quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Águas no tempo de solidão

E já  se foram as águas e os tempos de solidão, se foram os homens e suas imensas incertezas, dádivas vindas e esperadas de um dia sem explicação. 

Já  estou fora de casa e das coisas que me entristecem, já fiz minha prece e parei na contra mão... ainda tenho tempo para brincar com os animais,  rodar a mais que mais do mundo que me rodeia.

Sou de onde não tem paciência, me ignoro e prefiro a paz, tenho o tamanho de um gigante e alma de um peregrino. Sou Deus e menino, marchando para o infinito.

Tenho nome de anjo e por vezes reclamo, já que vivo só, desato todo nó  do desgosto  que insisto em contar.

No que me altera, torço para que as nuvens não desabem. No céu  das flores não existem pergaminhos, e se observo o moinho; tampouco vejo minha vida passar.

E enquanto viajo o mundo  e faço de toda esquina minha casa, não sou menina rasa, dependo mais do meu coração  do que da minha alma, mas calma... quando foi que disseram que o amor não tem sensatez? Por acaso alguém vez me viu sorrir sem amar? Só  peço, mais uma vez, não me defina quando me vir chorar, ainda tinha e tenho história pra contar.

Me procuro nos detalhes da passagem das horas, o pouco que aqui demora já  me serve pra lembrar; o poeta não ama sua poesia, admira e adora os olhos de quem as lê,  tentando, loucamente advinhar  o que fez despertar.

Mas eu te quero feliz, não preciso ver, te quero feliz, só preciso sentir.

E se tu disser que tudo isso foi em vão, que todas as coisas são em vão...

Respondo que por agora, preciso ir embora, junto com as águas e o tempo da solidão.

Um comentário:

  1. Muito forte e íntimo... A vida te fez um andarilho e parece que o amor se torna um desafio em meio às circunstâncias...

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