segunda-feira, 26 de junho de 2017

Verão a única

Teu cheiro morando em meu passado, arquitetura dos teus olhos ensolarados, brise forte desse teu sorriso sensível, que tanta falta fez, que tanta falta faz, que tormento fará, sua falta e tempestades em finais de semana atônitos de setembro.
Entra julho puro e piramidal, e teu corpo no espelho em espiral, dos maiores e desconcertantes desencontros. Faz tanto tempo que a gente não se vê.
E quando cair a chuva desacostumada no para-brisa do meu carro, eu vou arrancar uma lembrança desse teu sorriso, pois as ruas do meu mundo tem mais estrelas pra gente olhar e te dizer que é preciso:

-Volta, volta sem pressa que a vida é essa volta toda que nos dá, que cada tempo que gente perdeu se perdeu na falta de tempo que a espera costuma aguardar.-

Conserva calado, o som dos passos apressados, daquela praça e dos semblantes dos andantes, que ninguém tem 15 anos pra sempre, mas sempre vai ter do que lembrar. Outra hora a gente descobre que amanheceu, que amadureceu, que reconheceu que queria ficar um pouco mais, com um pouco mais de sorte a gente também descobre que se descobrir foi a melhor descoberta dessa semana.

As escadas e os escombros que moldaram teu corpo e espírito, os esconderijos e âncoras, que crucificaram as primaveras, compreendiam melhor que nos teus medos e mantras, quando se escondia debaixo da cama com medo de o mundo e as coisas de repente mudar, tinha um pouco mais que saudade.

Quando olhei pro lado vi muitos fugindo da chuva, ri desconcertado, não vi vantagem alguma; fiquei sentado no banco sendo maestro das flores do chão, perdendo a conta, nos cantos, dos pingos que caiam ,  balé muito bem ensaiado, como se eu mesmo fosse bailarino dançando com a menina dos teus olhos, por tudo que eu tenha pensando, veja... orando para que tudo isso eu não tenha sonhado ou que novo te veja.

E eu entendi cada palavra que me disse, mesmo quando não disse uma palavra, quando me contou que mudou de acordo com as notas frias do tempo, que precisou ter o rosto sereno quando o mundo desabou, que teu cais e porto seguro não segurou tão firme sua mão, que de novo teu castelo estava em construção e você não sabia a direção, saía na contramão, erguendo o braço para quem vinha, que não se reconhecia até se conhecer, mas que alguma coisa, e até para ser forte era difícil, quando o melhor era chorar, e nos vendavais das semanas solitárias se esculpiu em solidões, tendo a rua companheira confidente desconfiada. É verdade, todas as mentiras e poemas desperdiçados com a maturidade, te fizeram outra pessoa, mas algo não mudou, seja lá o que for, ainda está lá, não em nada mudou, a gente vê nos teus olhos, acho que o nome dessa coisa é amor.


sábado, 10 de junho de 2017

Sete ondas de outubro

Em meu nome são os tempos da igualdade, por mais feridas que eu tenha. Marco no calendário o mesmo dia que a luz acende.Você foi a erva daninha que danificou meu jardim, sugou a paz que havia antes de qualquer ventania, por isso meus olhos não mais pousaram em você, por isso fingirei que não existe, porque, na verdade, você nunca existiu.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Metálico

Mesa de bar, um rosto surrado e um cigarro à meia luz se apagando como o brilho do olhar e a lâmpada que o garçom fez questão de desligar para me por para fora...
Varrendo o chão lentamente e me olhando, em seu pensamento; misto de 'pobre diabo' e 'diabo pobre'.
Essa resquício de uma tarde melancólica e parada, com o vento soprando o próprio vento para frente.
Nas casas as placas de "vendo" no meu peito o maior descontentamento que existe.
Onde você está agora? Qual rua? Qual praça? Qual esquina? Imagina se eu soubesse... não iria te ver, mas me tranquilizaria qualquer noticia do seu paradeiro.
O garçom compadeceu da minha tristeza, estampada no meu semblante estúpido, mas estava mais consternado com seu sono e cansaço, me deu um abraço, a conta e um até logo.

Eu vaguei por horas, e cada demora em um bar, um copo do pior conhaque me fazia sentir melhor, perto do dia, amanheci...adormeci largado na sarjeta, me poupem dos seus medos e penas, eu estou onde queria estar...

Já recuperado e sujo, em casa sentando na cama com um vinho barato no chão, não me arrependo de nada, as feridas e frustrações que trago na pele poderiam me inibir de repetir, mas a noite o corpo implora para alma deixar sair, quando não dele mesmo, de casa.

Enquanto a tarde não acaba, eu grito essa merda toda, misantropia e distimia, arritmia do meu coração sem cadência, compasso e interesse. Quero que esse  mundo e e esse vinho acabe num gole, que a vida me implore perdão e paciência.

E o que me traz dor também me alivia, mesmo a fonte das lágrimas é onde limpo minha alma, deixa eu traduzir: o mal que vem de você também me traz paz, ora me faz rir. E o barulho da tua voz, e esse meu desejo imundo, daria sim, meio mundo por um abraço mudo.

A promessa de um amanhã melhor não fará o hoje melhorar, ainda assim alivia saber que amanhã chegará. Mas que besteira eu estou pensando... o vinho acabou, nos teus dedos o desejo é colocado na boca, e eu com a voz rouca penso nunca ter visto isso antes. São os desenhos que teu corpo tem na escuridão que deveriam tocar minha pele, e quando besteira em tão pouco tempo a gente já se sente eterno...
Perdão, quando chega o fim da bebida a gente pensa como se fosse no fim da vida, procurando correndo outro bar, antes que alguém nos encontre.


terça-feira, 6 de junho de 2017

Cromado.

Os céticos e os cínicos, cães que guardam a sete chaves suas mentiras, tocando em ré maior os motivos que os distanciaram, como se deixasse claro que nunca deveriam ter se aproximado.
Senhores e senhoras do abandono, do sorriso amargo e do olhar falso, distêmicos, distantes e pálidos, tentando Thanatos tomar consciência que as coisas costumam dar errado sempre.
E seu silêncio constrangido no pior momento, temido, esperando que volte ao normal o mal que não deveriam fazer tudo se desequilibrar.
A distância nunca foi a melhor opção, deixar um barco sozinho no oceano perdido, à deriva delirando, jamais fará com que ele volte ao cais.


Ágatas e agouros, festejos fúnebres, quando nós fingimos que acreditamos em nós, nos nós da garganta, na gargalhada estéreo e opaca, que denuncia que aqui há um velho rancor. Ranca de mim essa precipitação de poupar, acredite em mim, tudo que digo é sincero, ainda que espero que não entenda, mentiras e verdades querem dizem a mesma coisa. Meu pior disfarce não tem nada a ver com o que tenho por dentro, mas sim o que não quero passar por fora...

Por fim, vejo que sua distância me faz bem, ainda que hoje eu não perceba isso.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Quando se foi no dia dificil

Vou dizer sóbrio que sobrou coragem.
Coisas e começos causais, improváveis.
Tua presença inconstante e semanal.
Nossa pseudo promessa silenciosa e irracional.
A verdade que escondemos e nossa vontade insondável.
Que essa sensação ao te ver é desespero e vertigem.

Todos sabem que o tempo e a distância são pontos cegos no céu de estrela rajado, que o peito sabe bem como adiantar o tempo, rodar o relógio mais rápido... transformar milhares de quilômetros visíveis ao olhar.

Mas na pedra meu silêncio se contenta, observar a cidade adormecer, sob as luzes dos postes a gente descobre que era melhor nada descobrir