domingo, 14 de fevereiro de 2016

Você

Não vou poder segurar sua mão, não vou poder dizer que tudo está bem, poderia dizer que as palavras que diríamos no plural são o que sobrou dos poemas empoeirados.
Cada dia é uma demência lenta, as cores vão perdendo, pouco a pouco, a cor, as ruas- pobre delas- não estão mais noturnas e salientes. Falta você, melhor, falta nós.

Não no teu rosto ou tua voz algo mais indistinto que o sonar sonhar dos teus delírios de uma vida feliz e poética. Há nisso tudo um desconcerto sem qualquer explicação. Não é má vontade, não é coração ruim, apenas desgosto e descontento- não se iluda, dessa vida que sempre e sempre acaba, me entrego ao melhor sol do dia, sabendo que a noite, cedo ou tarde virá- prometo não cair, de novo, em meus devaneios, me comprometo a jamais repetir os erros que me fazem e me constroem.

Sei bem o que me espera e me espanta, sei dos versos e desta esperança, amarga e fria de que um dia, eu ainda volte -consiga- te encontrar.


"Quando vieres a minha casa, não precisa despir os pés, entre devagarinho, olhe o tapete vinho que nunca saiu do lugar, a mesa que nunca é 'desposta', pelas sete da manhã, tudo quieto e inquieto...me perceba dormindo, me abrace, acaricie e me dê um beijo... Saia como entrou, sem deixar vestígios, mas deixe uma lembrança sua... seu cheiro, que quando acordar me agarrarei intimamente à ideia de que não era só um sonho"

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