quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Carta de um suicida

A felicidade é um engano. 
A gente só se dá conta de que está só quando descobre que sempre esteve. 
A ingratidão é espelho, espantalho e ferrão, te faz sempre a mesma pergunta:
Como pode alguém sorrir e eu não ser o motivo desse sorriso?
Basta ver no olhar falso, no ódio cego que o mundo não está fazendo bem pra gente.
Já que a coragem é todo o medo disfarçado de destemor, já que toda acomodação é sempre um quase amor; as pessoas não estão se amando, estão, desesperadamente, se agarrando umas as outras.
O amor, já que dele falamos, encontra força no sol da tarde, encontra cálice na distância, suplanta pensamentos ruins, faz dormir abraçado quem não se vê há tanto tempo.
Não é que nos falte alegria, apenas motivos para estarmos alegres.
Recebi seu telegrama, ele dizia que nada ira nos levar para além-mar, desconfiei que era retórica romântica, mas preferi acreditar, mas tão cedo e logo você conheceu o resto de você e o mundo estava aos seus pés em elogios.

Essa semana me perguntaram se eu sinto falta de alguma coisa, e agora, à beira da minha escolha, parei para pensar e, com atenção, percebi:
Nada me falta, tenho tudo, meu coração repleto deveria transbordar, mas não é tristeza exata, é só falta de controle nas coisas que teimam em não estar como a gente queria que estivessem.
Teu sorriso me fez chorar, teu silêncio me fez gritar, teu desprezo me fez reagir, mas tudo bem, vai passar o tempo e quando me procurar estarei por ai, onde sabe Deus, porque eu, prefiro ir embora.
E mesmo com todo o sono, decidiu ficar comigo.


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