segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Aurora e a cidade violenta.

Faltou tempo para gente viver tudo que podíamos.
Um segundo descarna e desnuda os meios fios das calçadas.
Temos sempre no sorriso uma pontada no coração, lapidado das horas mais sem sentido do dia.
É que a chuva não me deixou sair hoje!
Mas não somos crianças, mas temos medos, medos que só os adultos têm.
Abandonei as velhas lembranças e fui viver num presente mais meu.
Encarei minha realidade como quem encara um velho amigo, com sobriedade e elegância.
Fui convencendo meus defeitos que pior que tudo isso é a impaciência dos que nunca esperaram.
Acumulei meus desgostos do dia-a-dia e tomei tudo nas vertentes do entardecer.
Fiz do meu elo cerimônia de despedida, reencontrando o velho hábito de perder a esperança no primeiro soar dos sinos.
Porém, quanto afoito, calei-me primavera, sem receio ou sarcasmo, dando adeus aos lençóis vermelhos e apontando para o marasmo.
Afinal, todo ano tem um ano novo, para que eu, de novo, esqueça das promessa que fiz, de quem sabe, esse ano, me importe menos em tentar ser feliz.

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