quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Teorema de Pitágoras

O exagero me cabe o nu, retilíneo e descompassado, olhos azuis embaçados mirando a janela simétrica do qualquer amanhã.
Como pode o poema ser tão preciso, fazer tanto sentido se as palavras não traçam exatamente o que a gente tem dentro do coração?
Alvenaria e reboco, fazendo pouco com quase nada, de um tempo sortudo e ingrato, mancando os traços, sombreados e sem graça, sem regra e agrados. Correspondendo cantigas cômicas de uma rua que cheira e transpira infância "Que era só descer e dava no teu colégio, que era só dobrar a esquina e o prédio, no clube de piscina vazia que fazia a praça encher de gente... mesmo quando só tinha a nós".
Olha que bobagem comprar o terreno ali ao lado do céu preto, cinza e nublado, sem estrela dessa tua nova morada.
Serão, serias e sérias promessas, cada uma com sua própria corrente, fugindo da correnteza em pedra, qual não foi teu pior sorriso de primavera, a espera e no espanto de tanto e quanto, sem entender, temer a morte e os marinheiros.
Não se precipita no precipício, próprio dos fins de vida, ora corre desenfreado, ora se retraí esquecido e distraído. Sei que tem medo de deixar de existir e que se aguarda na vida, todos os pontos de luz da rua, como se fosse cada um lembrança e sorrisos.
 Teve um sonho de pousar e pausar os anos, continuou argumentando "por esse caminho daria certo"  mas como saber... se de lá ninguém jamais voltou.

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