segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Colibri

Olha os barcos fugindo da costa, tantas coisas soltas; teu vestido branco na areia, teu pé descalço. O mar está pedindo perdão por não ter tanta beleza.

Não há saudade que te apavore, nem medo da morte que te estime, teu sorriso sublime tem meios próprios de sobreviver.
Vai ter por-do-sol vermelho, pegadas e canções, quem -bem e muito ao longe- abaixa a cabeça não tem certeza se sofre e chora teu coração, vai só imaginar onde estará teu céu e teu olhar.
Não é sobre dor esse poema, nem sobre saudade esse dilema. A gente vai sorrindo pouco a pouco, dia a dia, pra ver se um dia admite que esqueceu, das manhãs de sábado e das noites de domingo.

Ainda vejo o som que faz tua sombra, o mar está como sempre esteve, as ondas como se ruminassem à falta que faz teu balanço. Quanto tempo passa entre uma lembrança e outra, quem faz ideia das coisas que passam -milhões e milhões- na cabeça de qualquer pessoa, que onde esteja, estará presa em si mesma; e que agonia é estar-se preso em si todos os dias.

Vem ver o fim do dia, na cabana de praia, na sacada fria de tua janela, vem ver ela; a lua em sua falta de habilidade, encantar a noite.


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