quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Pouca coisa muda...


“Quem é você que se esconde atrás de um nome qualquer?”
Falta um dia pra meu aniversário, e se alguém tiver a curiosidade vai notar que a postagem de um ano atrás é bem diferente dessa.
Foi um ano difícil, verdade, mas de conquistas e superações, de perdas sem iguais, perdi mais do que ganhei, mas as perdas me fizeram dar mais valor as poucas coisas que tenho!
Tenho certeza que se voltasse no tempo faria tudo diferente, pois sei que a vida é tão frágil, tão rara. E eu estou aqui, mas nem sei onde amanhã poderei estar.
Lembro que há exatamente um ano atrás eu estava na cidade de Nazaré das Farinhas, a trabalho, era véspera do meu aniversário e eu sabia que no dia do meu aniversário ainda estaria lá, as coisas não iam bem, olhava pra o teto da pensão de madeira, a janela, lugar por onde passava a única ventilação daquele calor, meu Deus, onde estou, por que estou? o que aconteceu comigo?
Esperava muita coisa, surpresas, ligações, presentes, aparições, sumiços, enfim muita coisa. Não foi tudo como eu quis, resolvi as questões de trabalho e fui tomei rumo de casa. Cheguei em casa a tarde, ninguém em casa, procurei e encontrei meus pais. Nada de anormal, por fora tudo calmo. Dentro de mim, inquietações terríveis.
Hoje, nesse ano após, sei que não há mais inquietações e nem estou ansioso, não espero nada além de um dia normal, com as mesmas pessoas do ano passado, as presentes e as ausentes. Claro que agora terei as pessoas desse ano, amigos sinceros e raros.
Então agora falarei pra mim:
Wilix Gabriel, sei que é a mesma pessoa, mas até os nomes diferenciam quem te chama, foi dura a caminhada, vacilou bastante, mas as vitorias vieram, derrotas esquecidas, procura agora um novo rumo. O ciclo fechou. Toda sorte do mundo pra você, pois não basta acreditar no que dizem, seu coração pede uma coisa, mas sei que aprendeu a ouvir a razão. Mas por favor não repita os mesmos erros, e volte.

Um comentário:

  1. EU PARTICULAMENTE NÃO GOSTO DE ANIVERSÁRIO,ME ASSUSTA E ENCANTA OS ANOS PASSAREM,MAS INQUIETAÇÕES SEMPRE APARECEM COMO FANTASMAS SÓLIDOS DA EXISTÊNCIA,MAS LHE DESEJO FELIZ ANIVERSÁRIO ANTECIPADO COM UM POEMA MAGISTRAL:

    ANIVERSÁRIO

    No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
    Eu era feliz e ninguém estava morto.
    Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
    E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

    No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
    Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
    De ser inteligente para entre a família,
    E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
    Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
    Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

    Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
    O que fui de coração e parentesco.
    O que fui de serões de meia-província,
    O que fui de amarem-me e eu ser menino,
    O que fui --- ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
    A que distância!...
    (Nem o acho...)
    O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

    O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
    Pondo grelado nas paredes...
    O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
    O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
    É terem morrido todos,
    É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

    No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
    Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
    Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
    Por uma viagem metafísica e carnal,
    Com uma dualidade de eu para mim...
    Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

    Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
    A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça,
    com mais copos,
    O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado---,
    As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

    Pára, meu coração!
    Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
    Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
    Hoje já não faço anos.
    Duro.
    Somam-se-me dias.
    Serei velho quando o for.
    Mais nada.
    Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

    O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

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