terça-feira, 28 de novembro de 2017

Quase meia noite.

Ela anda por ai e não retorna aqui, finge que esqueceu e que não deveria sorrir.
As insanidades de suas mãos tropeçam na sua voz, nenhum de nós é capaz de dizer o que ela sentiu.
Sobrevoando plantações e rios de águas rasas, nosso navio parte esse mês, para alguns tanto fez que tempo fará.
Estava olhando os botões de rosa do jardim, fragilidade e tempo, só isso me vem na mente, enquanto contemplo a natureza, me sinto parte dela, para que ela se sinta parte de mim.
Pequenas coisas, como batente de madeiras nas portas, chão gelado e sofá inabitado.
Como correr do chuveiro direto para o cobertor, aqui nunca faz calor, nesse frio que corta os lábios e os labirintos mais perdidos de nossas lembranças.

Eu ainda era criança quando tudo isso aconteceu, por sorte não tomava conhecimento das verdades do mundo, pior, sequer concebia mundo, aliás, quis mesmo me deixar em paz, para a vida fosse mais importante que o dia de amanhã.

Vou desligar agora, meu filho acordou e está chorando desesperado. Até outro dia.

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