Cólera colateral.

Não sei se vou entender, não prestei atenção em como as pessoas me enganavam, eu apenas sorria, achando que estava tudo bem, que não podia me magoar facilmente.

Eu sinto quando não querem minha presença, e dizem sentir minha ausência.

E não me suporta o temor de não ter onde me acalmar;

Não deveria ficar triste pelo que já sei, pelo que já sinto, pelo que já sou, sendo neste estado constante de um eterno à espera.

E você me pergunta se estou bem, se nada me faz perder o chão, se tudo está tranquilo, e se não andei por ai de cabeça baixa pensando em tudo que me fez.

Você me perguntou se estou feliz, e torceu o nariz quando fui dizer a verdade, que passei dias chorando e precisava de consolo, e acha que a causa disso tudo é invenção da minha cabeça.

Perguntas-me por que ando tão mal, mas sem se compadecer, você sorri e me dá as costas e vai dançar, na noite, na rua, e eu ainda de boca aberta pra dizer tudo que sinto, fecho e digo sem dizer “ deixa pra lá...”

Vou me calar, vou me deixar perceber, eu não sou um pássaro, por acaso vago por ai, esperando mais das pessoas e mais de mim, mas mesmo assim confio nos sorrisos e palavras, sem saber que estes escondem um pouco de mentira.