Eu já desisti de mim...

        

            Se aperto os olhos, fechados, de tanto que espero abrir, trocando as noites pelos dias, e diversas dores por alegrias. E se pinga lágrimas, eu finjo ser o vento, que trouxe um pouco de preocupação. Não sou assim como vê, tenho pressa de crescer, tenho, que entender, que flores exalam perfumes antes mesmo de desabrochar, e eu como assim, reparto as dores em mim, sendo mais do que sou, em momentos que só queria admitir que sou menino.
      Se manchada de medos teu olhar se corrompe, deitado e devido ao cansaço, merecido descanso, e manso se reclina meu penar, de versos e pedidos meu coração se aperta, com a resposta certa, de ter a duvida a permanecer, se são teus olhos eu não sei, se é teu olhar eu não sei, se é você eu não sei, se me ama não sei, se é tua voz eu não sei, se é você chegando, sinceramente, eu não sei, mas bem que poderia ser...
           Meu vinho me distancia de mim, na noite só o frio do ventilador que me aquece, e eu rindo me esqueço das dores, das flores, e das manhãs apáticas das segundas feiras de cinza da vida. Quero reconhecer meu olhar nas antenas de TV, quero regrar teu olhar ao sono meu, que os anos passaram, que eu passei, que você ainda não passou, e somente o medo, que é real, que me alegrou por nunca ouvir tua voz, pois incerteza é a compreensão de que o talvez é o sim para os que não tem esperança.
          Palavras soltas e sem pretensão me fazem refletir do que sua boca sai, do que sua boca mente, seus atos desmentem e falam por si só. Em teu pescoço há marcas, graves e constantes, e isso constantemente vinha me incomodando Chega uma hora que a gente abre os olhos e começa a enxergar de verdade, a verdade. Que qualquer sentimento é vaidade de quem não se permite crescer, evoluir. Acredito nas suas palavras, acredito mesmo nas suas palavras, mas não acredito em você, não acredito nos seus atos e principalmente no que suas palavras querem dizer.
          Sigo passos e me despeço de mim, despedaçado, por maus tratos e maus sorrisos, chego à conclusão que minha confusão é culpa minha, e você nunca foi minha, e minha vontade é diluir em soro tudo que passei, e minguar o choro, que eu realmente cansei de estarem busca de coisas que já encontraram o que buscarem e usam as pessoas como pingente de pescoço escondido no armário, afinal o pescoço já esta ocupado demais.
          E que eu não perca o romantismo, a vontade de amor, a certeza do amor, que eu não perca o brilho do teu olhar, do meu olhar, que eu nunca esqueça o quanto foi importante pra mim, e que se não faltam mais segredos, ta admito ainda há meu degredo.

Wilix Gabriel

           Conversando hoje com minha filha ela me perguntou se eu algum dia já pensei em abandonar tudo e ir morar em uma praia deserta do caribe. Logo de cara disse que não, pois as praias desertas não tem a menor graça, mas a verdade é que já quis ir pra qualquer lugar deserto, longe das pessoas e principalmente de mim, meu Deus como eu fui covarde e omisso, quantas vezes eu devia ter seguido em frente e recuei, e quantas vezes eu devia ter desistido de tudo e continuei, e continuei devendo desistir. E agora o que falar pra minha filha, porque falar é fácil, dizer o que ela deve fazer, mas e eu? Fiz o que digo agora? Como diz Cazuza “Tuas idéias não correspondem aos fatos” E eu perto de um ser tão pequeno me sinto um farsante.
           Pergunto a ela se ela já teve essa vontade e ela me responde “ Não pai, acho que as praias desertas devem ser ruins” Fico sem entender muito bem, se era um teste, se o porto seguro dela algum momento podia ter vacilado, e eu imagino se realmente devo passar essa imagem de alguém inabalável e que nunca erra, para que ela pudesse nunca ter medo, ou deveria, eu, passar o humano que sou, e permitir que ela erre tanto quanto eu, pra decidir mais tarde que ser humano será.
             Não cheguei a conclusão lógica e nem há moral na história, o fato é que quando as pessoas falam algo e agem diferente, estas querem passar algo que queriam ser ou queriam que fosse verdade, e quando agem de uma forma e falam diferente, estas pessoas são como crianças que repetem aquilo que os pais dizem, mas que nem sempre fazem o que as palavras dizem.
         E ficando grande demais, torço pra que minha filha não transforme sua alma em um deserto, assim como fiz no passado, torço pra que ela tenha o poder de decidir sua vida e suportar os desertos que, com certeza, irá enfrentar, e por isso, por hora, pretendo ser o porto seguro na praia deserta que ela escolheu estar.

Jorge da Lua Calliu

        Estranho estar aqui, olhando a lua da janela do quarto da minha mãe. Em outros tempos, é difícil você olhar pra cima, a não ser na hora de ir pra casa. Na verdade, parece que cada vez que a gente olha pra lua, fica perto de todo mundo que tá longe. E distância é coisa feia, que se arrasta pra perto da gente, fazendo doer a alma e arderem os olhos.

         Dia desses pensei que ela poderia existir para darmos valor a quem tá perto. Ah! Mas "precisa de tu não"! (No maior estilo forró pé-de-serra) Quem tá perto a gente também valoriza. E dá vontade de abraçar, de beijar... E ficar cada vez mais perto.

          E quando não tem ninguém por perto, o dia fica cinza. Assim como a sua segunda. Pra mim, pode ser qualquer dia da semana. Até domingo ensolarado... Porque não é fácil estar longe.

      Pensei (sinceramente) em falar de muitas coisas... Mas sei lá... Essa distância que faz a gente esquecer do quanto que ficou perto, também me fez esquecer do romantismo, da  verdade, das confissões...
Então, vem cá, senta aqui e deixa eu deitar no seu colo pra olhar a lua.

Esperando você sentar,
Olívia.