quarta-feira, 23 de março de 2011

Há anjos que voam, que correm, que dormem, que morrem



Quarto, quatro da manhã. Relatos de um ser humano que treme ao nem ver outro.
Quarto, nem me importo com o horário, a cama parece gelada, a porta aberta, com perigo que entre bicho, e no peito só a vontade que saia de mim os bichos do meu ser.
Misturo fantasia e realidade, descompensado demais para deixar concreto o abstrato do meu pensamento, desconcentrado demais para entender o porquê. Se ainda existe, se é que existe, por que não resiste?
Confundo quarto com quatro, e a porta aberta, minha mente fechada, e você querendo sair dela, mas eu te prendo, você corre para todos os lados, encontra saída, mas não sai.
Não há explicação lógica para nada,tudo tem um ar errado. E tão errado pensar minha vida solta, sem este porto seguro, nem tão seguro assim. Mas o que é a vida, senão um monte de linhas brancas cortando um papel transparente, o que é a vida, senão a certeza da incerteza, senão a evolução lenta da inércia, senão a complicada decisão de deixar quem se quer partir, senão apenas e tão somente aceitar passivamente o que destrói qualquer muro, seja o muro da certeza ou da casa do vizinho.
Há de quanto, horas e perdão, caminhos que se separam por obra alheia do destino, são caminhos que foram escritos juntos, como estrada que Leva apenas a um lugar, mas que encontra um grande rio, rio cheio de peixes, peixes carnívoros, intocados, então o caminho se interrompe, corrompe, contorce, retorce, se separa, rio grande, distância maior, cada margem um lado do caminho, chega um ponto que não se vêem mais. Há de quanto, distancia sem perdão, muita água e descontentamento, admiro a sua arte de fingir estar bem, de bem, querer bem, o jeito que finge não, que sim, que acha que prova pra você, pra mim, acho interessante você vivendo, só, apenas, vivendo, e por dentro? Ta tudo bem? Se não estiver, apressa-te o rio há de terminar, e o caminho se junta novamente, vai ver da no mesmo lugar de antes, vai ver já passamos um pelo outro, e outra volta iremos dar, não importa, andar é aprendizado, aprenda o quanto puder. Há de quanto pensar, que tal rio é vivo, e a gente morre, fica o rio, os peixes, este sim deve, e , está no lugar errado, um acidente que teu ego aceita como a esperança, como asas de um anjo, que em pleno vôo se da conta que apenas cai, de um precipício, que se dê conta disso, antes que eu me de conta que há um anjo bem aqui do meu lado, querendo me fazer voar, mas não há, entenda o recado, que este céu azul só se sustenta enquanto há olhos pra olhá-lo e quando finalmente estes olhos se fecharem, eu espero, realmente espero em Deus, que esteja ao meu lado, e espero, espero em Deus, que quando estes olhos se fecharem, que seja apenas de sono, as quatro da manhã.

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