sábado, 28 de janeiro de 2017

Não queria dizer isso.

Ela acordou desesperada, simplesmente por ter acordado, não fez efeito, talvez fosse defeito dos calmantes e antidepressivos.
A vida é uma fonte de água salgada que deixa amargo na sua boca todas as noites que tem que dormir, sozinha, solitária e apavorada.
Olha para os quatro cantos da parede, vê a cortina branca sobrevoar o quarto como fantasma que avisa que ela está sozinha e assim vai ser pro resta sua vida.
Ela levanta e vai em direção ao criado mudo, ambos calados, ela mais uma vez chora em silêncio, pedindo a Deus fim do tormento ou mais coragem para se matar, ou pelo menos conseguir. Queria de novo a infância ou nunca ter conhecido aquele cara, que agora transa e goza sua felicidade, enquanto ela repete para si mesma que não teria coragem de... Dessa vez, infelizmente... teve.

Acordou, atônita no hospital, não se recordava que há quase um mês atrás foi encontrada desacordada em sua cama. Não sentia dores nem angustia, quando olhou pro lado, viu um sorriso largo, com os olhos apertados, alguém que ela conhecia bem, não acreditava no que estava acontecendo, sorriu devagar e silenciosamente, pelo canto da boca, ele segurava flores, ela segurava a emoção, não podia e nem sabia o que dizer, como ele poderia estar ali? como ela poderia estar ali? quis dizer alguma coisa, quando na verdade ninguém precisava dizer nada.

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