segunda-feira, 12 de outubro de 2020

A terra das pedras

É como se faltasse algo. Me dói demais, estar no tempo e no espaço,  perdido e querendo teu abraço.  Mas sei que quer e me quer  fora dessa via láctea.

 

Esse desgosto e inquietude, há anos que isso nunca acontecia, mas hoje é um dia diferente; tenho preso na garganta um choro que sequer tenho coragem de soltar, a sensação de que agora é de vez e pra sempre. Quanto medo, meu Deus, eu tenho da vida... E preciso chorar, e enquanto penso em ter lágrimas, já tenho meu rosto molhado.

 

Feito criança penso em teu rosto (distante, mas nem tanto) balanço a cabeça e me inclino a ir, mas não vou. A vontade imensa de perder-me, de saber-me e sei lá...

 

Mas já é passada a hora, e agora queria saber o que passa na tua cabeça, se sabe ou soube, para todos os efeitos colaterais.

 

Oh Deus, de onde estiveres, mande a resposta, um sinal, aliás, se não for por mal, manda aquele sorriso ou me manda embora.

Mas por que o céu não tem nuvens? Se o senhor me prometeu paz depois da tempestade.

 

Vejo que teu rosto é uma criança, mas meu bem, perdoe-me por ser um completo alucinado, sem juízo e complicado. 

 

Sei que ao poeta lhe restam suas palavras, mentirosas e desimportantes, e eu que nunca fui poeta, me restam as palavras e todas as mentiras, quando muito me resta algo, mas hoje as palavras também me faltam e as mentiras, ditas e impensadas, agora me revelam a tua falta... 

Pobre diabo, todo ser humano condenado a ser sozinho.

Quanto de tristeza cabe num peito arrependido e condenado a viver de hoje em diante? Nada é interessante, pouco importante, diante da saudade dos domingos, dos dias quentes na sala de estar, da praça e dos momentos que esqueci.

Não lembro das minhas promessas, foram tantas, algumas nunca cumpridas e se agora pareço melancólico, tenho meus motivos.

 

Mas se eu te fiz chorar, preciso que me diga que também te fiz sorrir, pois o fim da vida é certo e eu não consigo carregar o peso dos meus erros. Se teu desejo, e intenção, é que eu morra só e não seja nunca melhor, por favor, não faça isso em oração, meu coração está perdido e não tem ideia de como seguir.

 

Se sentir nas minhas palavras, alguma verdade, de verdade, dê um jeito de me avisar. Não é que a distância seja a pior coisa do mundo, penso eu que a solidão dos pensamentos, a demoníaca solidão de estar dentro de si, isso sim, para mim é o fim. Não pior que a agonia de querer fugir de tudo que te habita.

 

Por isso mande uma carta, para mim ou meu passado, escreva no papel o que tua alma não diria nem ao céu. Olhe pra mim, diga que se importa e dessa vez bata a minha porta, só dessa vez, seria e será a última!

 

 

Peço desculpa por escrever tão sem métrica, tão sem rima, tão sem ritmo, as batidas do meu coração descompassado ditam o rumo da escrita, hora acerta, hora palpita, daí, por isso, que no meio da rima eu me preocupo com o sentido da frase, e quando a frase fica sem sentido, rimo para compensar. Estou falando de sentimentos, confusos e obscuros, imenso medo e amor, de viver assim, desse jeito ou do jeito que for.


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