sexta-feira, 7 de agosto de 2020

11:50

Não é real. Toda essa situação é um sonho pintado no século passado por um pintor esquecido e insensível.
Quando o abraço vai nos fechar os pulmões? Desviar o olhar daqueles dias sob um sol forte.
 Forte? Éramos nós, mas isso nunca impediu ninguém de chorar.
Por que não diz teu nome em voz alta? Por que não me pede resposta? E vem assim, por teus meios insanos, mandando  a mais trazer lembranças.
Que falta à coragem? Acreditar no medo ou se perder em vão.
Que tem de sóbrio na rejeição? Se um "oi" ou um "adeus" vale menos que a indecisão.
Pouco importa o mecanismo das coisas, a razão pálida das escolhas. Se tudo está escrito, tudo deve acontecer. Mas se ninguém ler o que está escrito, como então vamos saber?

-Sentado, ele chorou lembrando das coisas que disse e sentiu, lembrou de sua terra e de sua amada. Lembrou do centro da cidade, da cidade central, resort, do lago e do parque... se calou por um momento.-

-Já sem forças lembrou do desespero que sofreu, sem muita calma ficou atordoado e pediu para sair.-

Para onde vai o mesmo vento que mexe as árvores à noite? Se teu corpo sofre e se modifica, e ainda assim sua cabeça ainda é do corpo de uma criança.

Os sentimentos são pontes e parágrafos, frases inacabadas, sem verbo ou sintaxe, promete explicar a existência humana, justificar o futuro e sufocar o passado. São os sentimentos a força que move o mundo, que organiza a humanidade e nos empurra adiante... Mas os sentimentos (pequenas agonias presas no peito) não tem NENHUM SENTIDO.

Olhe aquele homem ali sentado; tem tudo e nada lhe falta, sabe de si, sabe ser e sonhar, que mal há de lhe vir? Mas olhe melhor... Por que ele chora? Não devia. então... Chora por tudo aquilo que teus olhos jamais poderão ver, e pior, por tudo aquilo que suas palavras jamais poderão explicar...

Só quem sente é que sabe.

Hoje buscou minha poesia e encontrou as portas abertas, entrou devagar e se sentou sem expressão.
 E agora já tens costume com essa angústia, que já projeta o futuro menos sombrio. Quais os planos para ser feliz? 
Já parou para pensar no peso que é saber que a vida acaba e que todos os amores se vão?
A quem vai entregar tua velhice e tua companhia?... Ele diz que faz por cuidado, mas com ego ferido se imita e chora em meus braços... Pede que minhas poesias sejam suas, totalmente perdido me dá respostas vazias, mas eu também não estou tão bem assim.

E quando subo aos andares de cima, tomo um café, falo de livros e saudades. Diz ela que também não entende o porquê disso, fala de vergonha, saudade e paciência. Mas não acredita muito no que diz, nem no sorriso futuro. Pede que tudo dê certo, mas deseja sorte e "siga em frente".

Mas eu não sou tão forte assim, tenho cacos empilhados no coração e você não sabe que eu só queria ficar quieto.

Alguém deixou um porto embriagado, fez de brincadeira ou de propósito... Sabia da história e das lembranças, aproveitou um descuido e conseguiu fazer uma lágrima cair. Há milhas distantes, sem saber o porquê... Tomou um vinho deixado em sua sala, cada gole mais apontava tristeza que diversão, é como se o gosto da uva fosse qualquer coisa de angústia, como se, veja só, ao terminar essa garrafa, vá terminar o dia também.

Ora, que sorriso foi que te denunciou? que ponta de esperança é essa que aceita o fim achando que qualquer dia virá o recomeço? 
Como tem tanta certeza que o costume e panos sujos não te farão esquecer que o coração arde, louca e desvairadamente... 
Como se o céu, selvagem e constante, fosse rasgado pelo grito e o desejo, dando a entender que os humanos podem realizar tudo que pedem.

Teus olhos estão cansados, ainda que ninguém perceba, por isso, essa mistura de alegria e tristeza faz a todos enganar, mas daqui eu vejo, ainda sinto... Quando desenhava nas costas, com tua língua,frases... LINDO. Talvez nem se lembre disso, mas o que importa...

Quase meia noite e mais uma taça se acaba, no fundo dela o amor e o vinho... e eu tenho espírito de criança: Amanhã eu acordo e mais uma vez, de todo jeito, volto a sorrir.

A vida é arquitetada de quases e empilhada em porquês 



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