do amor fugir pela porta do fundo.

E verás, nas veredas das frestas e das janelas que o compasso marcado da distância, e o barulho das distâncias, escolhas e escolas, que ensinam que a infância é facínora quando a gente descobre que o mundo é cruel e as pessoas se divertem com isso.

Que esteja pronto nos meus lábios o desatino e o desencanto, e pegando fogo nos meus olhos a coragem de deixar tudo de lado e seguir em frente.

A noite vai acabar, e que com ela se acabe as angústias, amores, férias e precipitações, pois essa semana vou estar escondido no som surdo das palavras não ditas.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Quando partiu sem direção

Não compreendia o fim da dor como o fim do existir, não via nas pessoas nada que me alegrasse e sabia que a chave de todo esse conflito de tristeza era eu.
Só cabia a mim decidir, não queria te afastar você estando perto, e em cada triste despedida, me doía ser eu por toda minha vida.
Em outros tempos eu era infeliz, desse mesmo jeito, só que não admitia.
E eu contei tudo, disse tudo que meu corpo desnudo e minha alma sórdida quis e podiam dizer.
Até as dores mais incompreensíveis, e eu resolvi fugir, para encontrar meu caminho e contar que me perdi várias vezes, mas alguém já está dormindo em silêncio, despreocupado, trabalho cedo no outro dia, ao teu lado, besteira, só queria dizer que fiz o que podia, o que devia, o que prometi e nunca deveria ter feito.
Agora olho para os quatro cantos do quarto com olhos cheios de lágrimas procurando uma solução para tudo que eu criei de problemas, vai ver que a vida não respeita certos momentos da nossa vida.

Mas há um gosto de gim na sua boca, já conhece o mundo por outros olhos, mesmo deixando de vir todo fim de mês para seu mundo, a destino vagabundo, pra ver o sol menos forte na ponta das montanhas.

Tudo bem, era de se esperar, pra quem tem um olhar profundo e opaco qualquer luz solar incomoda as vistas.

Mas não há fim para o que a gente traz no peito, por isso faça as coisas por você, que pelos outros a gente só pode fazer falta.

Ao teu lado.

Respire baixo, pode acordar quem está ao seu lado-do seu corpo- mas seu coração bate em silêncio, compasso lento, ladrilhando as paredes em que estão pousadas as borboletas do teu estomago.
Seu tempo precioso, receoso e ressentido não pode ser perdido com fantasmas cheios de sangue quente e mãos vazias.

Como porres, valentes verdadeiros, o sistema nervoso se desloca errante pelo corpo, um respiro morno, matutino, mostrando que o frio nas extremidades do corpo é pura falta de controle.

Quanta vontade de chorar, quanta vontade de chorar... quanta vontade de chorar.

E por essa noite não chorarei, pois o dia tem universos durante as horas e a gente é só poeira cósmica no passar dos minutos.

Quando você chegar ou eu for.

Queria te dar um abraço agora, apertado, como não faço há muito tempo.. e chorar como criança que tomou uma queda.
Porque é difícil saber se isso que sinto é dor na alma ou no corpo, saber se o frio que sinto no rosto é o vento gelado ou lágrima querendo sair.
Teu primo, teu sino e sotaque, velas de um barco aceso. Como se lesse Vitor Hugo todo dia 12 do mês de julho, como ato espúrio de mentiras e manivelas.
Mas mesmo com o corpo paralisado arrisquei um "olá", sem saber conviver com essa coisa aqui dentro, querendo ser sútil e direto nas palavras, como das vezes que a gente se recusa a sorrir- e quer dizer "não estou bem, me deixa dormir"-
Quando alguém que sabe da tua história te conta algo que te destrói por dentro, que te tira a pintura do sorriso-mesmo estando pendurado na parede de teu quarto- e você por dentro sentido amargura e vontade de ficar só, mas tem que fazer sala, com um selo invisível escrito "não me importo mais, já estou bem." Que bem que nada, a gente lembra e se depara com coisas que nos fazem tão mal, mas tão mal que se as pessoas soubessem evitariam de dizer besteiras e saudades.

Um desabafo de meio de semana, doença inesperada de retina pura e clara, inocência de quem não faz ideia de que as palavras dilaceram mais que navalha- como é difícil-

Quando você chegar, me fala da tua saudade, dela quero me alimentar, seja em sonhos ou em pouca distância. Mas se não vier, me avisa, que eu paro de achar esse tempo de solidão bom, já que iria acabar.

E quando nada fizer sentido, para mim ou para você, se desveste dessas coisas do mundo, que nos apertam e nos corrompem, já que a morte vem, e como a vida vai a gente passa desapercebido, sem ter certeza se viveu ou só esperou a tudo terminar.