terça-feira, 15 de setembro de 2020

Príncipe da ilha

Quando foi em casa, eu estava em outro plano, mal acabado, aeroplanos sem asa.
Sei que me buscou e eu procurava me perder. Já fora das portas e do tempo frio, você me viu...sorriu, e não pude acreditar, eu mesmo só pude chorar.
Tive sua pena em dias escuros, dias confusos. Hoje falo de sonhos e sinceridade, de escolhas e trajetos, mas que bom ter você por perto, quando eu, vago, peno por qualquer lugar.

É que o sorriso não me deixa de pé, é que nunca estive pronto para o que der e vier... A solidão faz morada em qualquer canto do país, onde você estiver.

Não vem me dizer o que fazer com meus sonhos e minhas dores, não venha dizer que a vida nos dá escolhas nem que o tempo pode esperar. Hoje não tenho paciência para infelicidade e principalmente a espera. Não espero melhorar o dia para sair na chuva, não quero fazer curvas enquanto o braço monstruoso do tempo me carrega solto.

Não quero saber de teus defeitos indecisões, pois está claro como o fio nobre da madrugada, que enquanto teus erros não foram julgados, ainda esteve sorrindo e sentindo o trono da falta de ilusão.
Mas o destino cobra, e mesmo porque ninguém diga, teus ouvidos ouvirão, ainda que todos se calem, tua lágrima gritará.

Oh! O que tens, se tudo se perdeu tão rápido? E ainda que o gosto amargo seja pela "pacatês" da vida que escolheu, você sabe que não tem o que temer... Quando o suspiro acaba e a realidade grita mais que as paredes da casa, quando o medo tomou conta da vizinhança e você se dobrou de joelhos apavorada, quando tudo isso não for e fizer sentido, talvez, aí sim, muito talvez, você encontre a resposta que nunca quis procurar:

Se eu não  vivo o agora, o depois será vivido por outra pessoa. Se aqui ele se demora é porque queria ficar, por mais que isso doa.

Então, não há mistério, se da boca sai o desejo, se de lá te contam os segredos, NÃO importa o que seria da casa, das visitas e da realidade. Não e nunca, me preocupou o "como seria" nem o "já pensou se." nunca me acovardei às dores, delas fiz amigas e, principalmente, poesia. Mas se uns constroem pontes, outros, as derrubam e gritam "não posso passar".

Há quem carrega sua cruz, outros preferem pregar-se a elas.


Um comentário:

  1. De tudo ficaram três coisas...
    A certeza de que estamos começando...
    A certeza de que é preciso continuar...
    A certeza de que podemos ser interrompidos
    antes de terminar...
    Façamos da interrupção um caminho novo...
    Da queda, um passo de dança...
    Do medo, uma escada...
    Do sonho, uma ponte...
    Da procura, um encontro!

    Fernando Sabino , O Encontro Marcado.

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