terça-feira, 5 de julho de 2016

Ande depressa

Ficou meu cheiro em teu cabelo, como se fosse de próposito o frio e a sinceridade.
Em mim ficou preenchido o vázio da noite passada, como se soubessem de nós toda a verdade.
Qual pontes que nos separam, aviões deslizando no céu anil, e os lábios sintiram sede e saudade de manhã de abril.
Como se teu perfume fosse de outra cidade, como se eu ainda fosse a válvula de escape, querendo eu mesmo escapar.
Como se nosso adeus fosse demorado e o reecontro inesperado, da mesma forma torta que você não imagina sua vida apartada dos meus braços.
Você só se diz calado, mas faz besteira como qualquer um de nós, vou escrever e depois tentar dormir, velar minha loucura e o barulho da minha cabeça, para não se esforçar em ser normal.
E temos em nós um labirinto chamado orgulho, um medo chamado saudade e uma vista para o mar das nossas solidões.
Certo que essa demora em ouvir tuas palavras são sentenças de precaução, em outros tempos choraria mágoas, mas o tempo é tão pequeno, o coração tão arredio, que eu me consolo das dores do peito e vou seguindo em frente, sem saber se estou no caminho certo ou voltando por onde vim.

2 comentários:

  1. "Mas o tempo é tão pequeno, o coração tão arredio, que eu me consolo das dores do peito e vou seguindo em frente, sem saber se estou no caminho certo ou voltando por onde vim."
    Amei ������

    Posso até não saber o caminho certo, mas o seu cheiro em meu cabelo eu tenho certeza que quero.

    ResponderExcluir