sábado, 25 de março de 2017

Na colina dos dons arcais.




Dizia a carta que eu li, tua roupa escura não cura tua alma, impura dos pecados que rondam as esquinas. Tão fácil foi te levar para onde queria ir, surtar e ouvir, fingir que não gozou o dia como poderia se tocar que o som e a sombra da parede e a meia luz do quarto, quase uma fresta que olhos cansados te olhavam. Sabendo e suando que aquilo não tinha como voltar atrás, aliás, somos animais enjaulados em corpos coerentes, mentes pensantes que fingem ter controle. Foi essa a suposta primeira vez.

Lia nas palavras, que a felicidade era um bicho enorme e peludo entregue no fim de maio, e no leito, deito que deitara outrora primeiro som dos cardeais. Eram as montanhas geladas que germinavam em teu corpo, apodrecendo as mentiras mais sinceras, de que os "eu te amo" não faziam sentido ou sentimentos, que o cimento que concreta tua casa é mais sólido que esse sorriso falso na tua cara. Foi essa a segunda vez.

E não podia acreditar, se de outras tantas aconteciam, se naquela semana, maldita por sinal, o mar descontente não queria me ver, se bem que certo eram os embrutecidos, gritavam horrorizados que  eu havia me desgastado, pois quem estava com teu sangue levou alguém pra te beber, por isso dizia, nada podia fazer, que a lua e sol eram 'desastros' que te fariam espairecer, que reviver que nada, a gente tem um longo caminho pela frente, que pode ser tão curto quanto nosso pensamento, que perceber que nada, o sexo e as paixões são imãs de solidões, a gente tem mesmo é que se acostumar, porque pode ser a última vez ou nunca mais parar.

E quando estava debaixo da árvore, quase indo embora, puxou pelo braço, como um afago, fogueira, fogos e frio, e como um arrepio "tudo pode acontecer, mas antes que aconteça, ou vire página o destino, não quero ser menino nas avenças de Deus, faz disso meu pedido desculpas, que já tens o meu, diante da vida a gente pode não ter regresso, por isso te peço, daqui pra frente sermos um".
Mas tão sábio é o tocar das estrelas, que naquela noite o silêncio tomou conta da mata, esfriou a brasa... a mão escapou, graças aos bons reis, que não me fez, mais uma vez acreditar em minhas próprias palavras..

E mandei uma carta desaforada, dizendo, "olhe, agora chega":




"Se sobrou tempo, sol e essa semana
Se está frio e solitário, o mundo em tua cama
Não precisa de pistas ou propósitos, se há destino.
Se for pra ser será, mesmo que seja jamais como estará.
Meia Luz, fim de tarde, chuva e lágrimas molhando lá fora.
Quero sair enquanto ainda há sol, para que em mim não chova durante a noite.
É o entardecer que angustia, não essas ruas vazias, não minha direção sem rumo.
E se não me vir por ai, não pense que sumi, é que sua cidade é distante e eu, como disse, estou sem rumo.

O clima não acalma e a gente coloca nos braços do universo a nossa vida, o por vir, o mesmo que a gente sente, sendo muito cruel acreditar que o destino que nos separou vá nus juntar novamente."

7 comentários:

  1. Bela poesia.
    Merecemos mais.
    Quem sabe toda semana ou talvez todo dia ?

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    1. Toda semana ?
      Uma hoje ,para terminar esse dia maravilhoso.
      Quem sabe não dormir ,com um bom pensamento ou talvez não ?

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  3. Você me tira o fôlego nas poesias.
    Como não amar ,as poesias ?

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  4. Obrigado, não sei se são as mesmas pessoas, mas obrigado.

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  5. Você conseguiu passar no mestrado!!!
    Isso nem é novidade pra mim, sabia desde o princípio... Você é foda!
    Meus parabéns!
    Estou muito feliz por você!!!!

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    1. Obrigado, de verdade, só que eu não passei não rsrrssrsr ^^.
      E como sabe que eu fiz?

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