sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Já que a vida segue.

 Olho o vento daqui da minha janela, sem pressa peço perdão por tudo. Sem coincidência prefiro me esconder em minhas incertezas. 

O problema está em mim, em nunca ter que ter para si o sonho de viver a realidade. Assisto meu tempo e meu propósito, mantenho ao meu redor essa aura de indecisão. Mas se há fogo no chão, também respira o céu a fumaça, daí porque, de hoje em diante, serei sereno.

Queria no adeus ter paz, queria saber que a distância e o silêncio não querem dizer e não são nada. 

Mas não dá, teu coração é pequeno e eu sou incerto. 


A verdade é que ninguém quer dizer adeus, diz porque não tem outro jeito, sinceramente adeus não deveria ser dito, cada um deveria virar pro lado e seguir seu caminho. O adeus é um ponto de interrogação que fica no exato momento e lugar onde tudo deu errado... Como se o espírito deixasse uma mensagem para os corações sensíveis:


"Olhai a mais os medos e as mentiras, poucas promessas que pairavam por sobre nós. Ilusão certa, coração abobado, firme na esperança de qualquer sorriso te fazer feliz. Ah! pendulo maldito que habita o oráculo do destino, é infame e intolerante, não dá a direção e cobra plenitude. Se fez serenata na luz pouca da lua, arruinando os passos do velho e do cansado, corroendo os palpites da pobre moça na janela. As ruas de pedras formigam fantasias, passou mais um carnaval, fez frio na tua casa. 

E não te esqueces, não te apreces, findo novembro ou iniciado fevereiro, todos esses sentimentos, ainda derradeiros, farão nenhum sentido na corda bamba da existência. Falando em promessas, aguardo meu bonde, embriagado e desconsolado, vi todos cantarem e eu mesmo não cantei... mesmo sabendo a letra de cor eu preferi prestar atenção nos que passavam e para pior, eu quem não passei."

Nenhum comentário:

Postar um comentário