Transcendência

       Às vezes é preciso sair. Sair de si, respirar outros ares, repensar. Ver outras cores, outras casas, outros fatores. "Vezenquando" é preciso tirar outras fotos, de ângulos diferentes, com cores diversas. A gente precisa, às vezes, de um copo de água, pura e límpida. Uma comida estranha. Encaixar em outros olhares, sentir outros perfumes.
        Para transcender, a priori, é preciso parar. Sim, parar! Assim, e só assim, a gente pode seguir em frente. Mas, talvez, todas as coisas diferentes que provamos não sejam permanentes. Podem ser efêmeras, uma prova, um teste, e só. Para sorrir, transcenda. Saia de si. Ou, apenas, saia do seu quarto.

Sentada na escada da minha casa,
esperando a luz acender para subir,
 Olívia.

       Muitas vezes eu acreditava que para entender meus problemas, ou mesmo resolve-los, eu precisava sair um pouco, ficar sozinho, mas quando ficava só, percebia que só mesmo eu ficava era com meus problemas, e sozinho a gente não consegue nada! Quando tudo estava bem pra mim eu achava tudo legal, toda piada engraçada, toda desgraça superável, e de repente, mudava minha postura, sempre que as coisas iam mal, piorava meu jeito de ver as coisas, consequentemente meu modo de agir.
E atingia as coisas como se elas fossem meus problemas “Qual o problema com isso?” e a resposta dentro de mim o tempo todo.
          Descobri tarde demais, e isso não é recado de quem tem experiência, que eu podia ser a solução para todos os meus problemas, e eu era todos os meus problemas. E o pior era que sempre dificultava as soluções externas, das pessoas que insistiam em me colocar pra cima. Hoje estou bem, e consigo ver tudo “legal”, amanhã se caso algo ruim aconteça, espero ficar assim como estou, “legal”, ou pelo menos, escutar as soluções externas, porque se sair de nós mesmo é uma boa idéia, ouvir quem sempre esteve “fora da gente” é uma idéia melhor ainda.

Jorge da Lua Calliu